A arte de enganar

 


Oliver Stone é um excelente diretor de cinema. Já fui enganado por ele várias vezes e gostei disso. Quando assisto a um filme, quero ser enganado. Mais que isso, muito bem enganado. O tiro de festim tem que parecer fatal; o catchup tem que ser igual sangue. Oliver Stone domina a técnica de ludibriar sob luzes e diante das câmeras. Aí, eu aceito ser ludibriado por ele. 


Entretanto, quando a pessoa física do diretor insiste na narrativa de que o Lula é um líder pacifista mundial, eu sei que ele está fazendo um proselitismo barato. Alguém com a cultura que ele deve ter, só pode estar de sacanagem, agindo de maneira dolosa. Duvido que ele seja tão inocente a ponto de se informar pela agência “Reuters”. Parece que o diretor é distraído, ou que ele tem interesses escusos, mas ele só está pagando um pedágio ideológico à “beutiful people”, da qual ele faz parte”.


A “beautiful people” só achou um modo de se sentir melhor que o restante da Humanidade. Ferrari e Lamborghini, qualquer novo-rico que ganhou na loteria ou recebeu uma herança consegue ostentar, e bolsas da “Luis Vitão” são vendidas nos camelos. 


Esse fenômeno é conhecido por “crenças de luxo”. Para entrar para esse clubinho, é necessário vestir roupa de grife com aspecto de pobre (“cosplay” de pobre), frequentar barzinho da moda caro, mas com cara de boteco de periferia e julgar-se superior porque é vegano. As crenças de luxo só têm graça se essa virtude puder ser sinalizada. Por exemplo: não adianta ser vegano, sem enfiar o dedo na cara de um carnívoro e recriminá-lo por devorar cadáveres. Não é satisfatório reciclar lixo; de alguma maneira, isso tem que ser “vendido” como “salvação do planeta”.


No festival de Cannes, Oliver Stone se encontrou no cenário ideal. Falando para uma plateia de adeptos dessa nova doutrina, ele fez questão de agradar um bando de adoradores de ditadores sul-americanos e africanos.


Mesmo com essa tremenda falha de caráter e desonestidade intelectual, eu ainda aceito ser enganado por Oliver Stone; só que, diferentemente da “beautiful people”, somente nos filmes. 

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