Aquele que tudo vê

 



Chico Vigilante, deputado petista, sugeriu bustos de Alexandre de Moraes em praças do Brasil. Esta sugestão virou manchete. Entretanto, foi a maior demonstração pública e desavergonhada de bajulação ou retribuição de favor. Um neologismo se aplica melhor a essa infeliz ideia: “puxasaquice”.


Coincidentemente, “Xande” foi exaltado pelo deputado petista como merecedor do monumento, depois que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) foi elevado à presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Lá, “Xande” conseguiu emplacar o seu projeto de vida: o “Lava Lula. 


Chico Vigilante apareceu com um esclarecedor segundo nome. Vigilante pode ser, sem erro,   interpretado pela distopia orwelliana ‘1984’, pelo regime comunista e ditaduras como a stalinista. Para estes paralelos, nada mais adequado como uma homenagem personalista que simboliza aquele “que tudo vê”. A única certeza de um monumento como esse, é sua derrubada.


Alexandre de Moraes vem cumprindo a “cartilha do tirano”:  vigiando, prendendo, cancelando e perseguindo quem declara algo que o desagrade. Ele vem censurando, desmonetizando, calando etc quem irrita-o com publicações contrárias a seu objetivo: reescrever a História.


A “xandecracia” extrapola a perseguição do TSE além do período eleitoral. A cena começou errada: uma posse que remeteu-nos ao que deve ter sido a coroação de um imperador. No final de tudo (ou não), foi celebrada a rápida apuração dos votos. Mais rápido, somente nas ditaduras, nas quais é comum se saber do resultado antes mesmo do início do processo. Entendi, o objetivo nunca foi transparência, foi ligeireza. Tudo como num crime perfeito.


Um busto ou uma estátua era o que faltava para ilustrar o grau de tirania do ministro. Medidas mais evidentes de homenagem impopular e inútil só mesmo “nome de logradouro público” ou “dia de alguma coisa”, como “o dia da sanfona”.


A História mostra que o destino das representações de poder acabam representando a queda de um poder. Isso é muito simbólico.

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