No dia seguinte...

 



Amanheceu chovendo muito! Mas ainda não caiu nem acém do céu. Prometeram um Brasil pacificado, despolarizado e democrático. Não é isso que estou vendo e, pelo jeito, isso não vai acontecer.


Apesar de tudo, deram um jeitinho brasileiro nas eleições. Bolsonaro recebeu discursos cheios de rancor, ameaças de morte e xingamentos (inclusive charlatão e canibal!). Com o esgotamento do dicionário de impropérios, restará chamá-lo de feio, bobo e cara de melão. Tudo e todos contra, por quê? Como o Lula venceu, nós veremos quem se beneficiou e quem ficará com o ônus; afinal, não é todo mundo que pode se refugiar em Paris. 


Mesmo assim, é assustador que o discurso anacrônico de “pai dos pobres” ainda “encante serpentes”. As promessas vazias de “ser feliz” e “chuva de picanha” soem como música, em vez de “teto de gastos”, “Independência do Banco Central”ou “responsabilidade fiscal”. O PT (Partido dos Trabalhadores), inteligentemente, relegou estes “palavrões” a coisa de “neoliberal”.


Mas quem votou num ladrão “chavequeiro” deliberadamente, sendo bem esclarecido, perdeu a vergonha. Essa queda pelo discurso fácil equivale a vender a alma pro coisa-ruim. Isso porque tem uma turminha que faz o “L” pra pagar pedágio para a “intelligentsia” ou por interesses muito particulares. Reitero: para muita gente, é mais importante o motoboy trazer uma pizza na porta de casa, do que a transposição do Rio São Francisco.


A grande dúvida é: será que o Lula vai parar de ameaçar o País? O velho caudilho sul-americano poderá, um dia, se aposentar como um exótico mandatário terceiro-mundista subserviente às agendas do Hemisfério Norte e dono de ideias ultrapassadas?


Olhando pra frente, ficou contente quem sabe a importância dos números, da obra embaixo da terra, do saneamento básico, ou seja, do que traz maiores resultados a longo prazo. Mirando o retrovisor, ficou triste quem esperava chuva de picanha, democracia, pacificação e felicidade. Eu sei, essas promessas abstratas e irreais foram tentadoras e renderam muitos votos. Como diria Dilma: quem perdeu, ganhou.


Em São Paulo, o Tarcísio Gomes de Freitas “pavimentou” os adversários. Estes vieram com um papinho xenofóbico de exigir, em vez de competência, certidão de nascimento. Num paroxismo da apelação, o estado foi “defendido” como uma jurisdição do Velho Oeste, com falas preconceituosas. Exemplos: “Aqui não” e “Forasteiro”.


Essas eleições não acabaram. Tradicionalmente, vem aí o “terceiro turno”, e a polarização veio para ficar. Teremos uma divisão muito parecida com a divisão dos EUA, e o PSDB pode reencontrar-se nessa dicotomia. Lula não poderá embolsar R$ 1.00, sob pena de lembrarem sua vida pregressa.


Feliz Dia das Bruxas.

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