É fogo!

Foi incrível! Não como Emmanuel Macron tentou, e conseguiu, desviar o foco dos seus problemas (que não são poucos) na França. Ele apontou para um país (Brasil) longínquo e terceiro-mundista, na América do Sul, bem longe da Europa. Mas foi inacreditável a anuência com que parte da imprensa e a totalidade da oposição ao governo da vez comprou esse discursinho oportunista, populista e de pretensa, e falsa, preocupação com o futuro do planeta. É a vocação  atávica para colonizado, perante o colonizador da vez. Em pleno século XXI! Segundo Macron: “(...) a nossa Amazônia “. Deles?

Eu conheço a floresta amazônica assistindo ao Globo Repórter, e me recordo de ter presenciado   outros incêndios por lá. Outros biomas também são reiteradamente castigados: o Cerrado sofre queimadas devastadoras e a Mata Atlântica foi quase toda dizimada. 

Creio que a certeza de não punição encorajou a quem interessasse “limpar” a área com fogo; assim como o  “climão” de pouca, ou nenhuma, leniência com os criminosos fez os índices de assassinatos despencarem e as invasões de terra minguarem. São os efeitos do encorajamento piromaníaco e da dissuasão criminal, respectivamente.

Uma notícia falsa que circulou, foi: “A Amazônia é o pulmão do mundo”. É uma frase impactante, com efeito certeiro. Pega super bem dizer algo assim. Não sei como surgiu isso, porque os pulmões absorvem oxigênio e liberam gás carbônico; as florestas, o contrário. Cabe  à Amazônia a produção de menos de 20% do oxigênio mundial. É muito, porém quase tudo é consumido lá mesmo.

Leonardo DiCaprio, Cristiano Ronaldo, entre outros, demonstrando autoridade e “conhecimento” ambiental, denunciaram o que ocorria nesse “território internacional”. Aí foi um espetáculo de barbaridades. Canguru, girafa, elefante, panda e coala. Atribuíram à nossa floresta tropical animais que aqui só são encontrados em zoológicos ou no Discovery Channel. Tem muito gringo achando, ainda, que a capital do Brasil é Buenos Aires e que aqui tem jacaré, cobra e macaco   nas ruas. Teve, também, fotos antigas e de outras regiões.

Ou o presidente da França acha que a Amazônia é a Amazon ou está ouvindo muito Raul Seixas, acreditando quando o músico cantava: “A Amazônia é o jardim do quintal e o dólar deles paga o nosso mingau”. Como um Napoleão de hospício, Macron surfou na pauta mundial, o ambientalismo. Se no futebol o Brasil tem um “trauma” da França, na geopolítica a história nos ensina que Dom João VI deu um “tomé” napoleônico no ditadorzinho Bonaparte, fugindo de Portugal para o Brasil. Deixou Napoleão, literalmente, a ver navios.

Hoje, a Austrália arde em fogo. O país da Oceania é, por ironia do destino, a terra dos cangurus e coalas. Não são focos de incêndio, são estados inteiros, centenas de milhares de animais e até pessoas consumidos pelo fogo. Greta já escreveu: “Skolstrejk för klimatet”. Agora, sim. Só falta o Macron e um punhado de atores para salvar o Mundo. 






 



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