Funcionário do Mês

 



O comediante Paulo Vieira foi incumbido de alegrar a turma da Globo. Não precisava muito, quem estava no programa do Luciano Huck, teria que gargalhar. Isso fazia parte do trabalho. Não podemos esperar outra reação dos funcionários, onde os premiados como “Melhores do Ano” são apenas funcionários da casa. É, basicamente, uma festa de fim de ano da firma.


O piadista escolheu um repertório sob medida para agradar os chefes e, consequentemente, a trupe global, que, “acima da espinha dorsal ereta” (caráter), tem o instinto de sobrevivência de manter o emprego. É compreensível.


Paulo Vieira atendeu a claque — que, prudentemente, ria antes do início da piada. Porém, o humor televisivo está muito fraco. Os humoristas eram provocativos, sem freios e anárquicos. No entanto, hoje eles são panfletários, autocontrolados e procuram agradar ao patrão — agradar é muito diferente de fazer rir.


O humorista reuniu, como por encomenda, temas que, sem erro, agradariam: falar mal do Luciano Hang (Véio da Havan) e dos Patriotas, que acampam nas frentes dos quartéis por não aceitarem ser roubados. Na mosca! Embora previsíveis, ele arrancou risos cenográficos e aplausos entusiasmados de Luciano Huck, Fábio Porchat, Dira Paes, Marcos Palmeira, o jornalista William Bonner e grande elenco,


Tudo, é claro, não passou de uma piada. No entanto, o humorista soube selecionar os chistes que seriam aprovados pela direção e ganharam a reação esperada dos colegas. Escravo das amarras do politicamente correto e atento à política de “compliance ESG” (conformidade com o meio-ambiente, o social e o gerenciamento sustentável) da empresa, ele não ousou contar piadas ofensivas à “tchurma” e que pudessem lhe custar o emprego.

 

E assim foi mais um domingo na Globo: repleto de “Melhores do Ano” que se comportam como “Funcionários do Mês”.


Obs: engraçada ou não, é apenas uma piada. Entretanto, o humorista ganhou uma lupa ideológica. Depois da reação dos que não acharam graça na pilhéria (pelo contrário, sentiram-se ofendidos), Paulo Vieira “pegou pilha” e começou a ofender quem pensa diferente. Aí não.

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