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Mostrando postagens de fevereiro, 2023

Sambarilove

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  Por que prestamos atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada? É porque realmente eles fingem que dizem algo.  Dilma Rousseff falava bobagens, no entanto era aplaudida. Os aplausos seriam justificados se seus pronunciamentos não passassem de esquetes humorísticos, mero entretenimento. Só que não! A plateia, abobalhada, aplaudia um ininteligível discurso presidencial. Como sadomasoquismo, a fala da eterna “presidenta” deixou saudade. Contudo, o legado, ou melhor, a herança maldita foi eternizada. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, travou na sua vez de falar. Melhor assim. Eu fui completamente empático com a ministra, pois nos seminários de Biologia acontecia o mesmo comigo. Completamente ignorante quanto a mitocôndrias e platelmintos, sem saber o que dizer, eu apenas segurava a cartolina. Outra ministra, Ana Moser, dos Esportes, não conseguiu se comunicar, só que esta tentou falar, mas enrolou e se enrolou. Abusando de platitudes e lugares-comuns, Ana Moser enfiou

Sambando e andando

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  A chegada dos petistas foi como um arrastão, uma invasão, uma ocupação, o que não deixa dúvidas de que chegou também o aparelhamento. Se há alguma desconfiança disto, por mais cética que seja, será dirimida com o neologismo “Todes”, que abre os discursos dos correligionários mais ideológicos do PT. Eles também são chamados de “Carreta Furacão” (devido à “fauna” incrível que compõe o que, em tese, é um governo). No Carnaval, em alguns casos, não se sabia o que era fantasia e o que era uniforme. Esse deve ser o estranho caso do ministro da Justiça, Flávio Dino,  que encarnou o guerrilheiro comunista que sempre foi.  Justiça seja feita, a única fantasia que representava um ideal inalcançável, era a de guerrilheiro. É patente que Dino é o protótipo de guerrilheiro de gabinete. O ministro protagonizou uma dancinha obscena, coisa que não combina com um ministro da Justiça e não deveria ser exibida. Mas não são apenas os petistas. Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, caiu na folia e se

Oxímoro ou novilíngua?

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  Acabou a temporada da Gaviões da Fiel e da Mancha Verde, torcidas organizadas do Corinthians e do Palmeiras, respectivamente, brincarem de antifascistas. A máscara enganou aqueles que sempre foram críticos a esses grupos, mas se sentiram contemplados com a hipócrita e oportunista sinalização de virtude. Durou pouco, porque socos, chutes, pedras e barras de ferro insistem em manifestar o caráter beligerante dessas torcidas. A emboscada foi feita, claro, com muita democracia. Pois as duas torcidas encontraram um panorama favorável para ganhar a simpatia da suposta opinião especializada e isenta (jornalistas) e grande parte da opinião pública. Conseguiram. Ideologicamente, jornalistas principalmente, sentiram-se representados e fingiram que havia virtude na ação. Alguns jornalistas, principalmente esportivos, sempre foram peremptoriamente críticos quanto a atuação, inclusive existência, das torcidas organizadas. A crítica deles perdeu impacto, eles perderam credibilidade. Esses gru

🔵 Ponte sobre águas turbulentas

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De vez em quando, alguém dava a péssima notícia: “Fulano” morreu afogado na represa de Mairiporã. Cidade vizinha a Guarulhos, Mairiporã era um mistério que diziam existir atrás das montanhas, incrustada na Serra dá Cantareira.  Um dia foi a minha vez de conhecer as águas da represa de Mairiporã. As estatísticas diziam que aquele dia poderia ser o último que eu seria visto com vida.  O tempo estava bom e o ambiente era de um domingão quente de sol, celebrado com churrasco, cerveja e, argh, pagode paulista. A filial da Praia Grande estava lotada e bem animada. O final daquela animação toda, infelizmente, era bem triste. A sabedoria popular, acumulada com os anos, avisava que, no final do dia (lá pelas 18:00) o boca a boca espalharia, seriamente, que alguém morreu afogado e ainda não acharam o corpo. A sirene da ambulância apenas confirmaria o triste boato. Crescendo na Grande São Paulo, eu acostumei a ficar sabendo que alguns amigos “saíram de cena”: morreram, foram presos ou, simplesmen

Um rei sem palácio — GloboNews visita

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  A ex-visita íntima do ex-presidiário abriu o Palácio da Alvorada para a GloboNews. Natuza Nery, eterna antibolsonarista psicótica, foi estrategicamente destacada para fazer o serviço sujo. Estampando uma cara de Jornalismo sério, isento, que busca mostrar a verdade dos fatos com a devida apuração, a jornalista percorreu o imóvel, sempre espantada e ouvindo atentamente. Como em ‘Extreme make over: Home Edition’, ‘É de casa’ ou quaisquer ‘reality shows’ residenciais, o imóvel foi exibido com uma desolação eloquente. Parecendo uma corretora ou auditora, carregando uma pasta, a senhora Lula caminhava, como quem conferia o imóvel. Era evidente que o “padrão Globo” cuidou para que sua narrativa saísse impecável. A nova moradora deve ter sentido uma ausência afetiva: a grade, a janelinha quadrada, a cama de concreto, o buraco no chão... Contudo, surgiu um arquiteto, que só pode ser fascista, nazista, golpista e antidemocrático, desestruturando o plano arquitetado. O arquiteto, Paulo Ba

Título não publicado devido a autocensura

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  É estranho dizer isto, mas, em 2023, meu pai estaria ouvindo a ganhadora do Grammy (revelação). Ele, de cara, menosprezaria o prêmio, sabendo que a Anitta era uma das indicadas. Entretanto, depois de convencido a conhecer a vencedora, ele admitiria que para vencer o Grammy é necessário cantar, e que Samara Joy venceu fazendo, vejam só, apenas isso! Já Anitta teve mais, digamos, trabalho... No seu clipe, a cantora simulou sexo oral — a cena do clipe e a derrota no prêmio musical inspiraram um título sugestivo, porém de mau gosto, então descartei a ideia e titulei o texto com outra ideia. O sucesso da brasileira é medido em “views”, cliques e execuções em “streamings”. Essa volúpia, convertida em visualizações, pode justificadamente ser impulsionada por adolescentes com os hormônios em ebulição. Samara Joy não, a cantora apenas... canta. Anitta é, merecidamente, reconhecida por impulsionar com competência sua própria carreira. Justíssimo. Por isso, admito: Anitta como cantora é

Operação gambiarra

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  Na década de 80, a banda Ultraje a Rigor fez sucesso com a música ‘Inútil’. A canção dizia: “A gente não sabemos escolher presidente” e “A gente faz trilho e não tem trem pra botar”.  O pop/rock era escrachado para escancarar a incompetência governamental. Contudo, a licença poética virou verdade. O governo do PT sempre contou com o beneplácito de parte da imprensa e de uma intelectualidade que insiste em ver uma beleza na suposta simplicidade petista. Então, a incompetência está sendo tratada com certa condescendência. O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, ouviu nos telejornais que só se falava em yanomami. Procurou saber do que se tratava. Descobriu que não era uma marca de motocicleta, mas que os índios sofriam com desnutrição e falta de medicamentos. Vislumbrou uma oportunidade de agir, virar os holofotes em sua direção e conseguir mídia para o seu ministério e para si. No entanto, esqueceu-se que era incompetente e comprou mil chips para celular. Detalhe: na aldeia não h

Democracia antidemocrática

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  Não interessa a ideologia dos vândalos da Praça dos Três Poderes. Que sejam, dentro da lei, punidos. Porém, a sanha punitiva dos petistas arrefeceu, não querem a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito: dó ou medo? O destruidor solitário arrasou o que encontrou pela frente, atrás e dos lados. Quando Antônio Claudio Alves Ferreira foi identificado, os petistas desistiram da CPI. Por quê? Lula foi além, colocou as imagens em sigilo. Por quê? O sujeito filmado exibia uma camiseta com a estampa do Bolsonaro. Curiosamente, a ostentação destoava dos manifestantes e a fúria era burra. A  camiseta parecia dizer: a culpa é do Bolsonaro. O destruidor posou para a câmera como quem comemorava: mamãe, tô na Globo. Tudo foi simbolicamente eloquente, pronto para “sair” no ‘Fantástico’. Claramente, a “ocupação” era facilmente prevista, no entanto a invasão foi tão fácil que tudo pareceu, inicialmente, uma visita monitorada da terceira idade. Até o guardinha noturno que passa apitando aqui na rua, às

Ema, ema, ema, cada um cus seus pobrema 2 — Um novo morador

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  Bolsonaro exibiu uma caixinha de cloroquina para uma ema do Palácio da Alvorada, é lógico que o animal não aceitou a tentadora oferta, portanto não ingeriu o fármaco. Apesar de ser uma brincadeira, o caso virou um escândalo. No entanto, os bichinhos faleceram na gestão Lula. Mas não é só isso: algumas carpas também pereceram.  Concluiu-se que as emas e carpas não eram fascistas, nazistas, golpistas e antidemocráticas, então as mortes são um escândalo. Como os animais não são bolsonaristas, a investigação irá até o fim. Como não colou o genocida de seres humanos, o PT e sua militância querem emplacar a narrativa do genocida de animais.  Mesmo tendo assumido no primeiro dia do ano, o orador de porta de fábrica insiste em transferir a culpa. É claro, tudo isto com a anuência da “extrema imprensa”. Lula utiliza uma estratégia pueril e vitimista de atribuir qualquer responsabilidade para terceiros. Esse estratagema é, claro, para se proteger da própria incompetência. Josias de Sou

🔵 Depois da curva

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A Rodovia Fernão Dias já é ameaçadora o suficiente. De madrugada, cercados por uma serra, voltando do Sul de Minas, Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Mairiporã ou Socorro, aproximávamos perigosamente da possibilidade de virarmos estatística. Isso quase aconteceu quando, depois de perder o controle, cruzamos a contramão lentamente e aguardamos a colisão de um ônibus. A mesma sorte não tiveram os integrantes de um Corsa. Logo depois de uma curva fechada, havia um automóvel capotado. A cena nos confrontou com a realidade e trouxe uma sobriedade repentina que parecia ter sido abandonada em uma daquelas cidadezinhas à beira da Fernão Dias. Aproximando do carro com as rodas viradas para o céu estrelado, nenhum sinal de vida, apenas um CD reproduzindo uma animada música da Ivete Sangalo.  A canção pedindo pra “tirar o pé do chão” gerou uma comicidade (vendo o veículo naquelas condições) ao evento, entretanto a possível tragédia recuperava a seriedade necessária.  Somente com a movimentação e ej

🔵 O anônimo unânime

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  Ver o Laert Sarrumor nas ruas de Higienópolis e acreditar que vi alguém famoso só poderia significar o auge do meu próprio anonimato. Quando, animado, arrisquei apontar discretamente e cochichar para minha namorada: — Olha, o Laert Sarrumor! — apontei — Quem!? — minha namorada respondeu — Do Língua de Trapo — insisti — ??? O breve, lacônico e decepcionante diálogo me fez voltar à realidade. Senti um misto de desapontamento e orgulho. Decepção por concluir que eu estava andando com uma garota que certamente conheceria o terceiro eliminado do Big Brother 7; e orgulho por me sentir um intelectual de periferia, desses que assistem ao programa Metrópolis, da “tevè” Cultura. Decidi tentar novamente, dizendo que era o Laert, integrante do grupo paulistano ‘Língua de Trapo’, músico, ator, escritor... Além de parecer charada, isso ia me fazer parecer mais estranho, tipo esses caras que armazenam o potencial de, a qualquer momento, metralhar um colégio ou cinema. No entanto, o vexa

O choro é obrigatório

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  Thiago Silva sentou e chorou quando o jogo da Copa do Mundo de 2014 entre Brasil e Chile seria decidido nos penaltis; Gilmar Mendes se emocionou com a perseverança de Cristiano Zanin, advogado do Lula; João Doria tentou chorar, em momento comoção pública, com a primeira aplicação da vacina contra a COVID-19; Ciro Gomes se esforçou para derramar algumas lágrimas, demonstrando toda a sua dor pelas vítimas da COVID-19; Lula ficou em prantos na sua “possessão”. Lula, eterno “posseiro” do Brasil, “possuído”, engatou o discursinho vitimista  e blá, blá, blá; e, agora, Marcos do Val,  num momento Joice Hasselmann, se enroscou em seu próprio discurso e... chorou. Numa época em que o vitimismo é demonstração de virtude, é muito comum vermos fraquejarem em instantes cruciais. O choro não deixa de ser a materialização de que há uma sensibilidade. Beleza! Mas quando se torna evidente que as lágrimas se negam a escorrer, a encenação fica patética. Cai a máscara. É falso. Tudo fica como um teat

🔵 Salto ornamental

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  Eu insistia em chamar de trampolim, no entanto aquilo era só uma base fixa. Eu já havia desbravado todo o parque aquático do Corinthians, apenas restava aquele desafio. Fiquei, durante semanas, analisando cada detalhe da plataforma, a fim de realizar um salto perfeito. Não poderia ser muito difícil, afinal eu já tinha assistido a isso em algumas olimpíadas.  Decidi subir até a plataforma. Os degraus foram vencidos com confiança e tranquilidade. Entretanto, nos últimos degraus, as pernas, demonstrando vontade própria, quiseram recuar. Meus derradeiros passos deram a impressão de que tudo o que eu via estava em câmera lenta, os gritos e risos, distorcidos. A multidão esperava o meu salto com uma apreensão que aumentava demais a minha responsabilidade. Descobri, tarde demais, que aquilo era muito alto. A expectativa da “plateia” aumentava. O que era para ser uma discreta e, no meu caso, tímida sondagem, tornou-se uma viagem sem volta. Seria muito vergonhoso fazer o que eu havia pla

🔵 Carro véio

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  Festa de fim de ano da empresa é sempre igual: o pessoal do operacional encontra a turma do escritório. Desta vez, foi numa churrascaria fina. Sem novidades, seguindo as regras: beber com moderação e ser discreto. O manobrista, acostumado, naquela região, a estacionar Ferraris, Lamborguinis, Maseratis, Porsches e outras exclusivas máquinas, foi obrigado a guiar o meu esforçado e honesto Gol 86. Tenho certeza que meu carrinho bege foi abandonado numa viela qualquer. Confesso que este pensamento me comoveu, como se meu primeiro automóvel tivesse atributos humanos. Afinal, mesmo sendo a álcool ele “pegou” sem sequer eu precisar puxar o afogador pra esquentar, não me fez passar vergonha (sendo empurrado) e me trouxe até o bairro nobre. Entretanto, não foi desta vez que meu golzinho ficou em boa companhia, ao lado de carrões. Chegando na churrascaria, tudo certo como previsto: cumprimentos, apresentações e um previsível ‘Amigo Secreto’. Após o desfile de peças de carne e alguns chop