Não seja leviano, candidato!

 



Ninguém senta no sofá esperando ouvir as propostas dos candidatos. Debate programático é um desastre: chuva de picanha, zerar o SPC... Sabendo que os políticos apenas repetem o que os marqueteiros ensaiam, o público espera duelos verbais. Desde que não haja ofensa familiar, alguém gaguejando ou sem resposta define um debate.


Paulo Maluf, Leonel Brizola, Jânio Quadros, Franco Montoro, Orestes Quércia etc. Embates históricos, nos quais prevalecia a inteligência, mesmo com a intenção de destruir o adversário. Apesar de ficar óbvio que a rivalidade já era apenas diante das câmeras, portanto falsa, o diferencial era a cultura e a inteligência. O objetivo, aparente, dos debates é escolhermos gestores eficientes, aí a tarefa é subjetiva e difícil. Na verdade, todos querem um bom entretenimento no final do dia. Uma rinha entre humanos.


Os confrontos verbais são onde fica mais patético e claro o “teatro das tesouras”. Patético, quando vemos os candidatos fingindo e quase rindo quando “obrigados” a encenar um antagonismo. Claro, quando, contrariando o “teatro”, se unem para atacar um concorrente. 


O neologismo “tucanopetismo” define bem essa união fingindo lados opostos. Lula e Alckmin juntos ilustram completamente esta realidade. Nessa ilusão, o Brasil seguia as máximas: “Brasil, o país do futebol”, “Deus é brasileiro” e “Brasil, o país do futuro”, frases que funcionam como uma cenoura inalcançável na frente do burro.


Os debates de hoje são enfadonhos porque são demorados. São enfadonhos e demorados porque abrem espaço para um monte de franco atiradores que, não tendo nenhuma chance, unem-se para atacar o adversário do “establishment”. Além de tudo, há um vazio cultural e faltam bons oradores para prender a atenção. Resultado: como um péssimo jogo de futebol, um debate político merece, no máximo, os “melhores momentos”.


No momento das perguntas de jornalistas, que é quando se espera a manifestação de vida inteligente, assistimos atuações promíscuas de vaidade e militância. Quando os jornalistas, somando com a inépcia, tentam ser mais relevantes que os candidatos. Perde o debate e perde o Jornalismo. A prova mais contundente disso é a grandiloquência com que a ‘Band’ joga confete em si mesma por sempre abrir a temporada de debates. 





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