O hábito não faz o monge

 



O clérigo parece recortado de um episódio do ‘South Park’. Apesar de coadjuvante nos debates, ele não se contentou com o papel secundário e ganhou o protagonismo. O “Cabo Daciolo” da vez foi escalado para fazer uma “tabelinha” com o presidente Jair Bolsonaro, de  troco está tornando as disputas mais divertidas.


Soraya Thronicke teve uma excelente sacada quando chamou o Padre Kelmon de “padre de festa junina”. No entanto, ela deveria ter guardado a tirada, esquecendo-se que corria o risco de ofender, de fato, um padre. Soraya foi mal assessorada. Confundiram maquiagem ameaçadora, cara de poucos amigos, postura arrogante e falta de educação com mulher forte. Errou. Nem apelar para “mulher que vira onça” surtiu efeito. “Colar” na popularidade da novela ‘Pantanal’ revelou a estratégia de quem vampirizou a “onda Bolsonaro” para garantir uma cadeira no Senado em 2018.


O que aconteceu? Alguns candidatos, inadvertidamente, ofenderam um sacerdote (mesmo que folclórico), desperdiçando os dividendos eleitorais angariados junto à comunidade cristã. Fazendo um paralelo às festas juninas, lembradas por Soraya: faltou apontar o integrante da quadrilha. 


A presença do sacerdote foi conveniente à eleição que é considerada “uma guerra espiritual”. Guerra espiritual, além da guerra cultural, porque valores morais estão em xeque perante ideias macabras. Entretanto, havia um padre no meu do caminho.


A irrelevância de Simone Tebet, Soraya Thronicke e Luiz Felipe d’Avila foi ofuscada pela assertividade de um padre ortodoxo que, diante da resistência de Tebet em confessar seus pecados, exorcizou os enfadonhos debates. Definitivamente, o Padre Kelmon veio para confundir, não para explicar.


Enviado à Terra por Deus e ao debate por Roberto Jefferson, o padre petebista desestabilizou vários participantes do certame (alguns já torcem pelo Lula), inclusive o apresentador (que até absolveu Lula), políticos (que torcem desesperadamente pelo Lula), jornalistas (que, mesmo fingindo isenção, sempre torceram pelo Lula) e, certamente, amigos (que torciam, sempre à disposição) pelo Lula.


Estatística é a arte de torturar os números até que eles digam o que você quer. E no debate da Globo não foi diferente. Assim, segundo Soraya, o Brasil abriga 130 milhões de órtãos, blábláblá...


Padre Kelmon não precisou nem de água benta, nem alho, bastou uma cruz pendurada no pescoço para exaltar ânimos e libertar almas atormentadas. 


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