Operação gambiarra

 



Na década de 80, a banda Ultraje a Rigor fez sucesso com a música ‘Inútil’. A canção dizia: “A gente não sabemos escolher presidente” e “A gente faz trilho e não tem trem pra botar”.  O pop/rock era escrachado para escancarar a incompetência governamental. Contudo, a licença poética virou verdade. O governo do PT sempre contou com o beneplácito de parte da imprensa e de uma intelectualidade que insiste em ver uma beleza na suposta simplicidade petista. Então, a incompetência está sendo tratada com certa condescendência.


O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, ouviu nos telejornais que só se falava em yanomami. Procurou saber do que se tratava. Descobriu que não era uma marca de motocicleta, mas que os índios sofriam com desnutrição e falta de medicamentos. Vislumbrou uma oportunidade de agir, virar os holofotes em sua direção e conseguir mídia para o seu ministério e para si.


No entanto, esqueceu-se que era incompetente e comprou mil chips para celular. Detalhe: na aldeia não há sinal para o telefone. A compra já seria duvidosa, sem sinal ela é, como diz a música: inútil. Bastaria um ‘Google’ para evitar a decisão desastrosa. 


Como já era esperado, a série de justificativas vieram com um entusiasmo de plástico, tentando mascarar a barbeiragem. Para o partido que mente, vive de falácias e propagandas, os fins sempre justificam os meios.


Isolada, como o neurônio do ministro Juscelino Filho, a terra yanomami, em Roraima, recebeu uma “ajuda”  açodada e inócua. Até que demorou para chegar o resultado da ação de um cidadão que preencheu um cargo em troca de apoio.


Embora inócua, a ação foi espalhafatosa e contou com um sobrevoo de helicóptero. Como está tudo pago, pouco importa a inutilidade do pacote todo. De qualquer forma, o ministro das Comunicações conseguiu o que queria: uma oportunidade de agir, virar os holofotes em sua direção e conseguir mídia para o seu ministério e para si. A tentativa de “linkar” sua Pasta à questão yanomami rendeu um retrato, no qual aparecerm o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, e o presidente dos Correios, Fabiano Silva. Mesmo sem efetividade, a fotografia pode ser enquadrada. 


Como é fácil constatar, é difícil completar uma ligação em lugares afastados da cidade. Portanto, não espanta que em terras indígenas seja impossível.


“Inútil, a gente somos inútil”.

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