Policial não é gente?

 






A forma como Lula fala com as plateias é eficaz; o conteúdo, por sua vez, revela que ele desenvolve um raciocínio fraco. Na forma, ele envolve o ouvinte com comparações e metáforas futebolísticas, insiste em lembrar dos tempos de pobreza e fome — como se fossem recentes, quando, de fato, são remotas. Esse sofisma aproxima os ouvintes mais distraídos; o conteúdo entrega toda a farsa. Se esforçando para puxar votos como se não houvesse amanhã, o velho sofista dá um tiro no pé — como um “sniper” à queima-roupa,


Quando Lula resolveu ser Lula, sem os truques do marqueteiro, escaparam verdades inconfessáveis: controle das mídias e pró-aborto. Recentemente, numa fala infeliz (porém sincera), o ex-presidente disse sobre Bolsonaro: “não gosta de gente, mas de policial”. Com declarações como esta, o líder do PT passará as eleições se explicando e se desculpando.


“Sincericíos” não são novidades entre políticos. Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente, “escreveu na rocha” que quem se aposenta antes dos 50 anos é vagabundo. FHC tentou se explicar, mas colou que ele chamou todos os aposentados de vagabundos.


Marta Suplicy, quando foi prefeita de São Paulo, também sofreu um curto-circuito entre o que pensou e o que disse. Metida num modelito com a cara dos Jardins (região nobre da Capital), a madame se arriscou na periferia paulistana. Para quem perdeu tudo na inundação, ela recomendou: “relaxa e goza”. Assim, a ex-petista enterrou sua chance de reeleição.


Lembrando e acrescentando, Lula se comunica a uma turma que odeia agentes de segurança pública. Em discurso, muito à vontade, soltou: “Bolsonaro não gosta de gente, ele gosta de policial”. Vendo que a frase pegou muito mal e fatalmente custaria muitos votos, ele aproveitou a primeira oportunidade e pediu desculpas.


Falas desastrosas são o resultado da dissonância cognitiva, ou seja, a verbalização daquilo que o político realmente acredita, mas não convém ser dito. A rapidez do que o político pensa e o que ele fala não permite a mudança, gerando o revelador ato falho.


Desse modo, fica: FHC chama aposentados de vagabundos, Marta Suplicy não é empática e é fútil e Lula pensa que policial não é gente. Esse raciocínio gruda na imagem do político e resume ser pensamento rasteiro ou, no mínimo, sua inabilidade para enganar.

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