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Mostrando postagens de fevereiro, 2021

A bela e a fera

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  Walter Casagrande Junior, o Casão jogou muito no meu Corinthians. Qualquer um pode acessar um vídeo no YouTube e confirmar que ele foi um cara legal, além de bom jogador. Quando ele começou a trabalhar na Rede Globo, algo não combinava: a Globo, uma emissora sempre ligada aos poderosos e apoiadora do Governo Militar, que ele tanto contestou com a Democracia Corinthiana; Casa, com suas firmes posições políticas, era despojado, não se enquadrava em “padrõezinhos”.  Pois na emissora, ele não apenas vendeu sua força de trabalho, soltando comentários óbvios de futebol. O ex-jogador se enquadrou no “padrão” Global. Hoje, o que surpreende é ele não participar daquele número musical de Ano-novo cantando “Hoje é um novo dia...”, ir, de branco, ao especial de fim de ano do Roberto Carlos ou concorrer no Dança dos Famosos. Até aí, seu passado de jogador suplantava seu presente. Mas ele resolveu ser um “lacrador” de Twitter. Ele não tem critério, cai em contradição sem constrangimento algum. Ele

Simplesmente Beavis 🔵

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Estávamos em cinco, voltando da Broadway - não de Nova York, mas sim a casa noturna da região da Barra Funda. Um silêncio absoluto, parecido com o Beavis. O Beavis só se manifestava quando estava revoltado com alguma coisa ou quando precisava destruir algo. Eu escrevi “precisava” porque ele, apesar de viver num silêncio existencial, não consultava ninguém, simplesmente fazia o que desse na cabeça. E nunca vinha ideia edificante. Sempre terminava com prejuízo e o revertério era isonômico e democrático, pois era repartido entre todos. Foi assim, nessa noite. O ‘ hot dog’ da porta da Broadway já era passado, bem como a euforia da balada, só restava o relativo silêncio de uma São Paulo que não dorme, mas diminui o ritmo.  Algumas sirenes e buzinas interrompem a impressão que a cidade descansa. Entramos no terminal rodoviário, que servia de caminho para o Metrô. Faltava pouco para os trens começarem a circular. De repente, um estrondo breve, mas ensurdecedor, feriu o silêncio inebr

Até tu!

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  Ozzy Osbourne foi vacinado contra a Covid-19 e disse estar “aliviado”. Sinceramente, eu esperava que minha avó desse essa declaração. O Ozzy (maldição!) levou uma vida que faria qualquer rockstar repensar se está cometendo excessos. Definitivamente, o cantor é um sobrevivente. Comum seria a notícia: Ozzy Osbourne ficou furioso ao descobrir o conteúdo da seringa. O Príncipe das Trevas sofre de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Tanto a chegada da doença, como seu alívio ao tomar a vacina, são normais para alguém com 72 anos. Ele é, sem dúvida, um sobrevivente, ao qual os vícios foram cessando à medida que veio a idade. É difícil admitir que o cara que se entupia de álcool e drogas, cheirou uma fileira de formigas e, diz a lenda, mordeu um morcego, tenha entrado na fila de idosos do SUS britânico para tomar o imunizante. Uma “penca” de roqueiros viraram arquétipos, alguns até folclóricos, do que é ser um rockstar . Seja no estilo de vida autodestrutivo, seja na autodestruição

Fogo no Parquinho

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  Kim Kataguiri surgiu com um vídeo criticando o Bolsa Família. Essa foi a credencial para ser cofundador do Movimento Brasil Livre (MBL). O MBL é um grupo - espécie de boyband política - que ajudou a derrubar Dilma. O MBL vem derretendo porque se revelou um PSOL kids , no mínimo um PSDB mirim. Inteligente, participou de debates, palestras e foi convidado para entrevistas. Os Congressos MBL tinham bons palestrantes e também uma fauna estranha de políticos. O grupo foi alvo de prisões e investigações, bem como deserções que já atingem a cúpula. A turma, que era atacada pelos “progressistas”, hoje, também sofre uma investida, até mais incisiva, dos conservadores. Logo que chegou à Câmara, desavisado, quis se candidatar à Presidência da Casa. Este ano, se candidatou novamente. A meta era obter apenas o seu próprio voto. Resultado: perdeu, mas dobrou a meta. Só que o japonês promissor, vítima da endemia do poder, foi picado pela mosca azul; ou, tomando uma trivial bebida com Marcelo Freix

O Último Carnaval 🔵

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  Numa cama de hospital, em 2009, eu balbuciei à enfermeira: “ano que vem, no centenário do Corinthians, vou sair pela Gaviões da Fiel, no Anhembi”. O hospital estava ficando vazio e silencioso. Era sexta-feira de Carnaval, a enfermeira, acostumada com aquele nível de delírio, achou que eu era mais um paciente com mania de grandeza, entupido de remédios. Deu um leve sorriso, fez que concordou com aquele absurdo e saiu do quarto. No ano seguinte (2010), 100 anos do Clube do Povo, estávamos minha irmã, meu cunhado (de novo!) e eu, num ônibus velho, rumo ao Anhembi. O samba-enredo iria contar a história do centenário. A fantasia era um tanto ridícula, desfilar é ridículo, o Carnaval é ridículo, a Quarta-feira de Cinzas é ridícula. Durante essa festa, é permitido ser ridículo sem explicar o porquê. Pois bem, a fantasia, que parecia uma roupa de presidiário, era composta por um inexplicável chapéu e uma placa com a inscrição: “Abaixo a Ditadura”. Essa é a minha descrição; uma  descrição mai

Moça Fiesta

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  Joice Hasselmann é uma personagem relativamente nova na política. Nova, mas com velhas práticas. Pior, achando que engana velhas raposas. Ela acha que faz acordos, ora com Deus, ora com o diabo. De traição em traição ela não vai longe, pois ninguém tolera gente assim. Joice Hasselmann é formada em Jornalismo, e foi como apresentadora da TVeja que a conheci. Se dizia “de direita” e batia forte em tudo que parecesse ser “de esquerda”. Dialogava com a chamada Nova Direita e se apresentou como linha de frente do bolsonarismo. Se elegeu, como vários, na aba do Bolsonaro e navegou com ventos conservadores, que eram os mais favoráveis. Ser conservador é ter honra, moral, caráter, coragem e outros valores abstratos; ser conservador não é fazer arminha com a mão, achar que bandido bom é bandido morto e achar que o mundo é dividido entre pessoas de bem e os outros. Nossa heroína é tão conservadora quanto um pote de picles . Assim, foi eleita deputada federal.  Alguns calcularam mal a “b

Sai, coisa

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  Desde que Rodrigo Maia foi impedido de se reeleger (foi presidente da Câmara desde 2016), se estrebucha e faz muito barulho nos estertores do seu mandato como presidente da Câmara dos Deputados. Cada dia foi aproveitado, pelo Nhonho, como se fosse o último. Finalmente ele se foi, não fazendo nem seu sucessor. Se o carioca votar conscientemente, Maia, que não tem popularidade, nunca mais será eleito, nem sequer para vereador.  Esse sujeito é a síntese do que há de pior, de mais atrasado na política brasileira: o toma lá, dá cá, o “me ajuda a te ajudar”, o jeitinho e as tais “articulações”. Ele arrasta consigo acusações de lavagem de dinheiro, caixa três (!) e corrupção (Botafogo, seu apelido na planilha da Odebrecht).  Maia deixará em paz os aviões da FAB (Força Aérea Brasileira), que diversas vezes levantaram voo sem utilidade pública, de modo que terá que superar o medo de aviões de carreira e estabelecer contato com o povo, nos saguões de aeroportos. O deputado voador engavetou (“s

Leite condensado de direita

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  V de vacina, de vitória e verdade. A patética encenação do slogan , protagonizada por João Doria, mal executada pelos ex-presidentes Michel Temer e José Sarney, virou outdoor no Mato Grosso do Sul. Sim, propaganda do governador de São Paulo espalhada por outro estado. Curioso slogan que exalta a distribuição de uma “vacina” (que não imuniza) com apenas 50,38% de eficácia (talvez seja menos); usar a palavra “vitória” foi um ato falho, muito revelador para mostrar quem realmente politizou a pandemia; e, finalmente, “verdade” é um termo que não combina com o Doria. Só se fosse sinônimo de mentira. O “V” do Doria é o de vergonha, vigarista, vitupério ou vingança. Empurrando uma vacina, que esconde acordos escusos com a China, o governador foi implantando medidas impopulares: lockdown , aumento na cobrança de ICMS para alguns setores; fim da gratuidade no transporte público (60 a 65 anos); etc. Não só a oposição, mas derrotados na eleição e outros oportunistas, têm forçado uma ocasião d