Corinthians - Série B (a arte de cair para cima) 🔵

 




Não seria um domingo qualquer. Apesar de eu ir a um jogo de futebol, não era uma partida normal e eu assistiria num local diferente. O Corinthians poderia ser rebaixado de divisão e eu torceria para que isso não ocorresse. Fui ao Parque São Jorge, clube do Corinthians.


Desci do ônibus na Estação Carrão e fui andando até o clube. Confiante, comprei um bandeirão na rua São Jorge.


O  espaço armado para a torcida era estrategicamente localizado ao lado da lanchonete. Havia mais gente do que eu esperava e, surpreendentemente, uma turminha da temida torcida uniformizada. O clima geral era bom e a expectativa, muito positiva. Alguns repórteres e fotógrafos esperavam, como sempre, entrevistar algum corintiano revoltado ou em prantos. Isso, provavelmente, venderia muitos jornais, revistas e renderia matérias icônicas. Seria uma boa aparecer na televisão, mas nunca nessa situação.


O Timão, em 2007, tinha uma equipe que não fazia jus ao apelido. Além de estar jogando muito mal, dependíamos de outro jogo. As garrafas de cerveja foram esvaziando, o álcool correndo no sangue da galera, os semblantes de preocupação se instalando, algumas unhas sendo roídas e os jornalistas se preparando para uma longa jornada de trabalho.


Final Grêmio 1 X 1 Corinthians e Goiás 1 X 0 Internacional. Caiu para a Segunda Divisão! Série B! Rebaixado! Isto não estava previsto para aquele 2 de dezembro. Mas o clima de incredulidade impedia a movimentação, exceto dos repórteres. Até voar a primeira cadeira. O clima de indignação tomou conta. Detalhe: a equipe e comissão técnica estavam muito longe (Porto Alegre) para a torcida descontar toda a sua fúria. O que havia ali ao lado: sala da diretoria, sala de troféus etc.


Ao primeiro sinal, a revolta foi geral. Como o clube era o único objeto “danificável” que representasse a revolta corintiana por perto, em pouco tempo a rua São Jorge, 777 estava lotada de “corintiano, maloqueiro e sofredor (graças a Deus)” e policiais. 


Os jornalistas estavam à caça de uma imagem de alguém chorando, xingando ou quebrando tudo. Conclui que não seria uma boa sair na capa do Lance com a legenda: Vive um drama! Tampouco me orgulharia ser reconhecido como o “cara do Globo Esporte”. Me afastei de tudo aquilo. 


Eu até que demorei para sair do pior lugar para estar naquele momento: a representação do fracasso futebolístico, o clube. Para piorar, o bandeirão ficou com essa “marca”, além de ter caído o preço majorado pela esperança.

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