Olimpiadas

 



Não, eu não esqueci de colocar o acento agudo no “i”, nem você cometeu uma silabada trocando proparoxítona por paroxítona. Meus erros de Português sempre são involuntários, mas agora abro uma exceção. A verdade é que transformaram os Jogos em piada.


Tudo estava estranho o suficiente com a pandemia, ausência de plateia, adiamento e ameaça, poucos dias antes do evento, de cancelamento do evento. Já antes da abertura dos Jogos Olímpicos, no futebol feminino, a narradora do SporTV lançou mão da linguagem neutra. A sinalização de virtude finge respeitar opções sexuais, mas é mera lacração e erro (proposital) de português.


Na cerimônia de abertura, muito se falou em igualdade e superação. Quando medalhas começarem a ser disputadas, as duas palavras ganharão seus sentidos do dia a dia. Usain Bolt (atletismo), Escadinha (vôlei) e Nadia Comaneci (ginástica) não teriam sido melhores se buscassem “igualdade”. Jesse Owens (atletismo), Gabrielle Andersen (maratona) e Vanderlei Cordeiro de Lima (maratona) teriam desistido se “superação” só tivesse esse significado lacrador.


A “Olimpíada do igualdade” ficou só no papel, quando um judoca argelino desistiu dos Jogos de Tóquio para não “sujar as mãos” com atleta israelense. O mundo real não aderiu à quarentena nem ao novo normal.


Um atleta cubano do salto triplo resolveu dar um passo em falso para a delegação, mas o maior salto de sua vida e fugiu. Flávio Canto, dedicado e fiel comentarista da Globo, foi reticente no comentário, evitando críticas a Cuba. 


A atleta norte-americana Simone Biles desistiu. Esse ato foi festejado por muitos com palavras como: heroína, ato de coragem e bravura e parabéns. Em uma realidade distorcida, desistência pode ser associada com heroísmo, coragem e bravura. Biles merece congratulações pela dedicação, treino e vitórias, não pela desistência. A postura de enxergar valores no choro, na derrota, na desistência é própria de uma época em que há escolas onde todos têm que marcar gols (ou pontos), os jogos têm que terminar empatados e o último colocado também ganha troféu. 


Já conheci muitas pessoas que choravam, desistiam ou não tinham coragem de enfrentar desafios, mas nenhuma que ganhou uma medalha olímpica. O atleta consegue o que muitos nem imaginam. Essa que é a graça do esporte, essa é a expectativa dos Jogos Olímpicos. 


O pódio é muito desigual porque tem três lugares em alturas diferentes: 1º, 2º e 3º lugares; ouro, prata e bronze.


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