Eles estão entre nós

 

Outro dia, vi algumas entrevistas. De modo “artesanal”, a repórter conservadora saiu em campo, com a liberdade e isenção típicas de quem não carrega uma pauta amarrada a verbas públicas e patrocínios estatais.


Pois bem, a entrevistadora caçou algumas pessoas num local estratégico: debaixo do MASP (avenida Paulista). Os jovens faziam parte, claramente, da “linha de produção” da doutrinação escolar. Dentre os transeuntes interpelados, uma garota me chamou a atenção. Visivelmente uma garota “do bem”, portanto, num processo ainda em andamento de lavagem cerebral; ela, a cada resposta, demonstrava uma ansiedade típica de quem tenta lembrar a resposta decorada para a prova de Geografia.


Olhando para o alto e agitado as mãos, ela expunha suas diretrizes sobre drogas, violência e aborto. Seu discurso era eivado de lugares-comuns, donde se conclui que ela era cheia de opinião que não era dela. 


Por ser uma menina legal, tomara que ela só esteja exercitando para responder o que os professores desejam, ou seja, trata-se de uma alma que ainda pode ser salva do pensamento sectário.


Quando perguntados sobre a liberação das drogas, os entrevistados sacavam o tal “racismo estrutural”. Tentando afastar algum rastro de racismo, portanto, sinalizando uma virtude, esses neófitos no debate sociológico, agindo como robozinhos teleguiados, agem com um racismo assombroso, próprio de quem acha que conhece o mundo através das lentes do ‘Globo Repórter’. Associar qualquer etnia ao consumo de drogas é racismo na veia. Repetidores de discursos pré-fabricados, eles não percebem isso.


A nova geração afastou aquela pecha de que o conservador/direitista era seu avô pregando “como eram bons aqueles anos de governo militar”. Nikolas Ferreira, que provou sua popularidade no meio estudantil, está mostrando que essa ideologia é adotada por um moleque (no bom sentido) que traz uma leveza e liberdade de quem pensa por si. E não é escravo de um mentor ideológico e que tem que dizer amém ao “grande líder”.


Precisava nascer uma geração pós briga de ditaduras. Eles estão aí.



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