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Mostrando postagens de julho, 2023

‘Você vai acreditar em mim ou nos seus próprios olhos?”

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                         A imprensa culpou o povo) pela polarização política (!?). No entanto, a imprensa, que não deveria fingir que não tem um lado, virou torcida. Com contorcionismo semântico e “duplos twists carpados” argumentativos, os informativos abusam de oxímoros caindo em contradição, talvez propositalmente, “desinformando e andando”. É aí que surgem: “despiora; é alto, mas está baixo; acertou, apesar de ter errado; o cenário econômico não é desastroso. Mas também não é muito bom; a Selic pode subir, cair ou ficar parada”; e “pode fechar 2023 em recessão, mas isso pode não ser o fim do mundo”. Essas pérolas poderiam ser encontradas num jornal de bairro, no entanto enfeitam as primeiras páginas de jornais consagrados. Estão escrevendo sério de um modo que parece brincadeira: tá ruim, mas tá bom; e começa assim, mas depois piora. Esse “é, mas não é” ocorre pela urgência de dizer que as coisas não são como parecem; ou seja: o bom tem que parecer ruim ou o ruim tem que parecer bo

🔵 Vale das sombras

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  Apesar de ser um colégio público, aquele ambiente era um vestíbulo para “herdar a presidência das empresas do papai”. Talvez, muito enganosamente e preconceituosamente, mas essa era a impressão. Além disso, minhas notas me conduziam para o abismo. Portanto, alguma atitude seria urgente para mudar aquilo. A transferência para o período noturno, era, automaticamente, o descenso para a “série B social”. A aquisição de um emprego tinha o condão de atribuir alguma nobreza à transferência ao “depósito estudantil”. O trabalho no “sacolão” ao lado da minha casa tinha “status” de bico, e viver entre frutas e verduras parecia que não traria grande futuro. A loja de roupas no “shopping center”, o ônibus, a folha de ponto e o horário de trabalho dariam a responsabilidade que eu precisava, além de eu atingir os meus reais objetivos. Com 16 anos de idade, era um bom primeiro emprego, não precisava fritar hambúrgueres e não perderia mais um ano escolar. Apesar de ser um colégio, no período n

Sambando e andando II

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  Sérgio Cabral se deu bem. O ex-governador foi condenado a 425 anos de prisão, porém está livre, é influenciador (!?) digital e será homenageado pela escola de samba União Cruzmaltina. A escola, ligada a torcedores do Vasco da Gama, desfilará na Série Prata e, estimulada por mistérios inconfessáveis, exaltará o ladrão confesso. Cabral não tem samba no pé, e eu sei o que é isso, pois sempre padeci da mesma deficiência. Entretanto, ele é um legítimo malandro carioca.  Não aquele malandro carioca pra turista, que surge todo de branco, com um paletó uns dois números sobrando, camiseta listrada, sapato bico fino e chapéu cobrindo o rosto, faz seu número e colhe algumas moedas e captura algum gringo ou paulista. O ex-governador é malandro porque rouba sem manchar as mãos de sangue, confessa o crime, é condenado a 425 anos de prisão, é solto e torna-se influenciador (!?). Até o Carnaval, ele será alvo de muitas críticas, como já está sendo. É muito possível que a escola de samba desista

🔵 Teatrinho

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  Fui, mesmo sabendo se tratar de uma roubada e prevendo que eu teria que fingir ser um tipo intelectual, “cabeça”, antenado e culturalmente bem integrado. Minha namorada me convenceu da aventura. Imaginei meu figurino “hippie de butique”, inspirado nos habitantes da Vila Madalena, consumidores de cachaça com linguiça ao som de chorinho. Chegando no teatro, uma senhora, conduzindo o que eu deduzi que era a Galinha Pintadinha, subia as escadas. Ri com a absurda situação, entretanto acho que fui o único. São Paulo proporciona cenas muito mais insólitas sem despertar reações. Nem andando de ônibus ou metrô alguém é capaz de esboçar um sorriso. Mas eu logo vi que aquilo começou de um jeito muito estranho. O chamariz da peça era um ator que era conhecido por ter atuado em novelas da Globo. Fui, mesmo sabendo que o espetáculo, quando é anunciado pelo elenco estrelado em vez de um bom roteiro, costuma ser um pastiche. Num monólogo, o ator global interpretou Gandhi. Nem a indumentária exi

🔵 Segunda série fora de série

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  Não sei o porquê, talvez a abertura de vaga ou o bom humor da secretária da escola, mas eu estava voltando para a escola do meu bairro. Já não convencia o drama típico do primeiro dia de aula; era um dia qualquer na segunda série. Então, sabia onde eu estava me metendo, só não sabia que ficaria ali por oito anos. Minha mãe me “entregou” à professora (tia) japonesa. Ela me apresentou à sala, e todos responderam bovinamente: “Oi, Rafael”. Mesmo sem saber o que era uma reunião dos Alcoólicos Anônimos, aquilo foi estranho. A turminha parecia hipnotizada como o elenco do filme Colheita Maldita. De qualquer maneira, me dirigi ao assento indicado.  Não sei se faltou alguém, mas, sem saber, mais do que apenas um lugar vago eu estava me associando a uma gangue infantil (do bem) que seguiria unida até eu ficar retido na sexta série. Esse simples gesto, esse plano do destino podia definir se eu participaria do “Clube de Astronomia” ou da equipe de futebol. Os sortilégios da professora, dig

Rap do bem

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  O ornitorrinco é um bicho construído baseado nas ideias das exaustivas reuniões de comissões. Após intermináveis deliberações, o resultado é um mamífero ovíparo equipado com bico de pato. Pior é quando os tiozinhos da firma resolvem fazer um produto com a cara da juventude. O resultado é de uma tosquice constrangedora. Foi isso que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) conseguiu. Com mais uma duvidosa intenção, o TSE contratou uma peça publicitária para ensinar o que é liberdade de expressão, como se isso fosse seu real objetivo. A agência de propaganda não teve dúvida, cometeu um “rap por encomenda”, ilustrado por uma galerinha esperta. O resultado é tão vergonhoso quanto chegar na balada com um casaquinho de lã. Mas o objetivo da campanha é orientar o brasileiro quanto à liberdade de expressão. O objetivo sempre foi expelir regras, por isso saiu um ornitorrinco. A peça não comunicou com ninguém, pelo contrário. Entrará para a história, numa modalidade de “a internet não perdoa”

A volta do ébrio

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  Lula botou a culpa no Bolsonaro. Não pela compra de deputados, não pelo aumento de impostos, não pelos “dinheiros” distribuídos aos amigos, não pela corrupção, não pela...   Já testemunhei Bolsonaro sendo criminalizado por ser um motoqueiro, pelo fracasso do submarino “de fundo de quintal” ‘SeaGate’. Entretanto, Lula revelou o que eu e mais de 33 milhões de torcedores temíamos: o ex-presidente é culpado pela má fase do Corinthians. Aí já é demais! Eu, bovinamente, segui o mestre, portanto estou disposto a replicar a informação. Agora já sei a quem reclamar pelas derrotas do meu time. Um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) justificou medidas arbitrárias e irrevogáveis citando a irrevogabilidade da finalíssima de 1976 que o Timão perdeu para o Internacional de Porto Alegre. Eu bem que suspeitava, o Corinthians sempre foi prejudicado por políticos safardanas, desde os tempos de Nilo Peçanha. O São Paulo, pelo contrário, sempre foi beneficiado por políticos safardanas. Coinc

Simplesmente Barroso

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  Luís Roberto Barroso... O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) sofreu uma carga de testosterona em pleno palanque. Como a vida lá no alto é muito mais emocionante e repleta de sentido, na presença de uma plateia militante, empunhou o microfone e bancou um líder de massas. Falhou. Barroso foi vaiado. Ele acredita que só é odiado pelos bolsonaristas; entretanto, seria vaiado pela direita, esquerda, centro, Hemisfério Norte, Ocidente, Oriente, Círculo Polar Ártico, Meridiano de Greenwich, Trópico de Capricórnio, Linha do Equador etc. Vendo que mesmo em território familiar estava sendo apupado, Barroso sapecou o discurso antibolsonarista. No momento que vi aquilo, lembrei da tática do animador de quermesse: quando o público, desanimado, está prestes a apedrejar o locutor, este saca a pergunta infalível: Tem corintiano aí? Não falha. Automaticamente, o apresentador sem graça herda uma relativa popularidade. Cercado da turminha da UNE (União Nacional dos Estudantes), Barroso lem

Escolas cívico-militares

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  Roteiros manjados de filmes retratam escolas dominadas pelo crime. Sempre num bairro pobre dos Estados Unidos, essas escolas são depósitos de gente. Reúnem latinos, negros, imigrantes e pobres em geral. Divididos em gangues e simpatizantes, o pedágio humanizador relata a origem difícil de cada um. Em comum, a falta de perspectiva. Esse ambiente degradante conta com a condescendência de um diretor corrupto. Depois, um docente abnegado chega, inocentemente, para lecionar a uma turma completamente desinteressada. Vendo onde se meteu e, mais grave, correndo risco de morte, ele (a) quase desiste da classe. Entretanto, perseguindo um final feliz, tudo termina bem: os alunos abandonam a vida criminal, aprendem alguma coisa e revelam talentos latentes. As escolas cívico-militares são isso na realidade: escolas degradadas e alunos “largados” transformados positivamente. Mas querem acabar com isso. Lula, sempre estimulado pelo sentimento da vingança, quer acabar com as escolas cívico-mi

Dó - Ré - Mi - Fá - $ol - Lá - $i

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  Fernando Haddad, segundo ele, não entende de Economia. É fácil compreendê-lo. Fernando Haddad toca mal ‘Blackbird’ dos ‘Beatles’. O fato de construir um Lá maior já seria o suficiente para surpreender uma plateia impressionável.  O pato tem três atributos (nada, anda e voa) que poderiam alojá-lo no topo da cadeia alimentar; no entanto, como não faz nada disso com excelência, é servido com laranja e batatas. Haddad é isso: o pato federal. Ele tem algumas habilidades, porém não se destaca em nenhuma delas. Eu também não sabia a diferença entre CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e CMN (Conselho Monetário Nacional), mas sei montar um Lá maior, mesmo assim, nunca me atrevi a dedilhar um violão numa camerata. Miriam Leitão não me decepcionou. A economista deve ter se sentido constrangida em elogiar as medidas que supostamente entendeu. Como não poderia passar em branco no certame que elegerá o funcionário do mês, bajulou o ministro da Economia, digamos, violonista.  Na entrevis

De Alexandre, o Grande a Wesley Safadão

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  D. Manuel I, o Venturoso; D. Pedro I, o Libertador; D. João VI, o Clemente; e... Wesley Safadão. Nenhum juízo de valor a nenhum desses personagens históricos; logicamente, nem a Wesley Safadão e sua obra. Entretanto, a qualidade transformada em substantivo próprio representa o valor do tempo que se quer associado ao nome. Arthur Lira é o presidente da Câmara dos Deputados. Ele açodou o trâmite da reforma tributária. Uns acham boa, outros acham ruim, mas não é isso o que eu quero discutir, até porque sei pouco dessa reforma. Mesmo sem a devida discussão, a reforma foi aprovada rapidamente porque Lira não poderia perder o embarque para uma “experiência única”. Arthur Lira apressou-se para não perder o embarque no cruzeiro marítimo do Wesley Safadão! Será que dá para avaliar o nível da Câmara pelo gosto musical de seu presidente?  Nada contra o artista, ele é um produto de seu tempo. Ele simplesmente escolheu como nome artístico algo que entendeu ser um valor atual, um nome que iri

🔵 O motivo do atraso

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  Subi alguns degraus, passei a catraca e esperei o Metrô. Eu já estava acostumado com aquela rotina, mas tinha mais. Chegou o trem rumo ao Jabaquara. Entrei no vagão e achei um lugar vazio. O sinal anuncia o fechamento das portas. A sucessão de estações seria rápida, não fosse a minha ansiedade causada pelo atraso. Inebriado pela voz feminina que saía dos alto-falantes, fui interrompido quando a voz masculina e ríspida ordenou: “Não impeça o fechamento das portas, isso atrasa o funcionamento do trem”. Esse pequeno contratempo já quebrou a rotina enfadonha. Porém, com esses pequenos atrasos, sabia que chegaria um pouco mais tarde. A rotina foi quebrada de uma maneira desagradável, que só imaginei em devaneios infantis. O que um dia foi um pensamento vago, tornou-se uma triste realidade: o Metrô partiu com um sujeito preso pela blusa. A composição acelerava, e o infeliz “passageiro”, com o raciocínio interrompido, corria, acompanhando o trem. Não se livrando da jaqueta, aquele cara

🔵 Ele não surfa, nada

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  Recortando marcas de “surf wear” e criando adesivos com plástico ‘Contact” transparente eu não estava fazendo algo inútil, estava seguindo uma modinha. Além de reverenciar marcas de roupas e acessórios de surf que eu nunca iria usar, estava fazendo propaganda grátis.   Mesmo morando longe da praia e nunca ter subido nem em uma prancha de isopor, gostava de ler as revistas Fluir, Visual, Costa Sul etc. Todas estas revistas passavam por uma implacável linha de produção: ler, recortar, plastificar e colar numa pasta preta. Ainda assim, apesar do processo industrial, eu não era um surfista. Entretanto, minha origem tropical e meu talento natural para pegar onda teriam que ser provados. E a oportunidade surgiu. Mongaguá (Litoral Sul de São Paulo) não tinha ondas muito grandes, pelo contrário, arrebentavam ondas suficientes para “pegar jacaré”. Mas, finalmente, surgiu a tão esperada ocasião para eu acordar bem cedo e “cair n’água”. Além de tudo, era fora de temporada, portanto a praia

Super pop

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  Provando que o que não mata, fortalece, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) fortaleceu justamente aquele e aquilo que pretendia eliminar: Bolsonaro e o bolsonarismo. O esforço é infrutífero como revogar a Lei da Gravidade. Mas, como “missão dada é missão cumprida”, o serviço foi feito, como era previsto. Não é qualquer um que aplica tapinhas carinhosos na face empoderada de um juiz. Para tomar essa atitude com desassombrada intimidade é necessário ter certeza de um “coringa no bolso do paletó”. Como todo populista, Lula, acumulando as funções de estelionatário e psicopata, sentirá falta do Capitão para atribuir a culpa de todos os males do mundo: da letalidade do covid-19 ao fracasso do submarino de fundo de quintal ‘OceanGate’. Quando Fernando Henrique passou a faixa, Lula tentou criar uma herança maldita. Colou. Em 2023 ano, o petista, tentando desviar a culpa pela pessoal e intransferível incompetência, lançou mão da mesma estratégia. Não colou. O que sobrou foi culpar o presi

🔵 O candidato

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  Ora vereador, ora candidato, ele era onipresente. Embora não existisse o voto distrital, aquele político era o “dono” daquele bairro. Os sanduíches de presunto e queijo e a lata de guaraná eram o prêmio pela distribuição do jornal; a bola de futebol foi o patrocínio por ostentar o nome, número e partido do candidato; o churrasco lembraria quem pagou a carne; finalmente, a contrapartida mais valiosa, meu voto estava tacitamente comprometido com o transporte “gratuito” para “tirar o R.G.”. Estou ciente de que se eu precisasse de cadeira de rodas ou dentadura o candidato forneceria, já que, mesmo em sentido figurado, todos aqueles benefícios serviam de muletas.  Bem de manhãzinha, estava eu aguardando a viatura. Depois de alguma espera, chegou o carro. Bovinamente, embarquei na Kombi. Parti feliz... Aquele “privilégio” seduz qualquer um, quanto mais um moleque sentindo-se adulto por adquirir um documento. Não estávamos pendurados num ônibus lotado, estávamos num... automóvel. Talve