sexta-feira, 20 de setembro de 2024

A culpa é deles, eles põem em quem quiserem

 


Os governos esquerdistas tentam contabilizar realizações. Justo. Mas fazem isso, mesmo com resultados positivos de terceiros. Com esse comportamento de “puxar a brasa para sua sardinha”, é explicável o desespero para encontrar um responsável pelas queimadas.


A Amazônia, o Pantanal e grande parte do Brasil estão torrando, então, é curioso o sumiço de figuras que sempre disfarçaram os seus interesses (político e financeiro) com a preocupação ambiental. “Artistas” e ambientalistas conseguiram o que queriam, o meio ambiente só foi usado, afinal, segundo o pensamento maquiavélico: “Os fins justificam os meios”.


Ainda que trágico, é um pastelão o desencontro petista para achar alguém ou algo que possivelmente tenha causado os incêndios. Na impossibilidade de continuar culpando Jair Bolsonaro, arriscaram incriminar as mudanças climáticas, o agronegócio, os manifestantes do 7 de Setembro da Avenida Paulista e as fabulosas aves incendiárias. A lista de “culpados” não acabou. Quando as fantásticas aves incendiárias pareciam o máximo da inventividade petista, na ausência de um vilão tão perfeito a ser aniquilado, Gleisi Hoffmann acusou, claro,  Bolsonaro.


Apesar dos prejuízos, do atraso de vida e do blá-blá-blá petista, algum ganho houve: foi o surgimento de um personagem, embora real, com um nome quase inverossímil: a sensacional ave incendiária. O pássaro com um nome magnífico e incrível parece um ser bíblico, mitológico ou um novo inimigo do Homem-aranha.


Logicamente, a origem dos incêndios não pode ser atribuída a nenhum governo, o combate sim. Um dia, criaram, em laboratório ou num estúdio de marqueteiro, a ideia de que o Lula é um bom administrador. Eu não vejo nele nem competência nem confiança para administrar uma barraquinha de camelô. E isto está sendo provado, mais uma vez, agora, quando, em vez de uma atitude eficaz, ele perde tempo montando um sempre inócuo comitê, liberando verbas perdulárias, pedindo ajuda a Deus e culpando alguém ou alguma coisa.



quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Começa assim, depois piora

 


Não fosse suficientemente bizarro Pablo Vittar ser levado a sério como cantora, ele já foi considerado “a Melhor Artista Brasileira”; levou o 13º lugar como a “Mulher mais Sexy do Ano de 2018”; depois foi eleito, vejam só, o “Homem do Ano”; Valesca Popozuda, em questão de prova em escola pública, foi chamada de pensadora; Miriam Leitão é a intelectual do ano. No país onde Lula é “Doutor Honoris Causa” nada pode causar indignação. 


Miriam Leitão é autora dos seguintes textos: “O cenário econômico não é desastroso. Mas também não é muito positivo”; “Ele [Sergio Massa] foi muito bem de fato [no debate à Presidência da Argentina], mas tão bem que isso se virou contra ele”; “Apesar de mais alta, inflação de fevereiro traz boas notícias, na avaliação de analistas”; e “Inflação está baixa, mas população sente o peso dos preços. Entenda a diferença entre os números e a percepção”.


A comentarista de Economia virou meme com o “Selo Miriam Leitão”. A “certidão de autenticidade” é conferida às suas reportagens excessivamente governistas e manchetes tão absurdas que poderiam ser atribuídas à nossa guerreira. Em reportagens extremamente bajuladoras, a ex-terrorista abusa de “duplos twists carpados” semânticos, contorcionismos linguísticos e “sambadyloves”, quase sempre relativizados com um “Entenda” ou uma conjunção adversativa, sobretudo “mas”.


A jornalista da Rede Globo, eleita a “Intelectual do Ano”, não me surpreenderia se recebesse o “fardão” da “Academia Brasileira de Letras”, já que o critério para eleger os imortais está mais, digamos, maleável. 


Quando a mulher do ano não precisa ser mulher, o homem do ano não precisa ser homem, a cantora ou cantor não precisa cantar bem, a “miss” não precisa ser bonita nem mulher, a atleta pode ser o atleta e os jornalistas defendem a censura,  Miriam Leitão, a difusora do “Tá ruim, mas tá bom”,  pode ser intelectual.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Tá rindo de quê?

 


É fácil entender quem chora quando não consegue segurar o choro; quem demonstra nervosismo quando fica nervoso; fica bravo quando está bravo; e ri quando acha graça.


Pelo contrário, é difícil entender Kamala Harris: ela ri o tempo todo. É um mistério o fato de a candidata à Presidência dos Estados Unidos não variar suas expressões faciais de acordo com a situação. Na verdade, isso diz muito mais, porque o riso fácil e constante é a tentativa de esconder algo. E a intensidade é proporcional: sorriso, riso, risada e gargalhada. Kamala varia a intensidade da reação incompatível com situações que provocariam outro tipo de resposta. Por isso, sobretudo, ela gargalha quanto mais espinhosa é a discussão.


O comportamento é forçado e pueril porque revela a tentativa desesperada de esconder uma reação natural, exemplo: perguntar se o adversário está nervoso mostra justamente o contrário.


Os motivos que alegam para votar na candidata são abstratos ou estéticos. Vão de um quase “por que sim” até a sua risada, que parece segurança e bom humor; no entanto, para mim, é a tática escapista para se eximir da responsabilidade desse atual governo desastroso, do qual ela faz parte, ou fugir de questões mais embaraçosas.


A imprensa incondicionalmente democrata (partido) faz a sua parte: tenta normalizar — e equipar com picardia e sagacidade — as gargalhadas da democrata. Com muita ingenuidade, a variação de sorrisinhos enigmáticos da vice-presidente de Joe Biden pode ser atribuída a um modo desconfiado de encarar a vida; entretanto, a total ausência de argumentos explica o “salvo-conduto” e a aura de estratégia que a imprensa tenta impregnar à reação anárquica e infantil. A cara de “eu não ligo mesmo” denúncia a falta de argumentos, e a imprensa, ao invés de denunciar isso, ajuda a emplacar a farsa.


Donald Trump é irritantemente normal: em estado permanente de mau-humor e encarando tudo e todos como inimigos, expressa aborrecimento e ranzinzice. Trump carrega na face a carranca de poucos amigos. E, pelo que parece, não faz a mínima questão de aparentar simpatia. 



segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Pegue o seu banquinho e saia de mansinho

 


Apesar da gravidade da cadeirada que Datena deu em Pablo Marçal, a imprensa deu um jeitinho de enfiar um “mas”. Exemplo: Datena agrediu o adversário, mas Pablo Marçal provocou. Justificar a violência com a provocação é o mesmo que atribuir o estupro às vestimentas da vítima.


É claro que os críticos da velha imprensa ponderaram o viés político do agredido. Como era de direita, a conjunção adversativa ajudou a justificar o ato irracional. Se fosse o contrário, lógico, os personagens teriam outros valores, e Pablo não iria para o hospital, mas para a cadeia.


José Serra, um ex-presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), soube usar sua experiência de agressão para transformar uma bolinha de papel num meteorito. Marçal tomou uma cadeirada de ferro com violência e direção suficientes para causar lesões graves, porém, foi tratada como uma bolinha de papel.


Quanto às ofensas, o candidato do PRTB apenas inovou; isso porque ofensas de vários níveis sempre fizeram parte da política, a diferença é que durante a campanha as provocações não são precedidas de um pronome de tratamento, exemplo “vossa excelência”.


A performance de alguns concorrentes faz o Guilherme Boulos parecer moderado. Aliás, o consórcio (conluio da imprensa) quis, mas Pablo Marçal, que testa o temperamento dos postulantes à — com trocadilhado — cadeira da Prefeitura de São Paulo, estragou tudo.


Bolsonaro e Trump, que também são culpados pelos atentados que sofreram, já escaparam de atentados, com diferentes tipos de armas. Com menos potencial de letalidade, Pablo Marçal sofreu o seu. Não deve ser coincidência, a tentativa de eliminar o concorrente (de direita) é sempre em benefício de um de esquerda. Para quem duvida do viés do Datena: ele tem, em casa, um retrato de Che Guevara. Ou seja, inspiração não falta para “endurecer-se, mas sem perder a ternura jamais”.


Datena tem uma excelente oportunidade para deixar a disputa com alguma desculpa; atitude que já deveria estar convencido na pré-campanha. Somando-se às impressões que levavam a acreditar que o apresentador nunca teve a menor chance de concorrer, está o desequilíbrio emocional.


Apesar do lugar-comum, eu tenho absoluta certeza de que José Luiz Datena não agiu a mando de ninguém. Portanto, é um lobo solitário.




domingo, 15 de setembro de 2024

🔵 Orquestra filarmônica niltoniana da Vila Galvão — O batuque dos corinthianos

 


Esteticamente era bem precário, mas expressava a alegria, talvez a única para muitos. Aquele tipo de “marcha dos excluídos” passava recolhendo os desocupados e maltrapilhos da Vila Galvão.


No fim da rua, o ritmo fora do ritmo anunciava que o nosso carnaval fora de época e de compasso já tinha começado o desfile. O som do batuque aumentava à medida que o bloco se aproximava. O aspecto dos ritmistas sem ritmo, mais a barulheira, sugeriam que se tratava de um destacamento de “Napoleões de Hospício” ou o “Incrível Exército de Brancaleone”.


O maestro daquela orquestra anárquica era o Nílton. De uma maneira inocente, Nílton, o maestro, distribuía os instrumentos de percussão aos moleques com pouco ou nenhum dom para a Música. Suspeito que alguns daqueles pirralhos nem sequer eram “Alvinegros”, portanto, embarcavam no bloco da “bateria nota 10” niltoniana só pelo barulho e para fazer bagunça.


Isso foi num tempo em que os torcedores do Timão eram chamados de “maloqueiro e sofredor”. Pelo estado da molecada, nós éramos merecedores dos adjetivos pejorativos. Hoje, os apelidos são aceitos e foram incorporados; da mesma maneira, os palmeirenses chamam-se de “porco”.


O batuque da Vila Galvão foi uma tradição informal que passava pelas ruas daquele bairro guarulhense nos sábados em que o Corinthians vencia. Não importava se parecêssemos uma tribo, nosso arrastão do bem fazia questão de avisar que estávamos felizes, pois o nosso time havia ganhado.


Poucos devem ter sentido falta, talvez outros até sentiram certo alívio, mas a tradição tácita foi interrompida, Aquela turma nunca mais passou batucando. O Coringão seguiu ganhando jogos. Mas orquestra sem maestro não se apresenta...

sábado, 14 de setembro de 2024

Palavras ao vento

 


Rosângela Lula da Silva bem que tentou levantar a bandeira de defensora das mulheres. Mas esse campo se tornou minado depois que os escândalos viraram assunto de família e de gabinete, e o discurso virou sabão em pó.


Nada como o distanciamento geográfico para promover uma causa inexequível. Então, Janja voltou do Catar com um novo discurso vazio. Como uma “miss”, desejando a paz mundial, a primeira-dama voltou cheia de platitudes.


No país do Oriente Médio, foi submetida a um vídeo enviesado sobre o sofrimento de crianças e mulheres de países em guerra e caiu na armadilha: ficou chocada e emocionada com o que viu e retornou ao Brasil com a mala estourando de opinião. Ela disse que é necessário “repensar a Humanidade”. Isso não quer dizer absolutamente nada, mas pode ser perigoso se o seu marido levá-la a sério. Sentindo-se à vontade no papel de alguém que merece ser escutado com atenção, arriscou misturar “queimadas” com “genocídio”. 


Substituindo Marina Silva, nosso mais novo oráculo a dizer as obviedades do que deve ser feito, fez a seguinte indagação: “Que mundo queremos deixar?” Na mesma linha de “sinalização de virtude”, eu respondo, maravilhado com a Natureza e assustado com o Homem, como quem acabou de assistir ao ‘Globo Repórter. Resposta: Como nos tempos de Adão e Eva.


Rosângela, a Janja, surgiu com um apelido que confunde-se com um nome, por isso, muitos são obrigados a se referir à moça com uma intimidade que não existe, como uma velha amiga da família, ou alguém que entra em casa pela porta da cozinha. No entanto, equipada com uma antipatia que vem de fábrica, absolutamente tudo o que ela fizer vai parecer uma nota de R$ 3,00.


A Janja foi a portadora da narrativa que o sheik do Catar queria espalhar no Ocidente: basicamente, vitimizar os palestinos e demonizar os israelenses. No seu discurso confuso, Janja não mencionou o ataque terrorista sofrido em Israel, bem como as leis rígidas do Catar restritivas às mulheres cataris. Ah, mas por conveniência, ela desistiu de defender as mulheres. Sei...


Sem realizar nenhum trabalho típico das primeiras-damas, malandramente, Janja segue uma hora aqui, outra ali"...

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

S.I.G.L.A.

 


Nos tempos dos “piromaníacos” Ricardo Salles e Jair Bolsonaro, as coisas eram mais simples.  O mundo prestava atenção quando Lula e Marina Silva acusavam o ministro do Meio Ambiente e o presidente da República. Agora, com um Brasil pegando fogo, as causas são quase sobrenaturais, mas nunca humanas. Afinal, eximem-se de responsabilidades quando atribuem as queimadas a quaisquer culpados, quem sabe, até a um mitológico Prometeu ou um histórico Nero.


Mas os petistas conseguiram fazer o meu exagerado mito grego soar verossímil. Dentre as possíveis causas, surgiu a “ave incendiária”. O bicho dotado de super poderes com nome de vilão de filme de super-herói foi o inimigo das florestas, não abstrato, escolhido para herdar a culpa do longínquo governo “bolsonarista”.


Incapaz de tomar uma atitude prática, o governo federal criará um novíssimo “comitê de combate a incêndios”. Além de o nome carregar o peso e a ineficiência do que parece um inócuo e perdulário gabinete estatal burocrático, a palavra “comitê” é assustadora, pois começa a aproximação dos lobistas, bajuladores e oportunistas de sempre, Luiza Helena Trajano, Felipe Neto e Janja, respectivamente.


Esse partido (PT) e seus satélites (PSOL, PCdoB etc) são estrategistas quando criam siglas enormes que escondem a incompetência atrás de uma suposta intelectualidade. 


Exemplo: CIAMP — Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua. Sensacional! Essa turma realmente sabe das coisas. São insuperáveis em não fazer nada, mas nomear os programas sem efeito. São nomes que confundem a cabeça de qualquer cidadão. Dá até vergonha de perguntar para que serve. O nome parece um título de tese de doutorado de uma universidade federal.


Depois das “guerras imperceptíveis, como se estivéssemos lançando nanomíssseis na atmosfera, que alteram as regularidades cósmicas”, vêm aí as aves incendiárias. Agora vai...

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

🔵 Máquina de vendas

 


Como promotor de vendas, entrei no hipermercado como era a minha rotina. Mas aquela loja estava vazia, apenas alguns funcionários garantiam o funcionamento necessário. Acessando o depósito, comecei a decifrar aquele dia estranho. Reunidos no “backstage”, funcionários, colaboradores e chefes se comportavam como uma seita ou religião fanática. Mas eles estavam apenas mimetizando um comportamento americanizado.


Animado, o locutor gritava frases motivacionais e palavras de ordem. A palestra era interrompida por aplausos, “ú-hus” e palavras-chave. A postura sectária dava a impressão de transe coletivo, hipnose e uma triste paisagem de apocalipse zumbi. Pelos filmes aos quais assisti, sabia que isso um dia iria acontecer, e um hipermercado vazio seria o cenário perfeito.


Eu já me preparava para dar o fora dali, quando vi que havia uma mesa cheia de comes e bebes. Isso me fez acompanhar a palestra motivacional. Prestei muita atenção e fiquei imerso naquela celebração coletiva às vendas. Notei que havia algum grau de fanatismo ali. Aquele comportamento estúpido só podia ter sido instalado naquela turma.


Era difícil acreditar que aquelas pessoas, que eu considerava apenas preocupadas em receber um holerite honesto no quinto dia útil, estavam recebendo uma lavagem cerebral e, absortas, disputariam para atingir metas de vendas.


Consciente de que eu não era remunerado para aquilo e de olho na comida, teria que atravessar, atrapalhando e interrompendo o que parecia cada vez mais um culto. 


O hipermercado americano trouxe esse tipo de animação plastificada e imbecilizante a fim de vender alguns produtos a mais. Aquela foi a maneira encontrada de introjetar a frase “o cliente tem sempre razão”. 


O transe coletivo parecia longe de terminar, porém, eu percebi que, igual a mim, alguns participantes daquela ode às vendas também aguardavam a ordem para atacar o coquetel.


Depois da cerimônia, com o espírito renovado, todos foram liberados e, com os ânimos renovados, espalharam-se pela loja. Bem alimentado, fui pegar as pilhas e lanternas para reposição. 











quarta-feira, 11 de setembro de 2024

🔵 Esquadrão Classe A

 


O furgão do ‘Esquadrão Classe A’ já foi um sonho de consumo; hoje, aquela geringonça pareceria um carro de sequestrador ou uma “piruinha” de cachorro-quente; portanto, se eu visse um daqueles, suspeitaria estar diante de um “food truck”.


No entanto, o furgão preto da série estava carregado de veteranos da Guerra do Vietnã. Isso era muito legal! Era o currículo satisfatório que preenchia as exigências de uma década politicamente incorreta. No tempo em que Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Chuck Norris e Jean Claude Van Damme surravam, metralhavam e explodiam de tudo na ‘Sessão da Tarde’, nada poderia assustar mais.


Para quem possuía muito dinheiro e pouca imaginação, havia um portfólio de badulaques feitos de plástico e movidos a pilha anunciados com truques de câmera. De um jeito ou de outro, era possível extrapolar as telas e reconstruir o universo dos mercenários “Boinas Verdes” do Exército americano em Guarulhos.


Sem saber, desde tenra idade estávamos sendo doutrinados à cultura norte-americana, com suas guerras de estimação. Durante a infância, o ‘Forte Apache’ ensinou a dizimar um grande número de índios americanos — genocídio na acepção da palavra. O ‘Esquadrão Classe A’ surgiu para ensinar que quem barbarizou Saigon e Hanói poderia ganhar um bom dinheiro usando sua experiência nas ruas de Los Angeles. E isso viraria brincadeira em Guarulhos!


Tentaram emplacar um “remake” do filme. “Fez água”. Por melhor que sejam a tecnologia e os atores, para sugestionar um novo filme, o antigo, por mais tosco que tenha sido, faz parte de uma idade e de uma época impossíveis de reproduzir. 






terça-feira, 10 de setembro de 2024

🔵 Metamorfose ambulante

 


Eu estava acostumado a testemunhar coisas estranhas que não alteravam a rotina da cidade de São Paulo. Uma vaca na calçada ou a Galinha Pintadinha de asas dadas com uma senhora não roubavam a atenção dos cidadãos paulistanos.


Como eu enxergava elementos que quebravam o mau-humor da Capital, quando via esse tipo de coisa, jamais deixava de abrir um sorriso. Nesse contexto, não estranhei aquele amontoado de sósias do Raul Seixas interrompendo o meu caminho à faculdade.


Àquela noite, a Praça Ramos foi ocupada por uma convenção do “Maluco Beleza”. A quantidade de sósias não me surpreendeu tanto, pois com óculos escuros, barba escondendo o rosto, jaqueta de couro e voz rouca com sotaque baiano, até eu passo como a reencarnação do ídolo. Então, vendo aquelas conversas dos fãs do roqueiro, imaginei as pouco verossímeis experiências esotéricas, bem como alguns falando como se fossem o próprio.


O encontro anual dos idênticos ao doidão me obrigou a achar tudo aquilo normal. Eu pensei que conseguiria abaixar a cabeça e seguir em frente, afinal, eu já havia visto concentrações muito parecidas em encontros de motociclistas. Entretanto, a “fotografia” daquilo era inusitada demais. Por onde eu olhava, havia várias cópias daquele músico.


Raul Seixas é um dos raros casos de idolatria póstuma. Sim, é macabro, mas o velho roqueiro brasileiro juntou mais fãs depois de morto. Seus entusiastas não se contentam em cantar suas músicas; têm que arranhar umas cançõezinhas no violão, usar uma indumentária imortalizada pelo ídolo, cultivar um visual fidedigno, falar com o mesmo timbre e abordar uns papos muito loucos, supondo que o original ainda estivesse nessa onda.


Até acho que a mitologia por trás de Raul permanece e tende a aumentar, porque o próprio está impossibilitado de decepcionar seus seguidores. Mas, como será impossível refutar a minha teoria, vou cometer uma “heresia”: se Raul Seixas estivesse vivo e bem de saúde, gravaria com Luan Santana, faria show com a Anitta e participaria do Especial Roberto Carlos. 


Isso acabaria com as lendas de que “Raulzito” era iniciado em magia, ritos místicos, ocultismo e bruxaria, também acabaria com aquela aura de sociedade secreta, ordens iniciáticas e esotéricas.

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

🔵 Circo Orlando Orfei

 


Tentando relembrar os tempos de criança do interior de São Paulo, aquilo só podia ser uma ideia do meu pai. Como éramos muito novos, ainda podíamos encarar um cirquinho. A inocência infantil me habilitava a achar graça em palhaços “raiz” como a dupla Torresmo e Pururuca. Sem esperar palhaços de nomes com menção gastronômica, fomos ao circo ‘Orlando Orfei’.


Antes da proibição de maus tratos animais, estávamos na expectativa de ver bichos amestrados: macaquinhos andando de bicicleta, elefantes jogando futebol e ursos fazendo ginástica. Mas chegamos muito cedo e testemunhamos o velho Orlando Orfei que tinha acabado de acordar.


Assistir ao dono do circo começando o dia não era um número circense que eu esperava, por isso, aquilo decepcionou quem achava que veria animais amestrados. É fácil deduzir, fazia muito tempo que meu pai não encarava um circo e chegar pela entrada, não por um buraco na lona, certamente contribuiu com o erro.


Eu não queria ver aquilo, estava ansioso para assistir aos animais sendo chicoteados, alguns truques do mágico, os gracejos do palhaço e comer algumas guloseimas de arquibancada. Assistir ao Seu Orlando espreguiçando não era exatamente a apresentação que eu estava esperando. O hábito de ir a um “circo raiz”  nos tornava tão exóticos quanto a atração dos saltimbancos e sua trupe de acrobatas, palhaços e criaturas que foram excluídas da sociedade. 


Eu ainda nem imaginava que o ser humano fosse capaz de realizar acrobacias como as do ‘Cirque du Soleil’ ou do ‘Circo Imperial da China’, portanto, qualquer truque tinha o poder de me impressionar. A Mulher Barbada falsa, um coelho sendo tirado da cartola ou uma pomba branca já me deixariam de olhos arregalados e boca aberta. No entanto, não era à toa que aqueles números sobreviviam há décadas. Menos o inédito número do dono da coisa toda inspecionando o picadeiro.


Aquilo tinha o potencial de acabar com  qualquer ansiedade de ir a um circo, mas eu mal sabia que o pior estava por vir: eu ainda fugiria da Monga (a mulher-macaco feita com truque de espelhos) no Playcenter e iria ao programa do palhaço eletrônico Bozo, que era movido a álcool e drogas.




domingo, 8 de setembro de 2024

Humanos direitos

 


Há muito tempo existe um jogo de cartas chamado ‘Super Trunfo’. Neste jogo, escolhe-se uma característica forte para confrontar com a do adversário, a melhor ganha. Exemplo: na modalidade carros, escolhe-se a velocidade máxima.


Pois, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, encurralado pela acusação de múltiplos assédios a mulheres, sacou a única carta que restava para se esconder atrás de uma Pasta que tem como única razão para existir: a sinalização de virtude.


O “super trunfo” do agora ex-ministro é o racismo. Como se houvesse uma tabela elencando a gravidade dos delitos, Silvio Almeida lançou o argumento identitário difícil de refutar. Ele tentou “perseguição política”, mas, sem efeito. Como não obteve o resultado esperado, tentou abafar as graves denúncias com uma possível culpa original herdada pelo peso da desgastada “dívida histórica”. 


Silvio Almeida nunca levantou suspeitas de ser um predador sexual, ele era criticado pela seleção dos humanos que têm direitos. Seu trabalho seletivo permitiu que arbitrariedades fossem cometidas. Sim, pessoas foram presas de um jeito que só alguém como o ditador venezuelano Nicolás Maduro seria capaz. Avaliando a cor da pele ou o viés ideológico, o ministro dos Direitos Humanos prevaricou.


Desesperado e tentando manter uma aura inimputável, Silvio quis ficar acomodado no mesmo ninho identitarista que sustenta Marina Silva. A ministra do Meio Ambiente vive de ser um símbolo da floresta, assim, exerce todo o seu nulo potencial. Entretanto, alguns enganam a todos, e todos enganam alguns todo o tempo, mas todos não enganam a todos todo o tempo, então Marina deu o azar de as florestas torrarem. Do mesmo modo, “a casa do ministro caiu”.


Como esse governo ostenta as bandeiras contra o racismo e do combate da violência contra a mulher, mesmo que o apoio seja falso, ambas as bandeiras se anularam, portanto, pesaram mais as acusações.


A questão racial é um problema, no entanto, o ex-ministro usa isso para, apesar da idade, se comportar como um café-com-leite (que tudo pode). Precisando de argumento que sustente alguma imputabilidade, ele, tentando jogar uma minoria contra outra, saca o coringa, o ‘Super Trunfo’ ou o zap identitário.

sábado, 7 de setembro de 2024

🔵 Comissão da verdade

 


Bastava uma mentira para eu vampirizar os pagadores de impostos numa futura comissão da verdade. O governo militar já acabou faz tempo, mas muitos vivem de pensão vitalícia. Há aqueles que ficaram sem ter lucrado às custas de quem realmente foi perseguido; mas também há quem romantizou uma simples revista policial como “luta pela democracia”.


Mas eu estraguei tudo. Poderia viver me gabando de ter sido um “Cara-pintada”, mas achei que aquela mega manifestação era só mais um dia sem aula. Minha sinceridade, talvez ingenuidade, encorajou-me a escrever uma crônica confessando a minha motivação banal. No entanto, se eu fingisse eternamente um ímpeto patriótico, o espírito revolucionário, o destemor da juventude, a luta pela democracia e a resistência contra o sistema, eu já poderia “esfregar as mãos” esperando um ressarcimento federal.


Mas eu arruinei tudo. Com apenas 17 anos, eu nunca poderia imaginar que um momento efêmero de alegria e embriaguez juvenil acarretaria um futuro menos heroico. Poderia converter aquele simples “Fora Collor” em uma causa edificante, dessas que dão sentido a uma existência. Lindbergh Farias, apesar de ter se transformado num porco, soube capitalizar o “impeachment” como “líder estudantil”.


Os borrões verdes e amarelos na cara foram o uniforme suficiente para eu me infiltrar entre os manifestantes. O Brasil estava numa efervescência política, talvez estimulado por uma série televisiva, querendo reviver os anos rebeldes.


Naquele tempo, os fantasmas dos Anos de Chumbo ainda rondavam o “berço esplêndido”, de modo que ainda “colava” contar histórias dos “porões da ditadura”, turbinando a significação da própria juventude. Atualmente, ainda encontro viúvas de um tempo que não viveram; são geralmente políticos (nascidos depois da redemocratização) que, colocando-se numa condição inexistente de oprimidos, elegem seus opressores.


Mas eu estraguei tudo, poderia exacerbar um contratempo estatal remoto e monetizar meu vitimismo e viver do “coitadismo”.



🔹 “Pensei que fosse ideologia, mas era investimento”

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Salvem o que for mais conveniente

 Dos mesmos criadores de “Salve Amazônia”, espertamente, chegou a campanha que veio para posarem de quem quer liberar o ativista Paul Watson. Quem sabe, os “artistas” sem público podem enganar também quem pensa que eles querem salvar algumas baleias da Groenlândia.


Lançando mão de uma tática pouco efetiva, a “beautiful people” insiste em comover corações e bolsos apavorados com o bombardeio dos ecoterroristas.  E, lógico, sempre é bom sinalizar um bocadinho de virtude. Como, disfarçado de preocupação ambiental, o intuito é político e financeiro, claro, visando ao lucro, os “artistas” encontraram milhões de motivos e o troco de pedágio ideológico.


Mesmo exaustos e aporrinhados por tanta cobrança, eles não se eximiram da responsabilidade de voltar às redes sociais depois de um sono profundo. Fingindo indignação com o Pantanal e a Amazônia que ardem em chamas, mudaram sua retórica disfarçada de preocupação ambiental para as longínquas águas da Groenlândia.


No entanto, o videozinho ridículo está disponível para os brasileiros. Mas mesmo fingindo que desejam preservar o cetáceo do mar gelado, querem dar veracidade à narrativa de que o Jair Bolsonaro molestou uma baleia. 


Pronto, agora que o incêndio consome nossas florestas, as atenções se voltam para um lugar tão remoto que só a ‘National Geographic’ consegue chegar.


Esse método, que é o oxímoro chamado de “covardia cara-de-pau”, foi executado com precisão cirúrgica pela ex-criança Greta Thunberg. Quando agia por aqui, a menina Greta atravessava mares, oceanos e continentes para reclamar das mazelas que ameaçam a Terra, longe da escandinava e nórdica Suécia. Como já disse Greta: “How dare you!?” (Como ousam!?).


Esses tipos de campanha procuram encher o cidadão de culpa para que eleja alguém preguiçoso e incompetente, mas disposto a irrigar cofres supostamente culturais.


quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Parem de se queimar!

 


Foi decepcionante a espera pela indignação seletiva dos “artistas” com o incêndio dos biomas brasileiros. Já é um clássico das musiquinhas engajadas aquele filminho conhecido pelo refrão “Salve Amazônia”. Logicamente, a vergonhosa canção foi gravada para derrubar o governo federal. Como uma Greta Thunberg, na modalidade “canção”, a proteção da floresta era só uma fachada, o objetivo real era político e, consequentemente, financeiro. 


Para matar a saudade de peças publicitárias “trash”, os mesmos autores de “Lula lá” querem Boulos aí. Eles reapareceram “prometendo” que “Guilherme Boulos será um bom prefeito”. Sei... Dessa vez, surgiram de várias partes. Sim, eles foram recolhidos em vários estados. O que fez o líder do grupo achar que a “dica eleitoral” tem o condão de influenciar o pleito? É um mistério. De outro estado, somente com um precedente infalível, e não é o caso.


Analisando qualquer ajuntamento que apresenta um comportamento de manada, pode-se afirmar que há pessoas que nunca rifariam suas carreiras participando dessas pantomimas manjadas. Provavelmente, alguns nem compartilhem da mesma ideologia, mas é muito difícil falar “não” para o Caetano Veloso. E, como sempre digo, é “obrigatório pagar” o pedágio ideológico. 


No fim, a troca foi justa: nós brindamos essa mistura dismórfica — denominada como “artistas”,  numa simplificação —, mas não com o voto. Afinal, decidir votar em um candidato porque o filho da candidata a vice pediu é o mesmo que escolher o voto num panfleto sorteado do chão.


O filho da Marta Suplicy termina o clipe cantando um constrangedor “jingle”. Numa leitura básica da linguagem corporal, é fácil ver, a obra eleitoreira gera uma incerteza no intérprete. Mas é de filho para mãe.


Os “artistas” comoveram zero pessoas fingindo que defendiam a Amazônia, a causa era falsa, portanto, escondia os inconfessáveis motivos. Agora, além de um dos “artistas” estar na campanha em defesa da mãe, não consegui decifrar o interesse de gente de outros estados lutarem para eleger alguém em São Paulo. Não entendi...




quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Fogo no parquinho

 


Pablo Marçal chutou o pau da barraca nos debates, entrevistas e sabatinas. Nos debates, todos entraram na “pilha” dele  e foram desestabilizados. Marina Helena não foi convidada para quase todos os encontros, e foi essa a maior sorte dela, mesmo sendo respeitada e poupada da anarquia do candidato do PRTB.


Marçal é o Coringa (Batman) que está “botando fogo no parquinho”. Desmoralizando jornalistas e adversários, ele usa a força de quem vem para destruí-lo, invertendo o alvo. Exemplo: no programa Roda Viva, ele corrigiu uma jornalista, que era apenas mais uma dos que queriam destruí-lo: “Só uma coisa, é ‘cidadãos’”. Assim, Marçal atingiu uma das principais feridas de qualquer jornalista: o Português que deveria ser impecável. Mas ele também tem alguns “calcanhares de Aquiles” (assuntos espinhosos).


Ao que parece, o “peerretebista” reuniu todo o glossário e símbolos que atraem votos (da direita e alguns da esquerda). O sotaque “capiau” carregado e a postura de moleque enganam. Como prefeito, é uma incógnita; para uso pessoal, a técnica de comunicação e persuasão é infalível. 


Datena resolveu imitar o Datena. Sem um teleprompter (aparelho que exibe o texto a ser lido), abusa de maneirismos que parecem gagueira. Desse modo, segundo pude entender, suas propostas são: “Da da da da da, be be bé e mi mi mi mi. Quando é possível penetrar na sua linha de raciocínio, traduz-se narrações de enchentes, problemas da cidade que “as autoridades têm que resolver” e blábláblá.


Tabata Amaral, a ”boniteza” e a voz de Sandy da garota não enganam, é a candidata mais nova a exercer a velha política, é a nova geração do Centrão. Como uma milagrosa reencarnação da Simone Tebet, seu futuro é herdar um ministério do PT. Sua principal estratégia para desmoralizar a “bola da vez” —  no caso, Marçal — é puxar a lei mais obscura da Capital e deixá-lo sem resposta. É a chamada pegadinha. Esperta! 


Ricardo Nunes é o “Picolé de Chuchu” municipal. Ele é só uma fachada com um verniz de passividade escondendo uma tribo de caciques políticos. Nunes é o “carro abre-alas”.


Principal vítima do “Coringa”, Guilherme Boulos veio fantasiado com sua “pele de cordeiro” na versão vencedora “Paz e Amor”. É sempre divertido e libertador assistir ao Marçal acabando com a farsa.


A eleição de São Paulo só atraiu a atenção do restante do País porque contém um sujeito anárquico, que não leva esse “circo democrático” que é qualquer disputa eleitoral brasileira. A diferença é que esse certame também mata, mas mata de rir.

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Livros para entender o Brasil

 


Simão Bacamarte foi um médico/cientista renomado e respeitado pela sociedade de Itaguaí, Rio de Janeiro. No conto ‘O Alienista’, de Machado de Assis, o médico comandava um sanatório. Internou quem ele julgou como louco. No entanto, seu método de avaliação era um tanto quanto anárquico, aleatório, segundo suas suspeitas muito, digamos, subjetivas. Em rodízio, foi prendendo todos da cidade. Conclusão: acabou se diagnosticando como louco e prendeu a si mesmo.


Devido à semelhança e comparação entre Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), e Simão Bacamarte, do conto ‘O Alienista’, vou me referir ao ministro por este segundo nome. Conforme é observável, a semelhança talvez seja também patológica, extrapolando os devaneios literários do famoso escritor brasileiro.


Pois bem, depois da decisão “bacamartiana” de banir o X (ex-Twitter) e o VPN (aplicativo para fingir que o acesso é por outro país), curiosamente proliferaram os acessos estrangeiros. Dada a origem da “lúcida” decisão e logicamente o temor em descumpri-la, podemos supor que só pode ter havido um êxodo populacional. Tipo uma corrente migratória.


Houve uma enxurrada de tuítes supostamente enviados do exterior. Dentre os países, Portugal e Uruguai; o PT (Partido dos Trabalhadores) e até o próprio STF descumpriram a decisão. De repente, a imprensa emitiu tuítes (X) do exterior, lógico, atribuído a autoria a correspondentes internacionais.


O Simão Bacamarte da vida real, igual o da ficção, está construindo sua própria distopia. O fim também será parecido com o da literatura machadiana. Entretanto, não é necessário forçar na analogia literária para explicar a atual situação brasileira: Tudo começou como ‘O Processo, Franz Kafka; passou por ‘1984’, George Orwell; e desembocará em ‘O Alienista’, Machado de Assis.

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

“Azevedou”

 


O jornalista Reinaldo Azevedo mudou. Na revista Veja, ele se destacava; quando criou o excelente ‘Os pingos nos is’ na Jovem Pan, eu migrei para o canal. Ele tinha opiniões peremptórias, justas e claras. Falava o que o brasileiro honesto tinha vontade de dizer e percebia essa conexão nas ruas. A operação “Lava Jato” descobria depois o que Reinaldo falava, e vice-versa.


Porém, a “Lava Jato” chegou nos segredos do jornalista. Quando interceptaram a ligação da imprensa com a política aconteceu a mágica: de repente, Reinaldo Azevedo virou a notícia e mudou. A afirmação propositalmente quer dizer que o ex-apresentador não mudou de opinião, mas, sabe-se lá o porquê, simplesmente mudou.


Para esse comportamento, o verbo adequado é o neologismo “azevedou”. O verbo é pejorativo, mas também é uma vergonhosa “homenagem” a quaisquer mudanças bruscas e inexplicáveis de opinião. O filme ‘O Poderoso Chefão’ mostra que uma “proposta irrecusável” pode ter sido feita.


Mudar de ideia é comum, pode ser até saudável, sinal de que houve alguma reflexão. Entretanto, essa guinada de 180°, esse “duplo twist carpado”, esse contorcionismo, esse “sambarilove” quer ser malandro, mas só sinaliza que, na mente do Reinaldo Azevedo, acontece uma dissonância cognitiva, na qual ele sabe que diz algo diferente da verdade.


Sobretudo jornalistas, mas em diversas áreas “azevedaram”. O que explica economistas e “farialimers” (neologismo que adjetiva os financistas da avenida Faria Lima em São Paulo) apoiarem Lula, que trocaria Paulo Guedes por Haddad. Isso só pode ser por interesses financeiros pessoais e intransferíveis.


Em resumo, qualquer debate ou opinião, quando com rabo preso, segue o caminho pavimentado e sinalizado por interesses particulares. E uma maneira de terceirizar esses anseios é a ameaça que “azeveda”.

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