Show do Guru ⚫️


João de Deus (me livre), como o louva-a-deus, tinha uma estratégia de camuflagem. De aparência benévola, fingia ser “do bem” e, como o inseto, identificava a presa e surgia o predador voraz, revelando que a aparência carola e o nome abençoado eram só subterfúgios. Abadiânia, Goiás, onde ele dava consultas, virou uma cidade fantasma. A cidade, antes lotada, ficou às moscas com o fim do negócio. Hotéis e congêneres, restaurantes e comércio em geral fecharam com o fim da atração.

Sri Prem Baba (Janderson Fernandes de Oliveira), o bicho-grilo dos artistas, na verdade era um bicho-papão. Ele é o típico doidão que se entupiu de ácido e outros estupefacientes. Uma hora aqui, outra ali, viajando (em todos os sentidos) por lugares exóticos, seguindo vários outros falsos profetas, achou uma forma de locupletar-se disso. Os ricos e famosos, claro, compraram essa ideia. Ele foi seguido cegamente, por celebridades, políticos e empresários. A casa caiu, quando descobriram que o caminho pavimentado, para ele, levava ao sexo (tântrico, para não sair do esoterismo) e dinheiro.

Rajneesh Chandra Mohan Jain, nascido Chandra Mohan Jain, também conhecido como Acharya Rajneesh, o mestre Bhagwan Shree Rajneesh ou, simplesmente, Osho, foi um controverso e arquetípico guru indiano.

Os seguidores do guru indiano compraram um rancho (64 km2) no estado do Oregon, em 1981.  Aliás, para ser seguidor era necessário bem mais que um clique. A cidade de Antelope, Oregon, até então bem pacata, tornou-se a terra prometida de uma turma de hippies. Acabara o sossego, numa cidade de rednecks (caipiras) muito conservadores, do tipo que vota em republicanos, ostenta a bandeira dos EUA na frente da casa e sai da sua propriedade com um rifle à menor aproximação de estranhos. Com um contingente majoritário, e até bioterrorismo, essa sociedade alternativa tentou influenciar a política da pequena cidade.

Tony Robbins é um mix de pastor, personal trainer e coach. Suas, acho que, palestras são uma mistura de culto evangélico, aula de aeróbica e palestra motivacional. O espetáculo é muito bem produzido. O termo “produzido” não é à toa, esses eventos são milimetricamente calculados. Tony escolhe um indivíduo claramente perturbado psiquicamente -o que não é difícil, pois os que ali estão pagaram caro pela consulta coletiva. Em seguida, da maneira mais constrangedora possível, ele faz a vítima, digo, o paciente expor seus mais recônditos bloqueios emocionais, perante uma multidão. O astro/guru, usando uma ultrapassada técnica de cartomante do Viaduto do Chá, diz algumas platitudes -típicas de livro de autoajuda de rodoviária. No final, a presa, digo, o paciente faz uma expressão de quem se libertou de todos os males que o afligiam, ou seja, teve a tão esperada purificação espiritual, uma música animada sobe. Eis o ápice.


O guru da vez é o coach. Essa figura, mistura de líder espiritual e empreendedor de palco, ensina vendedores gananciosos, fazendo-os pagar alguns micos ou apenas orienta fiéis. Os coachs sabem vender livros de autoajuda e palestras. E você sai de lá gritando “ú-hú”.

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