MPB é só música. Ou não


 


Lula desembarcou na China ao som de Ivan Lins. É assustador uma trilha sonora anunciar “um novo tempo” justamente quando Lula, que foi “coroado” recentemente, flerta com ditaduras. Como Fernando Gabeira e Educação Jorge confessaram: a luta contra a ditadura não era pela democracia, era pela ditadura do proletariado.


Eu gosto das músicas de Ivan Lins, Chico Buarque, Caetano Veloso etc. Prestar atenção na melodia, harmonia e arranjo, ou seja, na parte musical sempre me ajudou a ignorar mensagens políticas. Da mesma forma, sempre encarei mensagens cifradas, com o intuito de “driblar” a censura, como letras de relacionamentos, exaltação à natureza e outros temas abstratos. Sei que esta maneira de encarar a realidade parece ingênua, mas sempre foi um modo de enfrentar os fatos olhando para o para-brisa ao invés do retrovisor.


Infelizmente, é uma hipocrisia assistir de camarote a quem dizia “lutar” contra ditaduras e censura. A cultura “woke” expôs a pauta identitária (antirracismo, homofobia, misoginia, machismo etc) como mera demonstração de virtude. Na prática, o monopólio dessas, e outras, bandeiras foi sequestrado por um espectro político — não preciso dizer qual. Resumindo: a perseguição é implacável. Não importa o que se fala, o que importa é quem fala.


Ivan Lins nunca me decepcionou, isso só aconteceria se ele fosse um bolsonarista. Seria uma “virada de casaca” digna de um legítimo traidor. Porém, eu nunca seria tão inocente, aguardando uma postura diferente de quem exaltou  a Nicarágua do ditador Daniel Ortega.


Os artistas que gosto entregam excelente música, contudo, quando sai um discurso político, vem, quase como venda casada, uma baboseira embalada com um “portunhol” terceiro-mundista de “Che Guevara de apartamento.


Os compositores, músicos, cantores e grupos que gosto devem ser quase todos esquerdistas. Se houver mais exceções, não tiveram coragem de expor a real. Entretanto, continuarei ouvindo, mesmo que, ao invés de chamarem a polícia, eles chamem o ladrão; mesmo que o novo tempo deles seja outra ditadura.


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