Máquina Pública


A coisa passou do limite, agora não tem mais volta. O episódio protagonizado por Cid Gomes exigiu um malabarismo retórico, para dizer que o que estávamos vendo não estava acontecendo, e a verdade era o que queriam que a gente acreditasse.

O cara veio com uma retroescavadeira, para, literalmente, tratorar os policiais. Os PMs do Ceará estão errados, por diversos motivos, mas o absurdo está na atitude atribulada do senador. Quando Cid Gomes, mostrando que não estava pra brincadeira, avançou com sua retroescavadeira democrática, de maneira republicana, para restabelecer o Estado Democrático de Direito e amparado pela Constituição (dele), derrubou os portões do quartel, foi atingido por dois tiros.

Os tiros foram para neutralizar um ensandecido Cid Gomes, que vinha pilotando uma máquina, a qual não possuía habilitação para guiar. Provavelmente, o pouco que sabia era para posar, em alguma campanha, como tocador de obras. Imperícia somada a iniquidade, desatino, loucura, desequilíbrio emocional e populismo. Não podia acabar bem.

O ex-governador do Ceará, ex-prefeito de Sobral-CE, ex-deputado estadual, ex-ministro da Educação e atual senador licenciado deu um ultimato, através de um autoritário megafone. Estava na “capitania hereditária” de sua família, falou como “coroné”, agiu como “cangaceiro”. Tava na cara que o embate PM X Gomes (Sobral-CE) só podia acabar ruim. O método Nicolás Maduro, de resolver crises, é ineficaz e cruel.

A Imprensa noticiou o fato, como se a retroescavadeira não tivesse sido usada como uma arma. Usaram eufemismos para edulcorar a ação de “El Cid”, transformando isso num ato heróico, suprimindo a máquina mortífera da cena ou fazendo-a parecer de plástico.

Os irmãos cara-de-pau ou irmãos Gomes (Ciro e Cid) mandam e desmandam em Sobral. Eles são a síntese do que há de mais arcaico no Brasil, a tradução do “você sabe com quem está falando?” ou “quem você pensa que é? Dessa vez teve antagonismo ao invés do tradicional beija-mão. Dificilmente a coisa ficará assim, vem retaliação por aí. 

Em 2022, provavelmente, Ciro Gomes será candidato à Presidência da República. Eterno postulante a esse cargo, ele é craque em, com gestos e assertividade, gargantear soluções fáceis para problemas difíceis e vomitar índices e estatísticas falsas, que só um economista atento pode refutá-lo. A verborragia pseudodemocrata de Ciro não resiste ao YouTube.

Chico Buarque temia que o Brasil se transformasse num imenso Portugal. Hoje, o perigo é o País tornar-se uma imensa Sobral.


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