domingo, 15 de setembro de 2024

🔵 Orquestra filarmônica niltoniana da Vila Galvão — O batuque dos corinthianos

 


Esteticamente era bem precário, mas expressava a alegria, talvez a única para muitos. Aquele tipo de “marcha dos excluídos” passava recolhendo os desocupados e maltrapilhos da Vila Galvão.


No fim da rua, o ritmo fora do ritmo anunciava que o nosso carnaval fora de época e de compasso já tinha começado o desfile. O som do batuque aumentava à medida que o bloco se aproximava. O aspecto dos ritmistas sem ritmo, mais a barulheira, sugeriam que se tratava de um destacamento de “Napoleões de Hospício” ou o “Incrível Exército de Brancaleone”.


O maestro daquela orquestra anárquica era o Nílton. De uma maneira inocente, Nílton, o maestro, distribuía os instrumentos de percussão aos moleques com pouco ou nenhum dom para a Música. Suspeito que alguns daqueles pirralhos nem sequer eram “Alvinegros”, portanto, embarcavam no bloco da “bateria nota 10” niltoniana só pelo barulho e para fazer bagunça.


Isso foi num tempo em que os torcedores do Timão eram chamados de “maloqueiro e sofredor”. Pelo estado da molecada, nós éramos merecedores dos adjetivos pejorativos. Hoje, os apelidos são aceitos e foram incorporados; da mesma maneira, os palmeirenses chamam-se de “porco”.


O batuque da Vila Galvão foi uma tradição informal que passava pelas ruas daquele bairro guarulhense nos sábados em que o Corinthians vencia. Não importava se parecêssemos uma tribo, nosso arrastão do bem fazia questão de avisar que estávamos felizes, pois o nosso time havia ganhado.


Poucos devem ter sentido falta, talvez outros até sentiram certo alívio, mas a tradição tácita foi interrompida, Aquela turma nunca mais passou batucando. O Coringão seguiu ganhando jogos. Mas orquestra sem maestro não se apresenta...

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