Counter Strike

 



O que leva alguém, ao contrário dos refugiados, a se voluntariar para combater numa guerra que não é sua — pior, que o lado aparentemente inocente está fadado a perdê-la? Excesso de realidade virtual, muito videogame (no qual sempre há mais que uma vida), uma visão romântica do documentário “Winter on Fire ou a busca de sentido na vida — para quem não tem nada a perder, tanto faz entrar pro Estado Islâmico, entrar na Legião Estrangeira ou se alistar num exército qualquer. Têm também os motivos mais esportivos, querendo provar os limites: supondo que a guerra é uma tipo de “CrossFit”, esporte radical, “reality show” ou treinamento do BOPE.


Somente são exibidas entrevistas com heróis de guerra, dificilmente sequer é mostrado um hospital de mutilados. Muitos dos mortos não têm nem a “sorte” de ser levados a um hospital e são atirados numa vala comum. Na realidade a guerra só é romântica nos filmes e a coragem dura até o primeiro disparo de arma de fogo em sua direção.


As guerras mundiais começam por um fato colateral. Motivações quase banais envolveram o restante do mundo nas primeira e segunda grandes guerras. Este conflito está praticamente “a um tapa na cara” (hipérbole) de virar uma terceira guerra mundial.


O que está acontecendo na Ucrânia é muito diferente do que vemos num telejornal qualquer. Refugiados cantando, tocando violino, piano ou o Ocidente iluminando monumentos com as cores da Ucrânia ou cantando “Imagine” são imagens poéticas, mas não dissuadem Vladimir Putin do seu nefasto objetivo.


Filmes romantizaram e mais de 70 anos afastaram os reais efeitos de uma guerra. Parece que têm pessoas que acreditam que homens/exército, indestrutíveis como Rambo, realmente existem e, querendo encarar um “Counter Strike” da vida real, se voluntariam esquecendo-se que podem não passar da primeira fase.

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