O eleito

 




Grande parte da imprensa já havia eleito Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, o “herói da resistência. Seguindo a velha tática “Big Brother Brasil”, o papel de vilão ficou com Vladimir Putin (por razões óbvias); bastou a Zelensky existir para a velha imprensa impor o roteiro da guerra e começar a “construir” aquele que cumpriria o papel de herói na narrativa ensaiada.


A revista Caras de Portugal, inconformada com seu papel quase inútil na cobertura de uma guerra, estampou (na capa) o primeiro casal da Ucrânia no estilo “o  presidente e a primeira-dama são flagrados curtindo o friozinho de Campos do Jordão”. A dupla ucraniana ganhou o texto (na capa da revista) de: “ A resistência. 


Demonstrando falta de qualquer empatia ou “timing”, os dois foram retratados com sorrisos e poses de subcelebridades. Justiça seja feita, não se sabe quando foi feita a fotografia do casal alegre.


Volodymyr Zelensky, o comediante, demonstra alto poder de comunicação. Diferentemente do seu poderio bélico, o presidente da Ucrânia atua com desenvoltura quando câmeras, refletores e microfones são ligados. Figura midiática, ele lida visivelmente à vontade entre tudo que registra imagens e frases de efeito; ao contrário, o presidente russo se sente confortável cercado por pólvora, projéteis e fardamento militar.


Enquanto a imprensa cuida de como Zelensky será “vendido” ao mundo, eu imagino Vladimir Putin numa sala do alto comando militar, reunido com generais, decidindo qual será a próxima manobra bélica. O ex-KGB não deve ter se espantado em ter sido classificado como o vilão do conflito; o comediante, pelo contrário, deve ter ficado muito surpreendido quando acordou “eleito” o herói sem ter nenhum feito heroico na invasão. Tanto Putin quanto Zelensky precisam fazer muito pouco para serem colocados em seus respectivos lugares no “viés de confirmação”.


Movimento Brasil Livre (MBL), voluntários ocidentais e “consórcio” de “des”informação (velha imprensa) acreditam ou tentam nos fazer crer que a guerra é uma balada da Vila Madalena, um jogo de videogame ou um protesto (Winter on Fire) em que tentam resolver tudo cantando “Imagine”, tocando piano ou violino, respectivamente. Somente o distanciamento da realidade explica tamanha romantização da guerra.


Quem vê Caras não vê coração.

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