Sai Pedrinho Matador, entra Sérgio Cabral

 




Sérgio Cabral foi solto e resolveu criar um perfil no ‘Instagram’. Se “instagramer” não for sinônimo de “influenciador”, menos mau.


Estamos assistindo a um processo explícito de reabilitação política. Apesar de ter confessado e sido preso, o ex-governador vestiu a máscara do arrependimento, ou até a ausência de culpa, contando com o efeito Lula. Símbolo do contragolpe à ‘Lava Jato’, Cabral quer voltar aos tempos da ‘Farra dos Guardanapos’.


Condenado a mais de 400 anos de prisão, em sua conta no ‘Instagram’ postou vídeos: indicando literatura antirracista (acertando na tendência sinalizadora de virtude) e malhando (errando ao propagandear uma reabilitação diferente da cobrada).


“Paradoxo do destino” não é título de novela da ‘Record’, mas foi o que aconteceu com Pedrinho Matador. Mataram o célebre matador.


Matando (trocadilho) a curiosidade que alguém com esse nome gera, ele virou ‘youtuber”. Queira Deus que ele nunca seja um “influenciador”. O fato é que Pedrinho dava conselhos para a juventude. Temor inevitável: sabe-se lá quais conselhos vinham de alguém com esse nome. 


No entanto, Pedrinho mudou o cognome. No ‘Youtube’, ele aceitou ser chamado de “Pedrinho Ex-matador”. Como é fácil deduzir, o processo que “batizou-o é irreversível. Portanto, o novo cognome não colou.


O senhor de fala mansa assustava mais que o seu nome, quando descrevia, como se fossem banais, os seus crimes. Exemplos: jogou o corpo do seu primo em um moedor de cana (sem, digamos, sucesso) e mastigou o coração do seu pai. Porém, ninguém pode ousar dizer que está mais seguro e tranquilo quando sabe que está solto um matador que matou um sujeito com o cognome “Matador”.


Agora, ele ficou famoso. E ficará mais! Um filme e um documentário devem ser lançados contando a sua (dele) história. Espera-se que a narrativa não siga a linha “bandidólatra” (idolatria de bandidos), que enxerga os criminosos como “vítimas da sociedade”. Esta visão “rousseauniana” trata o criminoso como um “Robin Hood moderno”.


Em recente entrevista, Cabral, todo bonzinho, disse que “de uma gota fizeram um oceano”. Pode ter sido a “gota d’água”.


Se continuarmos a errar nas referências (ou, literalmente, influenciadores), nós é que estaremos condenados.

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