🔵 Baixo Augusta, fundo do poço

 




Eu realmente não sabia que aquela região (da Rua Augusta) era conhecida como Baixo Augusta. Isso dá a impressão que aquela “quebrada” pertencia a uma espécie de grupo ou “tribo”. A gente só queria fazer um “esquenta” para ir na “Fun House”, porém os “piercings” estrategicamente exibidos, as tatuagens bacaninhas e os cabelos coloridos davam exatamente a impressão de estarmos invadindo um espaço hostil pertencente a uma tribo pouco amigável.


A “Fun House” foi um templo do “rock indie”. Funcionava numa residência da rua Bela Cintra. Foi lá que eu determinei o fim das baladas daquele tipo. Do alto dos meus 32 anos, parei e observei aquela “criançada” na casa dos vinte e poucos anos de idade. Era triste admitir, havia chegado o final de uma “belle époque” particular: me senti o “tiozão” da festa.


Voltando à rua Augusta, foi lá que fomos submetidos a um enquadro “monstro”. Encontramos um barzinho legal: rock, bilhar e cerveja gelada, porém uma frequência “alternativa”. Como o “esquenta” seria rápido, entramos e nos diluímos na “festa estranha com gente esquisita”. Tudo estaria sob controle, se ali não fosse um ponto “manjado” pela polícia.


Como numa pesca de arrasto, fomos capturados como uma fauna acompanhante. Entre náufragos, traficantes e degredados, fomos convidados a compor uma gigante fila (em posição de revista). Após breve conversa (e tirocínio), um policial sabia que não pertencíamos àquela realidade, então fomos dispensados da “geral”


Num outro sábado a noite, no “prafrentex” Baixo Augusta, numa atitude quase masoquista, fomos beber cerveja barata. Masoquista porque não havia como negar: destoávamos daquela multidão “tchaptchura” (moderninha) e sentirmo-nos “tiozões na balada”. 


Olhando para cima, naquele bar do enquadro histórico, vários jovens (em posição de revista) aguardavam a procura minuciosa de entorpecentes. Realmente, eu recebera o sinal dos lugares que deveriam ser evitados. Desses lugares, o Baixo Augusta era o fundo do poço.

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