Prenda-nos se for capaz

 


Querubim e Serafim, digo, Tatu são nomes que remetem a uma certa ternura. Porém, diferentemente, são os apelidos de dois integrantes de facções criminosas que fugiram de um presídio de segurança máxima.


Sim, o governo federal criou a fuga de presídio de segurança máxima! Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública, justificou a falha, dizendo: relaxamento por conta do Carnaval. Só faltava ele dizer, malandramente: Sabe cumé quié, ziriguidum, telecoteco, balacobaco, prucurundum...


Humilhação ou facilitação, tirem suas conclusões. Dando asas à imaginação, a façanha foi cinematográfica como as peripécias de Indiana Jones. Os facínoras (Querubim e Tatu) tiveram sua aventura facilitada com câmeras desligadas, vigias curtindo um carnavalzinho e ferramentas à disposição. Sim, os fugitivos encontraram a facilidade de quem vai passando de fases num joguinho de videogame.


Lewandowski, investido de poderes de “Loucademia de Polícia”, considerou a operação de recaptura fracassada um êxito — o oxímoro que incluiu fracasso e êxito na mesma frase causa uma estranha falta de coerência que prova que não há propaganda ou embalagem que salve um péssimo produto.


Os bandidos, com nome de nova dupla sertaneja sensação do Brasil, inauguraram a novíssima gestão do ministério com uma sincronia cirúrgica, o que mostra com quem foi parar a responsabilidade da Segurança.


Nossa Justiça solta a bandidagem e devolve produtos de roubo. Ou seja, julga criminosos com “prerrogativas laxativas”, trata senhorinhas com uma espada vingativa (utilizada como arma sangrenta) e analisa as partes com uma balança viciada. Aquele símbolo da Justiça cega passa a ter o sentido de deficiência visual.



PS: Minha limitação criativa não permite que eu desperdice um terrível trocadilhado que me ocorreu. Então vai: Tatu, onde tu tá?


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