Mau-humor é chato


Se tem uma coisa que não fica muito bem é comediante engajado politicamente. Não é a pessoa sem bandeira, é a mistura entre piada e posição ideológica. O pior é a lacração.

Ano passado, Gustavo Mendes, comediante famoso por enaltecer Dilma Rousseff, interpretando sua Dilma, pegou “pilha”, numa apresentação. Disfarçado de “presidenta” e fazendo militância disfarçada de anedota, criticou Bolsonaro. Criticar, tudo bem. O comediante é o bobo da corte (no bom sentido) atual. Seu objetivo (e o que esperamos dele) é apontar a falha e criticar os poderosos. Mas quando a crítica é, perceptivelmente, mera militância e, mais grave, sem graça, o suposto humor gera revolta.

No começo de Março, Márvio Lúcio, o Carioca, foi ao Palácio do Planalto, vestido de “Bolsonabo”, uma paródia do presidente, igualmente refratário à imprensa. Ele foi fazer algumas micagens e uma entrevista descontraída, para a Record. O Carioca é muito bom, mas fez um humor, digamos, “chapa-branca”. Os jornalistas não acharam nenhuma graça. Os repórteres não perceberam, mas eles faziam parte da piada, querendo emparedar o presidente com um PIB abaixo do esperado. De repente, salta do carro oficial o falso mandatário, pronto a responder e distribuindo bananas (literalmente). 

Na minha opinião,  o melhor humorista é o Fábio Rabin. Do stand-up comedy, ele barbariza o Bolsonaro e o ex-presid... Lula. Quem for ao teatro, esperando a exaltação do seu político de estimação, irá embora muito nervoso. É esse o papel dos humoristas. O Rabin, de cara limpa, é anárquico com inteligência e presença de espírito. O resultado é risada, não a raiva.


O bom humorista começa o show rindo de si mesmo, coisa que só faz quem tem segurança e autoestima boa, aí ele saca sua metralhadora giratória e, simplesmente, zoa com tudo e todos. O humorista mal-humorado é chato.

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