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Mostrando postagens de 2021

Previsões para 2022 — Revelações de um misto-quente ⚫️

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O que vi me assombrou. Apesar das predições que se impuseram diante de mim não corresponderem todas às minhas predileções, resolvi compartilhar o fenômeno.  Tranquilamente, depositei uma fatia de presunto e outra de queijo em cada pão de forma, fechei o lanche e — após um relâmpago, seguido de violenta eletrocução — coloquei a minha obra na sanduicheira.  Após alguns minutos, fui, automaticamente, apanhar o singelo desjejum na torradeira. De repente, a surpresa que me esfregou na cara o amanhã. O futuro próximo (2022) estava ali na minha frente. Mesmo contrariando as perspectivas lógicas, inclusive os meus prognósticos e, em alguns casos, a minha torcida, a revelação valia muito num mundo sedento por informação e num país polarizado. Havia um porém a ser levado em consideração: ao confessar que minhas preciosas revelações surgiram de um simples lanche, provavelmente, eu seria ridicularizado, acusado — por Renan Calheiros — de charlatanismo e preso por disseminar fake news . Eu estava

Presepada 🔵

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  Muita gente no carro, irmãos, cunhados, sobrinhos. Família vindo do interior, a responsabilidade era grande, então eu teria que mostrar as “maravilhas” turísticas de Guarulhos. Mas o quê? Pensei ser pretensioso, vergonhoso mesmo, querer apresentar o zoológico, aliás quaisquer atrações relacionadas à natureza. Foi quando tive um estalo, um insight salvador: mostrar uma rua toda enfeitada e iluminada pro Natal. Um legítimo show de luzes de dar inveja a Gramado. Como não tive tal ideia antes? Anunciei aonde estávamos indo. Durante o trajeto antevi o impacto disruptivo do que estávamos prestes a testemunhar. Eu sabia que o evento mudaria a péssima impressão do município operário da Grande São Paulo mudaria para muito melhor. Nessa hora, senti um certo orgulho por viver num lugar tão incrível e não consegui disfarçar um sorrisinho arrogante no canto da boca. No caminho, fui viajando no que veríamos a seguir. Quando entramos na rua anunciada, rolou uma certa decepção. Foi difícil a

Um conto de Natal — A floresta mal-assombrada 🔵

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  A nossa “arvrinha” de Natal tinha vários aspectos depreciativos: era artificial, tava velhinha, já tinha dado o que tinha que dar. O Natal significa um monte de valores abstratos: amor, esperança, amizade, fraternidade, fé, solidariedade etc. Para crianças, é tempo de férias, festas, presentes e mesa cheia. Precisávamos urgente de uma árvore que abrigasse decentemente nossos presentes, pisca-piscas e um presépio cheio de simbolismo. Bom mesmo seria um pinheiro natural, então precisávamos de um, de qualquer maneira. Fomos,  minha irmã e eu, comprá-lo. Aquele ano, talvez fingindo uma imaginária ascensão social, o pinheiro teria que ser real e o maior possível. Na minha imaginação, a minha sala seria uma réplica do Círculo Polar Ártico, de acordo com a tradição. Sou vítima de uma propaganda que me custaria o esforço de transformar a minha sala no Hemisfério Norte, com muito frio, neve e um pinheiro. Eu traria o vegetal, mesmo que eu precisasse arrancá-lo com os dentes. Pois bem, m

A marmelada do ano da revista Time

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  A pesquisa da Time indicava o que acabou sendo comprovado: Bolsonaro venceu a votação “A personalidade do ano”, da revista americana Time . Como era suspeito, a Time ignorou a indigesta predileção e “elegeu” uma personalidade de acordo com sua narrativa. Elon Musk estampou a capa da revista, que perdeu mais um pouco de sua credibilidade e talvez alguns leitores. Eu nunca considerei confiáveis enquetes por meios eletrônicos remotos. Isso sempre gerou discrepâncias, porque o exército mais engajado põe o dedo para trabalhar e elege o famoso “quem?”. Independente da importância, qualquer votação parece a escolha de um vencedor de reality show . Contudo, a revista tentou a sorte. Para azar do informativo de viés “lacrador”, não conseguiram eleger nenhum prodígio aquecimentista, nenhum pacifista de butique e nenhum presidente americano democrata. O presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, ganhou. Sim, o cara chamado de nazista, fascista, genocida etc venceu. Admitir o resultado

Ela é bailarina, eu sou funcionário 🔵

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  É uma experiência estranha martelar e serrar ao som de Tchaikovsky em vez do Katinguelê, no entanto eu já fiz isso. A um passo do mundo de palco, luzes, música clássica, fantasias, bailarinas e palmas, me sentia como um pipoqueiro na porta de um teatro da Broadway. Eu sempre soube que o objetivo seria uma excelente estrutura para a apresentação de balé, por isso, juro, sempre martelei cada prego, carreguei algo ou colei — mesmo que com fita crepe — algo tendo a absoluta certeza que o sucesso da apresentação dependia de mim, em vez das bailarinas — com anos de estudos e dias de ensaio. Tenho que admitir o que sempre pareceu óbvio: o trabalho de engenharia, mais cerebral, ficava com meu cunhado e meu irmão, mas justiça seja feita, eu era... ,digamos, esforçado. Além de tudo, fora o sangue derramado e alguns perrengues passados, o período de brainstorming e execução eram sensacionais, sobretudo pelas cervejas revigorantes. Finalmente a grande noite, o espetáculo. Acho que as bai

A Inquisição Nada Santa

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  Pronto, passou. Renan Calheiros, Omar Aziz, Randolfe Rodrigues, Otto Alencar e grande elenco já brincaram de Tribunal da Inquisição ou o Julgamento das Bruxas de Salem. Renan e Omar brigam pelo desempenho muito análogo ao do cruel inquisidor Tomás de Torquemada (O Grande Inquisidor). Empolgados com a fugaz notoriedade, estão indo longe demais e podem cometer um erro, menos grave, mas igualmente persecutório ao da cidadezinha colonial do estado de Massachussets. O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, interferindo em outro Poder da República, deu o start para o Senado instaurar a “CPI da perseguição”. Essa comissão não conseguiu cumprir seu principal objetivo — tirar o presidente —, mas mostrou o que dá colocar essa turma interrogando. Essa palhaçada ficou conhecida, por quem logo percebeu que isso não era sério, como “CPI do circo”. Médicos e pesquisadores foram desrespeitados por políticos quanto ao tratamento ideal na pandemia. Fora de Brasília também houve uma incrível desa

O chapéu de Moro

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  Dessa vez começou cedo. Já foi aberta a temporada de políticos tentarem parecer “gente do povo”. Nos meses que antecedem as eleições, os candidatos saem mordendo gororobas em botecos pés-sujos, montando toda sorte de animais que representem a perseverança nordestina e oferecendo a cabeça para os bonés e chapéus que aparecerem. Isso rende uma porção de memes, situações constrangedoras e piadas. É ridículo, mas se o marqueteiro recomenda o esforço, deveria render alguns votos. Na prática, acredito que até espanta eleitores porque soa tão autêntico quanto uma cédula de 3 reais. Sem jeito para morder um salgado num boteco, João Doria queimou a boca. Geraldo Alckmin já se fantasiou de “garoto estatal”, querendo enfrentar o estatista Lula. Mas nada superou o candidato Sérgio Moro usando um chapéu de couro nordestino. O visível desconforto mostra que a campanha será muito difícil e longa para ele.  Visivelmente tímido, o ex-juiz sempre demonstrou não estar muito à vontade em aparições po

Podcast

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  Podcast não é só um arquivo de áudio, é um conceito. Não adianta grandes empresas de comunicação transformarem ou produzirem programas tradicionais no formato, o resultado é um produto chato, engessado e formal, apesar da qualidade técnica. Essa molecada, chamada de influencers , porém, meteu o pé na porta e entrou na produção de conteúdo sem pedir licença — melhor, invadiu. Falando exclusivamente dos podcasters , diferente das onerosas programações feitas por antigos profissionais da televisão, a molecada ligou um celular e começou a conversar. A informalidade diminuiu a distância entre o emissor e o ouvinte. A programação televisiva vem sendo ignorada, já não é centralizadora como era até os anos 90, quando as coisas só aconteciam quando apareciam no Jornal Nacional. A televisão está perdendo audiência para a internet e a tendência é o aparelho se tornar apenas uma plataforma de smarttv , streaming. Por enquanto atrai audiência para o futebol ao vivo. Os podcasters se prof

0211. Glenn e Rui

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  Glenn Greenwald, nos Estados Unidos, disse: “A esquerda está mentindo”. Ele demorou para constatar isso, bem como errou o tempo verbal. Seria mais honesto ele dizer: A esquerda mente. Mas para um esquerdista notório, legítimo e internacional, já está bom. O gringo já foi vítima preferencial dos direitistas (fisicamente, inclusive) por ter se tornado, mais que um antagonista, a personificação da esquerda identitária. Mas, agora, igual a Rui Costa, ele vem conquistando o respeito dos conservadores.  Rui Costa Pimenta é um “canhotinha” raiz, não desses que mantêm a crença inocente no que professores/militantes/doutrinadores lhes enfiam na cabeça. Seu vocabulário é viciado com lugares-comuns, teorias muito antigas e expressões que caíram em desuso, tipo: capital, burguesia, luta armada, proletariado e mais-valia. Assim, ele eternamente espera uma utópica revolução proletária que nunca virá, bem como a transformação do mundo num lugar idílico.  Rui é o eterno presidente do PCO (Partido da

Sara

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  Seus detratores a chamavam, pejorativamente, pelo nome de batismo, Sara Giromini, mas ela preferiu assumir uma personagem conhecida por Sara Winter. Sem ser artista, mas com nome artístico, ela entrou de corpo e alma em todas as paradas, mesmo que visivelmente opostas. Foi feminista radical do grupo feminista ucraniano Femen. Feminista com pautas assustadoras, dessas que aparecem seminuas, gritando, interrompendo grandes eventos, segurando cartazes provocativos e sendo retiradas pela polícia sob surras de cassetete, jatos d’água ou spray de pimenta. Ás vezes, todo o arsenal da polícia era empregado para dissuadir as aguerridas moças de suas lutas. Nessa toada, a loira percorreu o circuito completo — e lacrador, porque a imprensa era interessada na “causa” — de entrevistas no Brasil. Mergulhou com tudo. A grande surpresa foi quando Sara Winter reapareceu em sua nova configuração: conservadora, contra o aborto, bolsonarista e mãe. Fez campanha para o presidente e, falando bem o

A péssima arte 🔵

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  Jules e Jim, filme de 1962, do diretor François Truffaut, no CineSesc. Apesar de a ideia de assistir ao filme “cabeça”, do diretor “cabeça”, na sala de cinema “cabeça” ser minha, teria que fingir, novamente, para minha namorada, que eu era um cara “antenado” e me amarrava em filmes de diretor, iranianos e outros muito exóticos. Sabia que aquela seria minha missão mais impossível. O roteiro já estava arquitetado na minha mente: assistiria à obra fazendo cara de crítico de cinema; depois, no café, comentaria, com afetação blasé , (aparentando completa indiferença), fotografia, interpretação, trilha sonora, figurino etc e citaria grandes cineastas — desses que “pega bem” citar, mas poucos veem. Exemplos: o próprio François Truffaut, Federico Fellini, Jean-Luc Godard, Ingmar Bergman, Jean Renoir e Fritz Lang. Acredite, isso é muito esforço para quem tem como background a Sessão da Tarde, Tela Quente e blockbusters em geral. Com muito esforço mental, poderia citar Steven Spielberg o

Touro de Ouro

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  A B3, Bolsa de valores do Brasil, em São Paulo, ocupa um prédio discreto na rua 15 de Novembro. O importante endereço capitalista só não passava despercebido apenas por investidores. Quase todos os transeuntes simplesmente ignoravam o que acontecia no imóvel do Centro Velho, quando não o confundiam com uma agência bancária qualquer. Mas isso já mudou com a presença do Touro de Ouro. É notória a presença do “animal” de bronze em Wall Street, bolsa de valores em Nova York, Estados Unidos. Agora temos um menos ameaçador touro. A nossa réplica possui traços mais amigáveis. Embora o nosso bichinho exiba feição mais simpática, na verdade esse aspecto parece refletir os poucos investidores e a grande aversão ao risco abaixo do Equador. Como é tradição nos EUA, o nosso bravo bovino, de cara, começou uma interminável sessão de fotos e massagens numa parte remota de sua anatomia (dizem que dá sorte).  No entanto, o nosso touro capitalista sofreu um burro ataque de vândalos. Apesar de id

L’etat c’est moi

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  José Dias Toffoli cometeu ato de sincericídio, acordou se sentindo Luís XIV ou achou que o Brasil ainda fosse colônia de Portugal. Lá na terra dos nossos antigos colonizadores, Toffoli, num rompante ególatra, disse que o STF exerce, também, a função de Poder Moderador, no Brasil temos um semipresidencialismo e é difícil ser presidente no Brasil. É comum, no País,  não respeitarem as decisões populares. Exemplo: em 2005, em referendo, o povo votou a favor da comercialização de armas, porém, demonstrando profundo desprezo por decisões populares, foi estabelecida exclusividade a ladrões, traficantes e milicianos. Respeitando a decisão popular, nossa forma de governo é republicana e o sistema, presidencialista. Isto foi decidido no plebiscito de 1993 e está na Constituição, no entanto, Toffoli tem sua própria Constituição e, depois de lê-la no banheiro (só pode ser), resolveu instituir o semipresidencialismo. Ressuscitando o Poder Moderador, que, segundo os livros de História, to

Lula e Alckmin — Teatro das Tesouras

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  Não resta mais dúvida. Para quem atribuía a menção da expressão “teatro das tesouras” a uma “teoria da conspiração” a simples ideia da chapa presidencial Lula/Alckmin prova a veracidade da teoria. Os partidos PT e PSDB têm praticamente a mesma ideologia, a diferença é que um é sindical e o outro, universitário, respectivamente. Além disso, o PSDB defende, demonstrando certa vergonha, as privatizações — sendo xingado, do ponto de vista petista, de neoliberal — e austeridade fiscal. O PSDB é, muito porcamente resumido, um PT de banho tomado e paletó. Dando mais ênfase nas semelhanças, PT e PSDB sempre enganaram, representando o “teatro das tesouras”, fingindo antagonismo enquanto eram, na verdade, aliados. Dessa maneira, mesmo havendo ódio a um ou outro, a corrente ideológica canhota se perpetuaria no poder. Nessa enganação, os tucanos se disfarçaram de “direitistas”. A produtora de vídeos Brasil Paralelo tem uma série de filmes com o título O Teatro das Tesouras que retrata a

O Quadro 🔵

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Da Vinci, Picasso, Edvard Munch, Dalí, Portinari, Tarsila, Rembrandt ou Michelangelo. Nenhum pintor conseguiu o que alguém alcançou com um simples quadrinho comercial e produzido em série. Dizem que a arte tem que chocar; esse quadrinho literalmente chocou. A Gioconda (Mona Lisa), Guernica, O Grito, A Persistência da Memória, Os Retirantes, Abaporu, A Lição de Anatomia do Dr. Tulp e A Criação de Adão, nenhuma obra me disse tanto quanto um quadrinho desbotado pelo tempo. Óleo sobre madeira; óleo sobre tela; óleo, têmpera e pastel sobre cartão ou afresco. Isso nunca importou. Acho que foram fabricados muitos quadros iguais àquele, mas aquele simples quadrinho é o que importa. 1503-1506, 1937, 1893, 1931, 1944, 1928 ou 1508-1515, nada tão antigo. Aquele retrato emoldurado para atender uma demanda muito específica; a imagem comercial feita mais recentemente; a mensagem de apelo emocional acertou em cheio. Museu do Louvre, Paris (França); Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madri (Es