🔵 SP 470 — EdifĂ­cio Itália

 


De longe, avistei o prĂłximo “alvo”: Circolo Italiano (EdifĂ­cio Itália). NĂŁo era o mais alto de SĂŁo Paulo, mas era bem imponente, icĂ´nico e com uma vista, digamos, geomĂ©trica. Para quem nĂŁo se contentava apenas com a paisagem urbana, tinha a Serra da Cantareira cercando toda a Zona Norte. 


Como faltava coragem, tĂ©cnica e cara de pau para subir o arranha-cĂ©u como o francĂŞs Alain Robert (escalando) e fĂ´lego para vencer os 46 andares (pelas escadas), entĂŁo, subi Ă  cobertura pelo elevador. Quando as portas abriram, praticamente dentro do requintado restaurante, vi que nĂŁo teria mais volta. 


BonĂ© entortado, jaqueta jeans surrada e mochila nas costas denunciavam a presença de mais um fotĂłgrafo naquela cobertura. O “maĂ®tre” devia estar familiarizado com a presença de caçadores de imagens. Como se a indumentária  fosse submetida a uma rápida análise, eu esperaria ser barrado ou ignorado pelo segurança, garçom ou “maĂ®tre”. Diferentemente das minhas expectativas, fui bem recebido, bem tratado e orientado.


Saquei a jurássica, embora excelente, máquina fotográfica e comecei a clicar as fotos mais retratadas do centro de São Paulo. Portando os negativos do icônico edifício da Avenida Ipiranga, como se estivesse fugindo, deixei o restaurante sem aproveitar a consumação.


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Em 2017, dois paraquedistas calmamente jantaram e beberam vinho ao som de um piano. Contrastando com o  requinte do restaurante refinado (Terraço Itália), a dupla saltou, num inĂ©dito “base-jump”. O velame entregou-os Ă  Avenida Ipiranga sĂŁos e salvos. 


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Como falei, na minha saĂ­da, satisfeito com as imagens capturadas, abri mĂŁo do cardápio e saĂ­ com pressa. Fui, novamente, tratado com garbo e elegância, apesar do meu aspecto. Como o endereço ficou manjado, minha imagem provavelmente denunciaria a intenção de uma fuga radical (como os paraquedistas do “base-jump”). 


Atualmente, acredito que o meu tratamento seria bem diferente, pois, devido ao modo como me equipei, denunciava a possibilidade de me atirar do prédio de 165 metros. Daquele jeito, somente numa correria, no imediato instante da abertura das portas do elevador, eu conseguiria abandonar o restaurante triunfalmente.


Quando vejo o arranha-cĂ©u da Avenida Ipiranga, custo a acreditar que já escalaram e saltaram daquele lugar espetado no centro de SĂŁo Paulo. 

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