A mocinha e o bandido


O antigo secretário da Cultura foi mandado embora, depois daquela pantomina que ele armou, numa inspiradíssima referência a Goebbels. Regina Duarte assumiu a bomba. Sim, a bomba ou qualquer sinônimo que faça referência a algo difícil. Antes da assunção do cargo, digo mais, antes de ser convidada, começaram os ataques. As críticas vieram de todos os lados, mas teve um sujeito que pegou pesado.

José de Abreu extrapolou, demonstrando que as divergências não são só políticas, de visão de   mundo ou de diretrizes para a Cultura, mas pessoais. Ele ofendeu e insinuou coisas. O ator parecia ter chegado no limite, quando cuspiu em uma mulher, mas a grosseria dele não tem limites.

Eu não sou a pessoa apropriada para falar a respeito de novelas. Não vejo e não gosto. Mas a política é uma novela, e as duas estão muito juntas. Do pouco que sei, Regina Duarte sempre foi protagonista, José de Abreu, secundário. O cara interpreta cafajestes, bandidos e tudo o que há de pior nessas tramas. Nada contra representar essas personagens; seriam, até, traços de um bom ator. Acontece que Zé de Abreu provou ser o que ele interpreta. Quando ele ganha o papel, não precisa fazer “laboratório”, basta consultar seu próprio diário. O diretor só precisa dizer: Zé, seja você.

Eu não tenho a mínima ideia se a Regina Duarte vai fazer uma boa gestão. Muitas pessoas acham que não, mas dizem isso de forma nada virulenta, ao contrário do canastrão.

Nesse barulho todo, as feministas e os “feministos” ficaram quietos. Esse movimento feminista de “um e noventa e nove”, que gosta de não fazer nada no MASP, é uma farsa. Essas “feminazis” não lutam pela causa das mulheres, mas de algumas mulheres. Depende do espectro político. Quando a vítima é alinhada, tem viés ou, declaradamente, é de direita, podem ofender a vontade.  Macho tóxico, potencial estuprador, misógino, o algoz não é nada disso. A coisa é política. Para  elas, o que importa são os fins, não os meios.

José de Abreu está do mesmo lado que essas feministas, por isso pode ofender, insinuar coisas e até bater em uma mulher, desde que ela seja de direita. O silêncio da Globo é “ensurdecedor”. Emissora que finge ser do bem, emudece às vezes.


O ator diz que vai mudar para a Nova Zelândia. Se a distância é uma boa notícia, pela impossibilidade da sua presença física; a má notícia é o Twitter, que nos aproxima de suas ideias. 

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