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Mostrando postagens de junho, 2022

Correndo por fora

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  Eu ouso lançar mais uma teoria exdrúxula, a qual não se vê por aí. Em tempos de manchetes como: “segundo especialistas”, “segundo números” e “diz leitor. Com medo de errar, principalmente a mídia impressa lança mão de seres abstratos, para não se comprometer com “consensos” muito vagos. Aquele que arrisca um prognóstico original corre o risco de ser rotulado como disseminador de “fake news”, negacionista e adepto de teorias da conspiração (merecedor de um chapéu de alumínio). Com medo de denunciar algo que de imediato não é aceito, sendo até ridicularizado, os campos de concentração nazistas jamais seriam denunciados. Feito este defensivo, profilático e oportuno preâmbulo, me arrisco a dizer, talvez profetizando, que o Brasil, a despeito dos tempos difíceis mundiais e justamente por causa deles, tem uma rara “janela” aberta para despontar como um dos líderes mundiais. É como se numa corrida de Fórmula 1, os principais pilotos se envolvessem num acidente generalizado e os azarões

🔵 Eu já comprei pão

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  Em cidades interioranas tudo é mais corriqueiro, mais comum, mais tranquilo. Pelo menos era essa imagem que eu tinha. Talvez essa fosse uma visão arquetípica, idealizada, confrontando o dia a dia impessoal do corre-corre da metrópole paulista. Acredito que até tenha sido assim há muito tempo, antes da globalização cultural. Mas com essa ideia — inocência minha —, agi da maneira que minhas elucubrações fabricaram. Sim, um preconceito romântico, mas honesto. Andando pelas ruas estreitas de uma cidadezinha, vendo minha irmã no outro carro a caminho do que poderia ser a padaria, temi que ela pudesse comprar o café da tarde em duplicidade — acredite, essa era uma das mais preocupantes ocorrências que poderia alterar ou interromper o sossego da cidade. O fato: dirigindo, nada discreto, coloquei meio corpo para fora do carro e gritei: “EU JÁ COMPREI PÃO. Creio que o recado foi recebido — como uma bomba atômica ou a explosão de uma usina nuclear — por quem se encontrava num raio de uns

🔵 Classe social

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  Colegas orelhudos, narigudos, “zóiudos”, baixinhos, magrelos, gordos e branquelos. Sobrenomes árabes, judeus e de várias outras origens. Tudo isso, em vez de gritar a diversidade étnica e cultural da sala de aula, era motivo para “zoação” ou “bullying”, como dizem há alguns anos. Afinal, eram todos brasileiros, alguns mais estranhos. Nos anos 80, a “década perdida”, a hiperinflação desembocava um lote de “filhinhos de papai” oriundos de colégios particulares. Quando esse fenômeno financeiro acontecia, a classe média alta cortava o inglês, o balé, as aulas de música e, no desespero, as “escolas de ricos”. Era aí que tínhamos contato com produtos importados do Paraguai — tempos de “reserva de mercado”.  Como índios, éramos apresentados a relógios G-shock, réguas com calculadora, caneta de 20 cores, tênis Forward (“Faroait”), calça da OP e outras bugigangas. A turminha nascida em berço de ouro, por outro lado, tinha a oportunidade de conhecer a merenda escolar da Prefeitura, a qua

O jantar do Lula

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Lula ofereceu um jantar. Para quem pensa que o banquete faz parte da velha promessa de campanha, é bom ir correndo recolher o equino da precipitação pluviométrica. Não pode ser para o povão uma refeição custando 20 mil reais. Certamente isso não faz parte do pacote que garantia três refeições por dia (café da manhã, almoço e janta). Vendo o Lula lançando essa bravata, dá até fome. Contudo, o valor é apenas um disfarce, para dizerem que não houve roubo. Antes, o subterfúgio era a “vaquinha”. De qualquer maneira, quem pôde se refestelar no regabofe  garantiu duas coisas: comeu bem, mas votará mal. Inicialmente, estavam previstos 100 advogados e empresários com direito a matar a fome no evento, no entanto, mais pessoas necessitaram aplacar a crise de abstinência, por isto o evento foi ampliado. A ralé, como não dispõe dos 20 mil, somente aplacará a fome quando eleger o “bom ladrão”. Isto chama-se justiça social da vida real. As presenças e tipos de evento que o ex-presidente vem protagoni

🔵 A fuga

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  Liguei o carro e saí cantando os pneus. Nunca me esquecerei daquele 7 de julho de 1998. Sem sequer olhar para os lados e às vezes conferindo o retrovisor, reparei que as ruas estavam vazias e as lojas, fechadas. Acelerava fundo, exigindo mais do que aquele “golzinho quadrado” podia oferecer. Nesse ritmo, entrava em pequenas ruas, grandes avenidas, rotatórias, lombadas e intermináveis faróis. Eu até arrisquei, às vezes, a perigosíssima “roleta paulista” porque a cidade estava deserta, apesar de ser terça-feira. De vez em quando, alguns estrondos, ora próximo, ora longe, aumentavam minha ansiedade. Enfim, cheguei a tempo de assistir à semifinal da Copa do Mundo de 1998 de futebol. Aquele Brasil e Holanda era o pano de fundo perfeito para fazer um pacote de tolices: sair do trabalho mais cedo, gritar palavrões, xingar, beber e, em caso de vitória, dirigir como um maluco bêbado. Nesses dias, fingimos que o Brasil ainda é o “País do Futebol” e que o próximo jogo é a coisa mais importa

🔵 Fábrica de sucessos e Galeria do Rock

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  Minha internet, através do YouTube, voltou a disparar propagandas. Nesse novo lote, vieram coisas muito desagradáveis, como, por exemplo: videoclipes odiosos. Apesar de não gostar das músicas, por impossibilidade de interromper a exibição, devo computar mais uma execução da faixa. Atualmente, é dessas audiências involuntárias que se faz um sucesso. Por pior que seja a canção, pode acumular reproduções acidentais. Numa saída ao banheiro, indo à cozinha ou simplesmente porque ficou impossibilitado de “pular” o vídeo compulsório, você enganosamente será registrado como fã daquilo. O que também induz ao erro, é quando você clica num clipe para “ver com seus próprios olhos” o quanto aquilo é ridículo. Não importa, para a gravadora e/ou empresário aquela atitude contará como um “view”, e cada “view” conduz qualquer coisa ao sucesso. Parabéns, você é um novo fã. Uma dancinha ridícula no ‘TikTok’, uma coreografia da moda depois de um gol ou um cantor inacreditável de tão ruim estimul

🔵 Um pênalti perdido é para a vida toda

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Mochila com “short” de nadar, toalha, tênis de futebol, bomba de ar e algumas ferramentas. Com esta configuração, bastava subir na bicicleta Caloi Extra-nylon e desafiar motos, carros, caminhões e ônibus para chegar ao Esporte Clube Vila Galvão. O “Vila” ficava em Guarulhos e durante um tempo foi minha segunda casa. Mesmo assim era sempre um pouco mais seguro prender a “bike” enrolando uma corrente e fechando um cadeado. Até hoje, me persegue um pênalti que desperdicei no campo do “Vila”. Um penal perdido nunca será esquecido. Por isso, apesar da pouca relevância do desperdício, carrego a maldita imagem do goleiro defendendo uma simples bola. Pouco importava a relativamente eficiente execução de várias modalidades esportivas de quadra, campo e salão de jogos. Até jogo “dos véio” eu me arrisquei, como é o caso da “bocha” (esporte dos octogenários da colônia italiana). Pois é, gols, golaços, dribles e campeonatos conquistados, nada supera a lembrança desse maldito pênalti. 1985, Bangu e

🔵 Tudo resolvido na bala

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  Não havia outra opção, as diferenças seriam resolvidas num duelo justo. Essa maneira de acertar uma desavença já estava fora de época. Contudo, a influência dos filmes de “faroeste”, mais precisamente do Bang Bang à Italiana (Western Spaghetti), tornou praticamente inevitável o triste desfecho. Não tínhamos alternativa, as coisas teriam que ser desse jeito horrível. Depois de contados os passos, eu e meu irmão viramos, revólver fazendo mira..., PÁ PÁ. Os  estampidos das espoletas, o cheiro de pólvora e o ritual mimetizado dos filmes, emprestaram dramaticidade à nova brincadeira. Porém, a encenação acabou por aí. Nenhum dos pirralhos admitia tombar. Mesmo depois dos tiros, não houve baixa. Ser derrubado no duelo, ainda que simulado, era humilhante demais. Os novos revólveres de espoleta estavam unanimemente aprovados, aposentando definitivamente a pistolinha d’água. Não bastasse o objeto politicamente incorreto, ainda teria um Forte Apache para brincar de genocídio indígena.  Nos

Os meninos de Lula

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  Não é novidade, mas o “sincericídio” não era esperado. Luiz Inácio Lula da Silva, sem economizar o curto vocabulário, propõe tudo o que queremos longe. Ele defende o roubo de celular para quem sente vontade de tomar uma cervejinha, mas não tem condições financeiras. O chefe confessou que “adiantou o lado de sequestradores internacionais. Lula emprega eufemismos muito simpáticos aos ouvidos, para, digamos, amaciar a periculosidade e retirar a gravidade da declaração. Ele amenizou o roubo (muitas vezes, um latrocínio), trocando a palavra “cerveja” pela inofensiva “cervejinha”; e chamou sequestradores de “meninos”; e denominou sequestro como “erro”. O candidato à Presidência da República promete, digo, ameaça botar em prática tudo o que é a receita perfeita para destruir um país. Talvez seja a tática do “não digam que eu não avisei”. Desfazer e interromper privatizações, revogar a Reforma Trabalhista, acionar o Movimento Sem Terra (MST) e Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST

🔵 Guns ‘n’ Roses — Walking dead

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  Fora o excelente repertório, o que se vê hoje é o que restou da banda de rock Guns n’ Roses. Em 1992, a banda californiana estava no auge. E foi nessa época que fui a um show deles no Anhembi. O show foi ótimo e turbulento, como previsto. Previsto porque o temperamento do vocalista, Axl Rose, era sujeito a chuvas e trovoadas. De fato, o repertório foi executado para agradar aos fãs, apesar das interrupções e xingamentos. Provavelmente, os organizadores tiveram sua correria de praxe para atender pedidos extravagantes, exóticos, estapafúrdios ou excêntricos: flores, comidas, decoração ou as icônicas toalhas brancas. Também devem ter agido como as grandes bandas de rock: quebrado quartos de hotel e esvaziando extintores. A volta para casa revelou a realidade dos fãs de rock e, mais especificamente, dessa banda. O show foi espetacular, e o Guns arrebentou, mas demorei a compreender o que me pareceu somente falta de amor próprio. Presenciando aquele cenário, apesar dos meus irrespon

O homem de plástico

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  João Doria desistiu de ser presidente. E eu desisti de namorar a modelo israelense Yael Shelbia Cohen. Sei que é crueldade deixar a menina chorando, mas, além de possuir um nome impronunciável, a garota mora longe. Voltando ao Doria, o cara é tão vaidoso que transformou sua despedida num espetáculo lamentável com dois capítulos. Acontece que o ex-governador não abdicou de concorrer à Presidência, o povo, já havia muito tempo, tinha desistido dele. O homem de plástico ainda tentou sinalizar que a decisão era sua, mas não colou. Doria conspirou contra o governo federal, aumentou impostos, quis fazer uma propaganda com a vacina, adotou medidas insanas sanitárias, fingiu que se mascarava e trancou tudo. Comprometeu o estado de São Paulo, levando adiante uma rixa pessoal; quem levou a pior foi o paulista, que sentiu o alívio provocado por sua saída prematura. O morador dos Jardins fez o estrago e saiu fora. Agora, João Doria poderá frequentar restaurantes estrelados e dar seus pul

⚫️ Por que deixei de assistir à Globo

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  O título é falso, pois vejo os jogos de futebol. Tirando as denúncias de interferência nos resultados, as partidas não são realizadas pela empresa de comunicação. Então, não vejo e não sinto falta de qualquer produto da emissora.  Há alguns anos, troquei qualquer programa da televisão aberta por “produções” do YouTube. Parece que apenas sigo uma tendência. Pelo que tudo indica, a TV aberta está em processo avançado de extinção. Sim, os altos custos com estúdio, câmeras, apresentadores, repórteres etc foram superados por alguém que liga a filmadora do celular e dá sua opinião e exibe “prints” e vídeos com uma liberdade que William Bonner desconhece. Não à toa, a chamada velha mídia, numa tabelinha com o Superior Tribunal Federal (STF), apelidou quase tudo o que é produzido na internet de “fake news”. Os termos em inglês nunca foram usados para designar “notícia falsa”, como é a real tradução, mas para estigmatizar tudo o que não pode ser dito ou o que, simplesmente, não se quer o

🔵 Baixo Augusta, fundo do poço

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  Eu realmente não sabia que aquela região (da Rua Augusta) era conhecida como Baixo Augusta. Isso dá a impressão que aquela “quebrada” pertencia a uma espécie de grupo ou “tribo”. A gente só queria fazer um “esquenta” para ir na “Fun House”, porém os “piercings” estrategicamente exibidos, as tatuagens bacaninhas e os cabelos coloridos davam exatamente a impressão de estarmos invadindo um espaço hostil pertencente a uma tribo pouco amigável. A “Fun House” foi um templo do “rock indie”. Funcionava numa residência da rua Bela Cintra. Foi lá que eu determinei o fim das baladas daquele tipo. Do alto dos meus 32 anos, parei e observei aquela “criançada” na casa dos vinte e poucos anos de idade. Era triste admitir, havia chegado o final de uma “belle époque” particular: me senti o “tiozão” da festa. Voltando à rua Augusta, foi lá que fomos submetidos a um enquadro “monstro”. Encontramos um barzinho legal: rock, bilhar e cerveja gelada, porém uma frequência “alternativa”. Como o “esquen

🔵 O mundo estranho de Jacko

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  Era meio constrangedor dizer aos meus amigos roqueiros que eu iria ao show do Michael Jackson. Tudo bem, o Jacko é bem estranho: possui um zoológico e um parque de diversões em sua residência, mantém hábitos estranhos, cultiva amizades infantis e é acusado de ter cometido alguns crimes. Entretanto o cara é talentoso e é o ídolo da minha infância. Afinal, eu ía à apresentação do “Rei do Pop” ou do sujeito esquisito? 1993, Estádio do Morumbi, marquei de encontrar minhas amigas no “gol” oposto ao palco. Só depois notei que a minha ideia foi insana. Como a administração retira as traves do campo, seria impossível executar o meu plano. Pronto, agora a “Dangerous World Tour” acabaria com a minha “gincana”. Talvez encontrasse as traves jogadas em algum depósito poeirento do Morumbi. Somente nas minhas expectativas o “gol” estaria em campo. Espetáculo fantástico, inesquecível, porém não é o cerne desta crônica. Entretanto, era a hora do, talvez impossível, encontro. No fim do espetác

🔵 Criaturas da noite

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  A notícia correu alcançando ouvidos atentos. A novidade que um amigo agora era sócio de uma casa noturna no coração da Vila Olímpia (São Paulo) correu feito rastilho de pólvora. Para nós, que não curtíamos música “dance”, apenas iríamos prestigiar a balada, mas, rapidamente, surgiriam os “amigos” de ocasião. E a ocasião não frustrou a previsão. Como era esperado, o telefone não parou de tocar. Os “amigos” de ocasião, sempre atentos, nunca perderiam essa boquinha. Estes, embora com algum atraso, mas vigilantes e atentos, trataram de manter acesa a chama de uma grande amizade. Para atender a sanha por uma pulseirinha VIP, um camarote e talvez um copo de whisky, meu ciclotímico amigo precisaria contratar um “call center”. Noites muito boas, reencontrando velhos amigos e encontrando, é claro, os “parças” (parceiros) no camarote, vestindo a pulseira VIP, exagerando no sotaque paulistano (como em novelas) e grudados em copos de whisky com energético. Mesmo não curtindo músicas de “DJ

🔵 O prefeito no motoclube

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  A motocicleta era emprestada, mas eu ia para o motoclube mesmo sem moto, sem correntes, sem jaqueta de couro e sem cara de mau. E, depois dessa noite, percebi que outras tribos estavam frequentando o local. O imaginário popular, o visual estereotipadamente agressivo (muitas vezes anedótico) e a mística gerada pelos “ Hells Angels” , criou uma impressão exagerada acerca de integrantes de motoclubes. Engenheiros, policiais, médicos, advogados etc transformam-se em cima da motocicleta e resolvem brincar de ‘ Sons of Anarchy’ . Um senhor, que alternava sua vida entre candidato, deputado, prefeito e de vez em quando empresário de Guarulhos, chamado Paschoal Thomeu resolveu passar algumas horas mergulhando no submundo da noite alternativa. Tentou a sorte, para colher um punhado de votos no encontro de motociclistas. Sinceramente, me enganei ao imaginar que o político encontraria ambiente hostil para lograr êxito no seu objetivo. Pelo contrário, apesar do seu visualzinho destoar bas

🔵 A terapia dos dinossauros

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  No Dinossauros Rock Bar, em Pinheiros, São Paulo, subiam ao palco cada um dos integrantes da banda Dinossauros. Notei que entre os músicos estavam duas figuras conhecidas: José Luís Tejon Megido (violão e voz), jornalista, publicitário, escritor e exemplo de superação, entre outras atividades e Roberto Shinyashiki (guitarra), psiquiatra, escritor e palestrante. Sendo que o segundo é um manjado escritor e palestrante de, digamos, auto-ajuda. No princípio, achei que aquela cena toda se tratava de uma “pegadinha” ou um “telegrama animado”. Pronto, um simples chope ao som de “rock and roll” havia se transformado num momento catártico do tipo terapia em grupo. Então, meu propósito era descobrir onde estavam as câmeras, microfones e para que emissora seria a transmissão da armadilha, bem como quem era o apresentador da palhaçada toda.  Sempre fugi de “coachs” animadões. Eles entram no palco pulando, vomitando um lote de frases feitas e afirmando que você é um vencedor (sabendo que mu