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Mostrando postagens de novembro, 2021

Sara

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  Seus detratores a chamavam, pejorativamente, pelo nome de batismo, Sara Giromini, mas ela preferiu assumir uma personagem conhecida por Sara Winter. Sem ser artista, mas com nome artístico, ela entrou de corpo e alma em todas as paradas, mesmo que visivelmente opostas. Foi feminista radical do grupo feminista ucraniano Femen. Feminista com pautas assustadoras, dessas que aparecem seminuas, gritando, interrompendo grandes eventos, segurando cartazes provocativos e sendo retiradas pela polícia sob surras de cassetete, jatos d’água ou spray de pimenta. Ás vezes, todo o arsenal da polícia era empregado para dissuadir as aguerridas moças de suas lutas. Nessa toada, a loira percorreu o circuito completo — e lacrador, porque a imprensa era interessada na “causa” — de entrevistas no Brasil. Mergulhou com tudo. A grande surpresa foi quando Sara Winter reapareceu em sua nova configuração: conservadora, contra o aborto, bolsonarista e mãe. Fez campanha para o presidente e, falando bem o

A péssima arte 🔵

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  Jules e Jim, filme de 1962, do diretor François Truffaut, no CineSesc. Apesar de a ideia de assistir ao filme “cabeça”, do diretor “cabeça”, na sala de cinema “cabeça” ser minha, teria que fingir, novamente, para minha namorada, que eu era um cara “antenado” e me amarrava em filmes de diretor, iranianos e outros muito exóticos. Sabia que aquela seria minha missão mais impossível. O roteiro já estava arquitetado na minha mente: assistiria à obra fazendo cara de crítico de cinema; depois, no café, comentaria, com afetação blasé , (aparentando completa indiferença), fotografia, interpretação, trilha sonora, figurino etc e citaria grandes cineastas — desses que “pega bem” citar, mas poucos veem. Exemplos: o próprio François Truffaut, Federico Fellini, Jean-Luc Godard, Ingmar Bergman, Jean Renoir e Fritz Lang. Acredite, isso é muito esforço para quem tem como background a Sessão da Tarde, Tela Quente e blockbusters em geral. Com muito esforço mental, poderia citar Steven Spielberg o

Touro de Ouro

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  A B3, Bolsa de valores do Brasil, em São Paulo, ocupa um prédio discreto na rua 15 de Novembro. O importante endereço capitalista só não passava despercebido apenas por investidores. Quase todos os transeuntes simplesmente ignoravam o que acontecia no imóvel do Centro Velho, quando não o confundiam com uma agência bancária qualquer. Mas isso já mudou com a presença do Touro de Ouro. É notória a presença do “animal” de bronze em Wall Street, bolsa de valores em Nova York, Estados Unidos. Agora temos um menos ameaçador touro. A nossa réplica possui traços mais amigáveis. Embora o nosso bichinho exiba feição mais simpática, na verdade esse aspecto parece refletir os poucos investidores e a grande aversão ao risco abaixo do Equador. Como é tradição nos EUA, o nosso bravo bovino, de cara, começou uma interminável sessão de fotos e massagens numa parte remota de sua anatomia (dizem que dá sorte).  No entanto, o nosso touro capitalista sofreu um burro ataque de vândalos. Apesar de id

L’etat c’est moi

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  José Dias Toffoli cometeu ato de sincericídio, acordou se sentindo Luís XIV ou achou que o Brasil ainda fosse colônia de Portugal. Lá na terra dos nossos antigos colonizadores, Toffoli, num rompante ególatra, disse que o STF exerce, também, a função de Poder Moderador, no Brasil temos um semipresidencialismo e é difícil ser presidente no Brasil. É comum, no País,  não respeitarem as decisões populares. Exemplo: em 2005, em referendo, o povo votou a favor da comercialização de armas, porém, demonstrando profundo desprezo por decisões populares, foi estabelecida exclusividade a ladrões, traficantes e milicianos. Respeitando a decisão popular, nossa forma de governo é republicana e o sistema, presidencialista. Isto foi decidido no plebiscito de 1993 e está na Constituição, no entanto, Toffoli tem sua própria Constituição e, depois de lê-la no banheiro (só pode ser), resolveu instituir o semipresidencialismo. Ressuscitando o Poder Moderador, que, segundo os livros de História, to

Lula e Alckmin — Teatro das Tesouras

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  Não resta mais dúvida. Para quem atribuía a menção da expressão “teatro das tesouras” a uma “teoria da conspiração” a simples ideia da chapa presidencial Lula/Alckmin prova a veracidade da teoria. Os partidos PT e PSDB têm praticamente a mesma ideologia, a diferença é que um é sindical e o outro, universitário, respectivamente. Além disso, o PSDB defende, demonstrando certa vergonha, as privatizações — sendo xingado, do ponto de vista petista, de neoliberal — e austeridade fiscal. O PSDB é, muito porcamente resumido, um PT de banho tomado e paletó. Dando mais ênfase nas semelhanças, PT e PSDB sempre enganaram, representando o “teatro das tesouras”, fingindo antagonismo enquanto eram, na verdade, aliados. Dessa maneira, mesmo havendo ódio a um ou outro, a corrente ideológica canhota se perpetuaria no poder. Nessa enganação, os tucanos se disfarçaram de “direitistas”. A produtora de vídeos Brasil Paralelo tem uma série de filmes com o título O Teatro das Tesouras que retrata a

O Quadro 🔵

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Da Vinci, Picasso, Edvard Munch, Dalí, Portinari, Tarsila, Rembrandt ou Michelangelo. Nenhum pintor conseguiu o que alguém alcançou com um simples quadrinho comercial e produzido em série. Dizem que a arte tem que chocar; esse quadrinho literalmente chocou. A Gioconda (Mona Lisa), Guernica, O Grito, A Persistência da Memória, Os Retirantes, Abaporu, A Lição de Anatomia do Dr. Tulp e A Criação de Adão, nenhuma obra me disse tanto quanto um quadrinho desbotado pelo tempo. Óleo sobre madeira; óleo sobre tela; óleo, têmpera e pastel sobre cartão ou afresco. Isso nunca importou. Acho que foram fabricados muitos quadros iguais àquele, mas aquele simples quadrinho é o que importa. 1503-1506, 1937, 1893, 1931, 1944, 1928 ou 1508-1515, nada tão antigo. Aquele retrato emoldurado para atender uma demanda muito específica; a imagem comercial feita mais recentemente; a mensagem de apelo emocional acertou em cheio. Museu do Louvre, Paris (França); Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madri (Es

Doutor Castor #

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  De aparência frágil, era o velhinho que qualquer um logo cederia o lugar no ônibus. Mas com Castor de Andrade a aparência enganava. Figura típica de um Rio de Janeiro que não existe mais, se envolveu com futebol, carnaval, jogo e tudo que vem junto. Mafioso, ele foi malandro perigoso, mas bonachão, alegre, bem relacionado e participativo. O documentário Doutor Castor é um retrato dos anos 70, 80 e começo dos 90, mostrando os estertores do que um dia foi “o país do futebol”. O Bangu, time de futebol, alcançou seu auge durante o período do folclórico presidente de honra e financiador. Estilo “paizão”, Castor pagava um gordo bicho (prêmio por vitória) em espécie, às vezes, adiantado. Também foi a tradução perfeita de um “cartola” do futebol, desses que invadiam o campo para “pegar” o juiz ladrão. Advogado, porém filho e neto de gente envolvida com a jogatina, preferiu continuar os negócios da família, muito mais lucrativos, embora perigosos. No jogo do bicho só dava Castor. Capo

Fiat 147 amarelo — “Eppur si muove” 🔵

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Quando a idade para dirigir um carro é atingida, qualquer coisa que se mova se torna objeto de desejo. E foi com qualquer coisa que meu amigo surgiu. Meu amigo anunciou, orgulhoso com a conquista: “Eu comprei um carro!”. Concluí que a conquista seria muito boa, um divisor de águas, um rito de passagem. Olhei para a esquerda, nada. Olhei para a direita, nada. Olhei para a frente, só havia um Fiat 147 amarelo. Pela empolgação, não podia ser o Fiat. Era. O simpático carrinho deveria ser tão velho, que não tinha GPS, poderia ter, no máximo, um astrolábio. Contudo, aquele objeto andava, isso era o suficiente. Um pouco de combustível era o bastante. O veículo era modesto, mas significava um “sonho de metal” que andava! Passamos pela rua principal do bairro. Suspeito que aquilo despertou a curiosidade de quem estivesse a uma distância considerável dali.  A cor e o estado do veículo chamavam a atenção de todos. Éramos bem conhecidos, e meu amigo fazia questão de “avisar” que estávamos passando

“Você me ajuda, eu te ajudo”

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  David Samuel Alcolumbre Tobelem, senador conhecido como Davi Alcolumbre (DEM-AP), saiu do anonimato e, com a sorte de ter concorrido com Renan Calheiros, chegou à presidência da Casa. Acabando o mandato, com a inconstitucionalidade da reeleição, apesar da tentativa, ele não se conformou em voltar para as sombras e aceitou a presidência da Comissão de Construção, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado. Não bastasse a exposição, Alcolumbre “sentou em cima” da indicação do novo ministro do STF, André Mendonça. O senador, sem justificativa confessável para a pusilanimidade, estaria protegendo o primo acusado de tráfico de drogas. Realmente, foi uma péssima ideia Alcolumbre deixar o pântano. Davi dobrou a aposta, mas como sua estrela não brilhou, suas falcatruas estão vindo à luz. Fazer prevalecer sua vontade em detrimento do Brasil, resultou numa enxurrada de denúncias, que tornou o “Batoré” conhecido. A vida pública do sósia do Batoré não será mais a mesma. A gravação de uma ligação p