Pantanal

 



A Vênus Platinada, Poderosa, Plim-plim, Rede Globo irá fazer uma refilmagem da novela Pantanal. Qualquer semelhança com a realidade não será mera coincidência.


O folhetim foi um sucesso surpreendente da extinta rede Manchete. A audiência foi tanta, que suplantou as, até então, novelas globais. O enredo arrastado e o ritmo lento não espantaram o público porque a trilha sonora era muito boa e as imagens eram de uma beleza rara. O clima bucólico dava uma nostalgia até para quem só conhecia prédios.


O que a Globo não conta, é que ela não vai sucumbir ao algoz de outrora (novela Pantanal) à toa. A emissora e o estamento burocrático não conseguiram eleger quem faria o papel de presidente dessa vez. Antes, a “estratégia das tesouras” garantia que o PT e PSDB alternassem no poder. A quebra desse teatro trouxe a mesma instabilidade e revolta que o fim da escravidão gerou nos oligarcas e a quebra do pacto da República do Café com Leite trouxe a Minas Gerais e grupos de interesses.


Atualmente, a Globo é, talvez, o principal grupo de interesse. Antes, o governo federal repassava muito dinheiro; agora, a fonte secou. Resultado: jornalismo militante, todos os programas (exemplos: humor, esportes e programas de auditório) descendo a lenha no governo. O elenco não podia emitir opinião política; agora pode, contra.


A covid-19 arrefeceu, não atrai mais tanto o interesse da população, então o Pantanal será retratado em chamas. Lógico que assim ele está, mas o fato será antropogênico. Não tenho medo de elucubrar: vão politizar o Pantanal.


Com a patrulha do politicamente correto de olho nos limites permitidos, o diretor terá que produzir uma novela menos rústica que a de 1990. Menos, por assim dizer, pantaneira. A produção original era autêntica, roots, porque abusava de machismo (e outros “ismos”), homofobia (e outras “fobias”) e um portfólio extenso de grosserias e insultos, maior que a população de tuiuiús.


O remake têm toda atmosfera para ser uma versão nutella, um Pantanal meio “apartamento da Zona Sul do Rio de Janeiro”, “comercial de margarina”.


O Silvio Santos pode jogar terra no tererê da Globo, exibindo novamente a Pantanal “de raiz”. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.




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