Especial de Natal 🔵

O Natal sempre significou mais para mim na minha infância. Acreditar em Papai Noel (aquele velho impostor), sinceramente, eu não me lembro disso ter acontecido. Talvez a lenda tenha se desfeito quando, muito novo, na igreja, eu tenha me disfarçado do velho farsante, para, burocraticamente, distribuir balas.

O melhor de toda festa é esperar por ela. O dia 25 de Dezembro era assim, ainda mais por significar férias escolares, viagens, presentes de Natal e aniversário, pois estas datas ficam próximas. O que poderia ser muito chato para a Humanidade, eu achava muito legal. As festas de fim de ano começavam quando eu ia ao Centro de São Paulo, especialmente, ao Mappin. Numa das pontas do Viaduto do Chá, praça Ramos, ficava essa loja de departamentos, com vários andares. Nessa época, o departamento obrigatório era o de brinquedos. Minha mãe ficava no setor de sua preferência, eu corria para o departamento infantil.  Partia até lá de escada, mas de elevador tinha a ascensorista anunciando as seções a cada andar: “cama, mesa e banho”,”eletrodomésticos”. A lei Cidade Limpa, que acertou ao diminuir a poluição visual, trouxe o efeito colateral de acabar com as luzes de Natal, o Centro ficou mais cinza, sombrio e escuro. O Mappin encerrou suas atividades em 1999.

O trajeto, para ir ao Mappin, era a rua São Bento e Viaduto do Chá. Quando dava tempo, Lojas Americanas e Brasileiras, na rua Direita eram obrigatórias. Minha irmã me apresentou a, outrora temida, Galeria do Rock. Hoje a Galeria tornou-se um shopping dos “moderninhos”. 

Algumas ruas da minha cidade também ganhavam iluminação especial, nessa época. Era brega? Era, mas dava uma cara de final de ano. Isso também mudou, por falta de dinheiro ou por corrupção, ou as duas coisas, sei lá. Quanto ao Papai Noel, aquele velho batuta, já o encontrei sob diversas facetas, de modo que já caiu em descrédito. Papai Noel, o velho capitalista, é uma contradição.