🔵 Fecham-se os portões

 



O Corinthians estava com seu estádio em Itaquera quase pronto. O próximo jogo seria contra o Flamengo, adversário que nunca pude assistir porque não consegui entrar nesse mesmo estádio. Comprei o ingresso com antecedência, para evitar ficar de fora mais uma vez. O último jogo no Pacaembu, como mandante, antes do estádio próprio, seria contra a equipe carioca.


Durante o caminho e o jogo relembrei cada local, dentro e fora do estádio, onde assisti a vários jogos: arquibancada, numerada, tobogã, geral, alambrado, portões e morro. O morro era um terreno baldio onde se via algo como um sexto do campo. Coisa de corintiano (maloqueiro e sofredor). Além disso, entrei no gramado (em show de rock), conheci o Museu do Futebol e algumas partes internas do complexo esportivo.


Cenas tristes: porradas, bombas, sirenes, brigas de torcidas, tentativas de (e) invasão de campo e o saque do produto de um vendedor de amendoins (“de um lado esse carnaval, do outro a fome total...”).


Lembrei das pessoas que foram àquele campo comigo: pai, irmã, tio, primo, sobrinhos, namorada e amigos. Ali, Ronaldo Fenômeno fez um ‘hat trick’ (3 gols), a Gaviões da Fiel derrubou o portão do alambrado numa derrota, o Corinthians empatou, perdeu e ganhou.


O Pacaembu foi palco do último jogo de muitos jogadores e torcedores, literalmente. Aquele Corinthians 2 X 0 Flamengo foi o meu último jogo. Atualmente, vejo a destruição do Tobogã com a mesma tristeza, e até melancolia, de quem lembrava a antiga Concha Acústica do Pacaembu dos anos 40 como se fosse extirpado um pedaço de sua história. Faz parte.


O final  da partida já havia sido há uns 30 minutos, o Pacaembu já estava fazendo eco e dava pra escutar os últimos jornalistas e funcionários do Estádio. Esperei até quase o fechamento dos portões. Quando vi a Gaviões da Fiel evadindo-se cantando Saudosa Maloca, de Adoniran Barbosa, calculei que era chegado o momento, saltei da cadeira e saí...


“... saudosa maloca, maloca querida

Que din donde nós passemos dias feliz de nossa vida...”

   (Adoniran Barbosa)

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