A fé move montanhas de votos

 



Está aberta a temporada de frequência aos templos religiosos por políticos. Em duas oportunidades, qualquer um apela pra Deus, mesmo não acreditando. Marcelo Freixo (PSB), postulante ao governo do Rio de Janeiro, largou na frente. O candidatíssimo foi “flagrado” rezando em uma igreja. A incompatibilidade está no fato dele ser a favor do aborto, da liberação das drogas, defende a bandidagem e é contra a polícia. Mesmo assim, Freixo carregou um fotógrafo para retratá-lo no melhor estilo “homem de fé” ou “Freixo paz e amor”. É do jogo.


A pose do político foi fotografada no momento exato e o resultado é muito representativo: olhos fechados, mãos unidas e o número do candidato — talvez o mais importante. O clique só seria perfeito se caísse um raio divino, o personagem entrasse em combustão expontânea ou ele fosse atacado por uma nuvem de gafanhotos bíblica.


Abraçar crianças, ir a um templo religioso, passear por uma feira livre, comer salgado e beber um cafezinho num bar são atividades quase obrigatórias em ano de eleições. A Trabalhosa tentativa de parecer “gente da gente” pode render alguns votos ou muitas vaias.


“Graças a Deus”, o primeiro turno acontecerá antes do Dia de Aparecida, assim seremos poupados da “romaria” de candidatos (ateus e carolas) à Basílica. 


Fernando Haddad e Manuela D’Ávila também escaparam de ser atingidos por um castigo digno de ilustrar o Antigo Testamento quando, crendo que seria bom para a campanha à Presidência da República de 2018, resolveram assistir a uma missa e saborear uma deliciosa hóstia. Por votos cristãos, caminhariam sobre as águas, curariam os enfermos, multiplicariam os pães e, para comemorar a vitória, transformariam água em vinho. 


Esse fenômeno, se autêntico fosse, seria interpretado, pelo Padre Antonio Maria, como milagre, arrebatamento ou epifania. Certamente, Padre Quevedo, se vivo fosse, desmascararia a fraude. Definitivamente, mesmo detectando que “isso é uma mentira”, diria que tudo isso é charlatanismo ou parapsicologia. Contudo, os políticos, quando vão a uma igreja, só pensam em colher votos,  não a Salvação, embora precisem.


Em tempo: qualquer um reza quando seu avião está caindo e em ano de eleição. 


Obs: utilizei uma linguagem comum ao referir-me a liturgias e dogmas católicos, para realçar a hipocrisia de ateus. 






Postagens mais visitadas deste blog

Inseto Insípido - Letra: Rafael da Silva Claro (1996) ▪️

Canetada

Operação gambiarra