🔵 Movidos a álcool
Aquela fileira parecia uma horda de bárbaros pronta para o ataque. Nós bufávamos como que sedentos por sangue, ameaçávamos como cães raivosos. Dado o sinal, partimos. A poeira levantada e o barulho remetiam a memória ao que deveria ser uma batalha ou corrida sobre cavalos. No entanto, era um bando de pirralhos inofensivos que ainda iam para a escolinha pré-primário, chamavam a professora de tia, brincavam num cercadinho de areia durante o recreio e levavam uma constrangedora lancheira a tiracolo — no meu caso, com suco de laranja, pão com mortadela e, às vezes, Lanche Mirabel e Groselha Vitaminada Milani. Do nosso ponto de vista, tudo ganhava proporções grandiosas e pretensamente importantes. Para os adultos, éramos apenas um bando de pivetes colorindo casinhas, animaizinhos etc. Contudo, não nos importando com os outros, víamos fardas camufladas em vez do tênis Conga, bonezinho com fivela e uniformezinho azul; e um alforge de guerra em vez da ridícula lancheirinha a tiracolo.