🔵 O mundo estranho de Jacko

 




Era meio constrangedor dizer aos meus amigos roqueiros que eu iria ao show do Michael Jackson. Tudo bem, o Jacko é bem estranho: possui um zoológico e um parque de diversões em sua residência, mantém hábitos estranhos, cultiva amizades infantis e é acusado de ter cometido alguns crimes. Entretanto o cara é talentoso e é o ídolo da minha infância. Afinal, eu ía à apresentação do “Rei do Pop” ou do sujeito esquisito?


1993, Estádio do Morumbi, marquei de encontrar minhas amigas no “gol” oposto ao palco. Só depois notei que a minha ideia foi insana. Como a administração retira as traves do campo, seria impossível executar o meu plano. Pronto, agora a “Dangerous World Tour” acabaria com a minha “gincana”. Talvez encontrasse as traves jogadas em algum depósito poeirento do Morumbi. Somente nas minhas expectativas o “gol” estaria em campo.


Espetáculo fantástico, inesquecível, porém não é o cerne desta crônica. Entretanto, era a hora do, talvez impossível, encontro.


No fim do espetáculo, dirigi-me ao tal ponto de encontro. Para minha surpresa e alívio, o “gol” não havia sido retirado. Escalei a trave e aguardei sentado no travessão. Por alguns minutos, o tempo parou e parecia não existir mais nada. Imaginei a perspectiva que sempre tive, daquela trave, da arquibancada. De repente eu estava lá “onde a coruja faz o ninho”. Vendo as pessoas saindo. Do alto, eu me senti soberano no Estádio do Morumbi. Só voltei à realidade quando avistei as minhas amigas. Quando elas atingiram a meta (em ambos os sentidos), saltei do objeto que eu sempre vi como o objetivo do Corinthians e da seleção brasileira.


Em 2009, Michael Jackson não aguentou, depois de tantos acontecimentos e perseguições, sucumbiu. Após sua morte, aquele show ganhou mais ainda ares de exclusividade e evento que ficou perdido no tempo. 


Ainda, o assunto divide opiniões. É farto o número de material do louco e do artista. Até hoje não sei se fui ao show de um doente mental ou de um gênio. Talvez os dois!




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