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Mostrando postagens de novembro, 2022

Fernando Haddad colou, mas não colou

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  A equipe de transição do PT (Partido dos Trabalhadores) assusta. A mistura aleatória de colaboradores da volta do projeto nefasto de poder confirma os maiores temores de “volta ao local do crime”, dando uma leve parafraseada na exata fala de Geraldo Alckmin, vice-presidente eleito. Apelidada de Carreta Furacão — trenzinho infantil que reúne uma turminha inacreditável de personagens —, a absurda e meganumerosa equipe de transição ocupa o Palácio do Planalto como um local abandonado. Calma, quando anunciarem os ministérios, pode piorar. Fernando Haddad, possível ministro da Fazenda, cursou apenas dois meses de mestrado em Economia, tendo “colado”. Eu não tenho sequer essa curtíssima experiência de 60 dias na disciplina, logo, não colei. Num país em que a maioria valoriza a honestidade, eu ganharia o cargo no quesito confiança. No entanto, como o STE (Superior Tribunal Eleitoral) quis dizer, a maioria não valoriza a honestidade e é ingênua, quando ao mesmo tempo cai fácil no “conto d

🔵 A revolução dos bixos

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  Resolvi começar mais uma faculdade. Sempre tomando o devido cuidado para não virar aquela piadinha besta do pedreiro que fez cinco faculdades e ía começar mais uma. A decisão era séria, entretanto desta vez os objetivos eram alguns: dar um “upgrade” na minha formação intelectual, bem como obter um diploma para pendurar no lugar do diplominha da escolinha infantil. O principal era que, com o terceiro grau completo, eu poderia prestar um concurso público mais robusto. Ingressei numa dessas universidades “shopping center”, conhecidas como “pagou, passou” ou, ainda, prédios escolares que, distribuindo canudos, despejaram caixas de supermercados advogados e balconistas administradores de empresas.  Nosso quadro docente contava com uma equipe pronta para formar uma guerrilha urbana e a luta armada, almejando, eternamente, a “ditadura do proletariado”. Para não sobrar dúvidas, um professor chamava-se Vladimir. Como eu não tinha talento para disfarçar que era capitalista e, além disso,

“Vou festejar o teu sofrer”

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  Dançando ao som de Beth Carvalho. Que mal pode haver nisto? Quando o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, está na festa, algo está muito estranho. A letra da música ‘Vou Festejar’ cabe perfeitamente para escarnecer de quem se deu mal no pleito. O curioso é que o responsável pela votação foi parcial. A eleição foi empurrada de qualquer jeito, não foi transparente e colocou  na Presidência um sujeito que não atua como um servidor público, mas um realizador de interesses particulares. Dentre as imagens que eu vi, chamou a atenção um sujeito dançando solto como um “tiozão” no final de um baile de debutante. Como se não houvesse amanhã, o camarada, que devia ser um cidadão compenetrado, sério mesmo, balançava o esqueleto ao som da “melô da vingança” ‘Vou Festejar”. Com a gravata frouxa, paletó amarrotado e os dedinhos indicadores em riste (como um legítimo japonês sambando), ele gritava: “(...) vou festejar o teu sofrer, o teu penar”. Chora. Deve ser a tal “festa da democracia”. Pod

🔵 Copa 1990

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  Décadas depois, abri o álbum de figurinhas da Copa do Mundo de 1990. Senti o cheiro das páginas besuntadas de cola Tenaz. O olfato me tragou para a memória afetiva (ou seria memória olfativa?). Quando folheei mais o livro ilustrado, tive a impensável surpresa de encontrar um envelope de figurinhas. O cheiro me puxou de vez e, quando fechei os olhos, tinha apenas 15 anos novamente. *** A caminho do clube, seguindo a trilha de pacotinhos abertos e espalhados pela calçada, descobri de qual banca vinham os rejeitos. Comprei os meus pacotinhos e fiz o mesmo; sem nem sequer entender o conceito de limpeza pública, espalhei-os pelo meio-fio. Parece que como castigo o “bolo” de repetidas só aumentava. Às vezes, de bicicleta eu ía à banca “que dava sorte”: por coincidência ou nexo causal, quase sempre funcionava. Já no Esporte Clube Vila Galvão, era hora de trocar cromos repetidos, mas não sem antes fazer uns gols e defesas gritando “É do Maradonaaaa” ou “Espalma Michel Preud-Hommeeee”,

O país do futebol

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  No dia 30 de outubro, o Brasil deixou de ser o “país do futuro” para voltar a ser o “país do futebol”. Ziriguidum, borogodó, telecoteco, balacobaco, essas palavras, que parecem sem significado, sugerem a malemolência, o jogo de cintura, a malandragem e o jeitinho brasileiro. Jeitinho que conduziu o presidente daquela republiqueta sul-americana terceiro-mundista do cárcere ao Palácio da Alvorada. O próprio Lula é a personificação do jeitinho brasileiro. É hora de deixar esse negócio de Judiciário, Legislativo e Executivo para quem entende. Ninguém quer saber de STF, TSE, STJ ou BNDES, são somente siglas desimportantes para quem deseja só um churrasquinho com uma gordurinha e cervejinha na hora do gol. Teto de gastos, responsabilidade fiscal e independência do Banco Central são coisas de neoliberal. O papo é bola na rede. Dá de bico que o jogo é de taça; pra cima deles, Brasil; Brasil, vai buscar esse caneco. Lula pensa igual a um estelionatário: fala o que a vítima quer ouvir, fa

Este ano não acabará neste ano

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  Equipe de transição do PT Lula resolveu brincar de presidente. Viajou para o continente africano, assustou o Mercado (a cada palavra que cometeu) e montou uma equipe de transição que já merece a sequência: Mensalão, Petrolão e Transição. Lula correu à COP 27,Egito, representar a si e posar de ambientalista, fingindo que está preocupado com o futuro da Humanidade. Os cumprimentos, sorrisos e tapinhas nas costas e o aparente bom trânsito do corrupto notório vem da facilidade com que ele obedece o que essas cúpulas e agendas mundiais impõem para travar a evolução do Terceiro Mundo: demarcações imensas de terras indígenas, deixar que estrangeiros e ONG’s estabeleçam os “cuidados” com a Amazônia, preservação do que os europeus exploram, utilizar energia limpa e diminuir as já insignificantes emissões de carbono. Ineditamente, o governo que reivindica a vitória está espantando quem fez o “L”. Essas pessoas descobriram a ameaça tarde demais. Que analistas financeiros são esses que só i

🔵 O supermercado hiper assaltado

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  Inocentemente, me dirigi à caixa do supermercado, coloquei a garrafa de Coca no balcão e aguardei a minha vez. Saindo do meu transe e reparando bem, notei que a demora se devia a um assalto. Obedecendo a autoridade de um revólver, fui expulso para não atrapalhar a “limpeza” da caixa registradora. Fui ao estoque, esperar os “clientes preferenciais” serem atendidos. Chegando lá, o que vi mudou minhas impressões acerca da gravidade do evento: ajoelhados, clientes e funcionários rezavam com muita fé. O local não era apropriado para aquela genuflexão forçada, mas, naquele depósito imundo, eu somava, entre barras de sabão e pacotes de bolacha, à demonstração de fé.  A cena ecumênica, emocionante, foi interrompida pelos disparos do revólver. Os estampidos acrescentaram às orações, os choros. Foi nesse momento que eu me entreguei ao “muro das lamentações”. O cenário era, definitivamente, de fanatismo explícito em direção a Meca do que os fundos de um supermercado. Como não estávamos em

Comboio contra conluio

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  O conjunto organizado de caminhões, sob a guarda do Exército, parece ameaçador, mas não é. As bandeiras, estrategicamente colocadas, na frente dos veículos, mostram que há um objetivo maior. As “Tias do Zap”, senhoras com cadeira de rodas, andador e outros sinais da dificuldade de locomoção, escancaram a falácia dos ditos “protestos antidemocráticos” e “atos golpistas”.  Inteligentemente, cada cidadão se considera e age como líder dos protestos, isso impossibilita multas e prisões, bem como a consequente desmobilização do evento. Não contente com a desobediência civil, Alexandre de Moraes ameaçou os caminhoneiros com multa de R$ 100.000 por hora (mostrando que suas ações não obedecem nem a proporcionalidade nem a razoabilidade) e, com a intenção de minar as forças da manifestação, enviou uma turminha de fiscais para tratar o povo como bandido. O plano maligno não funcionou. Os fiscais foram expulsos. A movimentação não é contra o resultado das urnas; é contra a condução forçada

Aquele que tudo vê

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  Chico Vigilante, deputado petista, sugeriu bustos de Alexandre de Moraes em praças do Brasil. Esta sugestão virou manchete. Entretanto, foi a maior demonstração pública e desavergonhada de bajulação ou retribuição de favor. Um neologismo se aplica melhor a essa infeliz ideia: “puxasaquice”. Coincidentemente, “Xande” foi exaltado pelo deputado petista como merecedor do monumento, depois que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) foi elevado à presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Lá, “Xande” conseguiu emplacar o seu projeto de vida: o “Lava Lula.  Chico Vigilante apareceu com um esclarecedor segundo nome. Vigilante pode ser, sem erro,   interpretado pela distopia orwelliana ‘1984’, pelo regime comunista e ditaduras como a stalinista. Para estes paralelos, nada mais adequado como uma homenagem personalista que simboliza aquele “que tudo vê”. A única certeza de um monumento como esse, é sua derrubada. Alexandre de Moraes vem cumprindo a “cartilha do tirano”:  vi

Dores nas articulações

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  ‘O Chefe’ não vai conseguir restaurar a paz entre a população brasileira, mas já tratou de costurar a “harmonia entre os poderes”. Isto é tudo, afinal, como disse Zélia Cardoso de Mello, “o povo é só um detalhe”. A quantidade de ministérios que ‘O Chefe’ voltará a botar para funcionar dá uma dimensão de como será o “diálogo de coalizão”. A fauna que ‘O Chefe’ trouxe como equipe de transição, apontou como possíveis ministros ou simplesmente sinalizou a aproximação assustou o mercado e as pessoas de carne e osso. Como sempre, os derrotados nas eleições garantem um cargo.  Há um acordo tácito de apelidar uma parte da mídia de velha imprensa. Sem se dar conta de que o nome pejorativo foi dado porque existe uma nova imprensa e quem não dá mais credibilidade à velha imprensa é, justamente, seu antigo consumidor, ela acelera rumo ao abismo. Quem assistiu à torcida explícita desta imprensa, não se surpreendeu com a redação da Globo festejando a “vitória” do “Chefe”, como se fosse a “f

Ele nunca mais

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  Choveram textos comparando todo o processo eleitoral com uma partida de futebol conduzida por um juiz ladrão. Essa comparação (às vezes metáfora) é injusta. Vou fazer algo que nunca fiz: defender Alexandre de Moraes. A comparação é injusta porque o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não é juiz. Entendeu? Simples assim. E as velhas mídias? A imprensa se acostumou a assumir o lado errado. Em 1964, estimulou o Regime Militar; está até hoje, mal acostumada a reescrever a História, tentando dizer que “não era bem assim”. Agora, está torcendo pelo petista assumir plenos poderes, depois de fazer militância descarada durante a campanha; daqui a 50 anos, vai se tocar que, novamente, estava do lado errado, bem como tentará reescrever a História. Quando a imprensa está sempre atrasada, muita coisa está errada.  Eu já assinei a revista Veja e o jornal Folha de SP; descobri que as duas publicações estão contra o Brasil. É fácil entender porque esses negócios carecem de credibili

🔵 Pérolas aos porcos

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  Aquele uniforme era bem ridículo, ainda mais em contraste com o desfile de moda estrangeira que passava na faculdade classe A. Muito embora eu me garantisse metido na calça de tergal e camisa barata. Também tentava, eternamente, ajeitar a gravata torta sem mostrar o elástico substituindo o nó. Final de ano, o clima era diferente, melhor. As férias estavam chegando, os melhores alunos talvez já estivessem em alguma estação de esqui ou algum balneário na Europa. No “campus” já havia um clima de férias e a Secretaria de Direito, onde eu trabalhava, acompanhava esse ritmo. Alguns inspetores de alunos ficavam na Secretaria “cozinhando o galo”. A Sala dos Professores estava cheia. Imperava o clima de “jantar inteligente”. Nas conversas, naquele simulacro de Supremo Tribunal Federal, um tentava parecer mais inteligente que o outro. Circulando entre magistrados, juízes, desembargadores, promotores e advogados, não me impressionei com toda aquela afetação verborrágica. Até achei engraçad