Efeito Streisand

 



Muita gente deve ter ouvido falar do humorista Léo Lins. Ele já tinha ganhado notoriedade tendo seu espetáculo proibido por algumas prefeituras. Porém, a proibição ganhou outra proporção: a repercussão agora é nacional.


Essa proibição que se torna propaganda gratuita chama-se “Streisand Effect”. Referindo-se à cantora Barbra Streisand, quando tentou esconder judicialmente a divulgação da fotografia de sua mansão, gerou o efeito contrário. Pois, Léo Lins, depois da medida judicial, virou debate nacional, unificou espectros políticos diversos e foi “premiado” com mídia gratuita. É bem possível que suas apresentações sejam muito mais concorridas. 


Léo Lins expõe a nata do humor negro. Para a turma do politicamente correto, o próprio gênero de humor já vem eivado de racismo — sei lá — estrutural. O humorista brinca com todas as “minorias”. Detalhe: apenas será atingido pelas piadas, quem for ao show; entretanto, quem vai ao show, é imune ao potencial ofensivo de... palavras. A luta, para quem tem uma dificuldade, é real. Afinal, o humor é a saída de emergência do desespero.


Esse episódio acordou alguns humoristas, curiosamente, adesistas. Nunca combinou alguém vomitando piadas governistas ou, o que também é fácil identificar, aquele que ataca um político, expondo seu espectro político. Humorista legítimo e engraçado é aquele que ridiculariza quem está no poder, aliás, expõe o lado ridículo de qualquer ser humano.


Pois bem, na decisão judicial, foram tantos os indivíduos considerados minorias, portanto defendidos pela proibição, que o espetáculo de “stand up comedy” seria possível apenas com piadas de homem branco velho hétero rico e bolsonarista. Sendo assim, a plateia ficaria restrita a “luloafetivos” que, destituídos de senso de humor, vibrariam com o escarnecimento.


A boa anedota tem que ser inteligente, o que não é o caso, mas, em hipótese alguma, deve ser proibida. Existe, sim, um limite quando começa a ofensa, no entanto a patrulha do politicamente correto encontra brecha para proibir até piada de papagaio. 

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