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Mostrando postagens de outubro, 2021

Instituto Médico “nada” Legal 🔵

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  O calafrio para entrar naquele lugar já avisava que quase todos teriam uma experiência terrível, jamais vivida. O contato com a morte — real, sem abstrações e sem parecer coisa de filme de terror — traz reflexões. Na antessala, o odor fétido e frio anunciavam algo muito desagradável atrás da porta. O que temíamos, apesar de óbvio, se concretizou: vários cadáveres. O que vi foi uma cena do filme Museu de Cera, a grande novidade é que eu seria o Vincent Price. As histórias de terror pareciam ganhar vida, pois alguns defuntos pareciam me encarar, inclusive um que, mal ajeitado, se moveu. Foi só o início do nosso estágio no Instituto Médico Legal (IML) Central de São Paulo. O cheiro pútrido e a visão anunciavam como seria o “passeio”. No pacote estava incluso: abertura do crânio (com serra Makita), conhecimentos de anatomia e armazenamento de corpos. Pronto, agora posso dizer que excursionei para o Playcenter, Bienal do Livro, Zoológico de SP, Teatro Brigadeiro, Programa do Bozo e… IML.

O Blogueiro Bolsonarista e o Empastelamento

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  Alexandre de Moraes perseguiu Allan dos Santos de várias maneiras. Apesar da perseguição kafkiana e da fuga, até então, bem sucedida, a censura disfarçada de captura pode chegar ao fim. Allan, jornalista, chamado, pejorativamente, de blogueiro bolsonarista, é um dos fundadores do canal do YouTube Terça Livre. A liberdade, coragem e qualidade do canal trazem informações que não se encontram em nenhum outro lugar. Resultado: mesmo com baixo orçamento, o Terça arrastava uma grande audiência fiel. Essa nova empresa de comunicação, com viés abertamente conservador, também influencia na política. Ou seja, mais um motivo para incomodar a velha imprensa. A implacável busca provavelmente envolve interesses ocultos. Esses interesses não permanecerão ocultos por muito tempo, já que é fácil observar a movimentação (forçada) próxima às eleições. Busca e apreensão, CPI, “cancelamento” promovido pelo Sleeping Giants , fuga e retenção de plataformas de pagamento e retirada de canal do ar, fo

Bastidores do Brasil #

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  É óbvio que a primeira impressão que dá é que o desenho é apenas mais uma cópia de South Park . Mas a criação do policial Ricardo Cruz tem um resultado, ao contrário da primeira impressão, bem original. O canal de desenhos animados se chama Bastidores do Brasil . Feitos num celular, os desenhos não são muito animados na movimentação, mas sim no roteiro, que, além de divertido, é criativo, informativo e parece reproduzir exatamente o que é conversado nos bastidores de Brasília. Os episódios traduzem tão bem o que mais está “bombando” na política brasileira, que a impressão que fica é que o jornal é dispensável para se inteirar, pelo menos naquele assunto abordado. Além disso, o acesso à internet, o crescente interesse por política, o descrédito na  velha imprensa, a coragem dessa molecada para contestar e a facilidade para criar conteúdo origina não vão deixar os políticos agirem nas sombras. Nunca mais. A estratégia de Antonio Gramsci deu muito certo, o pensamento esquerdist

Guarabyra vai às compras 🔵

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  Meu cunhado, meu irmão e eu fomos ao supermercado. Sim, enquanto as mulheres e as crianças estavam no Parque da Mônica, no Shopping Eldorado, fomos comprar algo no super..., não, hipermercado. Até aí, tudo bem normal. Normal, até passar, empurrando um carrinho, o Guarabyra. Calma! Antes que você pergunte o que é, onde vive e do que se alimenta um guarabyra, eu explico: é o cabeludo, com aspecto de índio americano em constante estado meditativo, da dupla “woodstockiana” de rockrural/folk Sá & Guarabyra. Nada demais encontrar alguém famoso num shopping de São Paulo. O mistério era: o que o músico bicho-grilo fazia na “meca” do consumo porco, no templo do capitalismo selvagem? Logo Guarabyra, que entoava canções singelas como Cheiro Mineiro de Flor, Estrela Natureza, Trem de Pirapora, Atrás da Poeira, Outra Vez na Estrada, Coração de Maçã, Pássaro, Harmonia e Meu Lar é Onde Estão Meus Pés. O sujeito que eu imaginava encontrar num lugar bucólico, uma estrada poeirenta de São

Pizza em Nova York

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  É com entendimento sociológico, antropológico e histórico que vejo a celeuma e indignação com que brasileiros viram a fotografia do Bolsonaro devorando um pedaço de pizza barata em Nova York. Para piorar o cenário, ele realizou essa horrível tarefa na calçada, em pé e com a mão. Na necessidade fisiológica básica de aplacar a fome, ele se comportou como um reles mortal, não obedecendo a tal “liturgia do cargo”. Segundo os detratores de plantão, o presidente entregou uma imagem ruim do País. Curioso é que quem conhece “a cidade que nunca dorme”, disse que tudo isso é muito normal. Os críticos, com predisposição a súditos, sentem saudades das cortes que torravam cartões corporativos com hotéis estrelados e restaurantes conceituados. Deslumbrados como novos-ricos “andando de avião”. As condições não foram recebidas como “dignas de um chefe de Estado”. Acredito que Gilberto Freyre atribuiria o episódio à subserviência ancestral do habitante do país tropical. Quando Dom João VI desembarcou

Viciado em Mimeógrafo 🔵

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  Short, camiseta, bonezinho, meia, tênis Conga, lancheira e uma sacola azul. Assim, eu era despachado para o pré-primário. Tem mais: garrafinha com suco de laranja e um pão com mortadela ou um pacotinho de Lanche Mirabel. Pronto, agora sim eu pareço uma criança dos anos 80. Não diria que pão com mortadela seja saudável, mas, perto do que seria o primeiro vício (no meu caso, único) de qualquer pirralho oitentista, o inocente sanduíche escondia o incomum entusiasmo estudantil. A ameaça tóxica e totalmente incorreta era o inesquecível mimeógrafo. O aparelho, pai da fotocopiadora e avô da impressora, multiplicava os desenhos para colorir. Até aí, beleza. Acontece que a geringonça era abastecida com álcool. O cheiro do líquido impregnava em toda a sala de aula, inclusive no pátio, inclusive na cozinha, inclusive no banheiro, inclusive no escritório, inclusive na rua... A distribuição da folha era uma inocente permissividade, um experimento antropológico, a própria implementação da

Canção Triste 🔵

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  A canção mais triste que existe se chama “Tra lá lá lá oh”. O título é enganoso, porque sugere que vem algo alegre. Mas trata-se do acontecimento mais deprimente transformado em música. Eu já ouvi letras de abandono, de assassinatos, de todos os naipes de tragédias amorosas e familiares, mas isso foi um desastre ecológico - que faria Greta Thunberg e Leonardo DiCaprio chorarem no banheiro deitados em posição fetal. As crianças, inocentes, não só ouviam, como eram obrigadas a cantar a calamidade pública. Tudo isso em tenra idade, no pré-primário. A letra era isso: As flores já não crescem mais, Até o alecrim murchou, O sapo se mandou, O lambari morreu, Porque o ribeirão secou! Na época, o agronegócio era um sonho, e a transposição do Rio São Francisco, quase  impossível. Deu no que deu! Essa catástrofe da fauna e da flora consistiu em:  ▪️ uma flor (que serve como tempero) que não vingou, por falta de água; ▪️ o sapo, como um gato mal alimentado, pulou, literalmente, pa

Canção Cruel 🔵

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  Canção Cruel é o que aprendíamos a cantar na infância politicamente incorreta. A letra de “Atirei o Pau no Gato” é uma das coisas mais horríveis em termos de crueldade animal. Quem cantarolou isso teve muita sorte em não tonar-se um psicopata. Essa cançãozinha deve ter  embalado inofensivos sonos do Maníaco do Parque, comprovando que o sleeping learning (aprendendo dormindo) pode ser efetivo. Transmitir informações para uma pessoa adormecida também forma caráter. A letra é um “beabá” do crime. Original: Atirei o pau no gato Mas o gato não morreu Dona Chica admirou-se Do berro, do berro que o gato deu Miau! A suposta música infantil narra a frustração de uma criança (futuro psicopata) por não ter dado um fim no pobre animal. O felino ainda dá um desesperado grito, diante de uma pusilânime Dona Chica. Esse traço comportamental (maus-tratos animais) é um indício de psicopatia. Bem depois, foi lançada uma versão politicamente correta. Não sei se isso é apenas um sintoma da

O Maior Vendedor do Mundo

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  O título deste texto não se refere ao livro do escritor italiano Og Mandino. Eu me refiro a Luciano Hang. Conhecido como “O Véio da Havan”, ele veio da Havan, vestindo um paletó verde com gravata amarela. Ele adentrou o recinto, parecendo um besouro exótico ou o Grilo Falante para estrelar a Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, ou mais adequado, a CPI circense. Dono da rede de lojas Havan, ele foi convidado para depor na CPI. O convite foi feito a contragosto de alguns senadores, porque, é lógico, ele aproveitaria essa oportunidade para propagandear sua loja e a si no Inquérito que revelou-se uma afinadíssima catapulta eleitoral. Com efeito inverso, Omar Aziz, Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues, Otto Alencar e Simone Tebet quanto mais falam, mais têm suas imagens arranhadas. Esta última, na minha opinião, foi quem mais saiu perdendo. Luciano Hang, conhecido pelo estilo espalhafatoso e chamativo, não desperdiçou a rara oportunidade de divulgar sua loja gratuitamente e sua p