🔵 Rock in rio

 



Rumo a São Paulo para o show dos Rolling Stones, no Pacaembu, e voltar, depois de uma hora e meia de viagem, para pegar os ingressos esquecidos instigou, dando a impressão que eu também esquecera algo. Mas eu não iria, já estava resignado.


Em Guarulhos, instigado pela expectativa da apresentação da banda e exibição dos respectivos bilhetes, não pensei duas vezes quando surgiu uma entrada para ver o show. O ingresso parecia dizer: me possua. Como não vivi os loucos anos sessenta, o cartão falando só poderia ser ilusão de óptica. Portanto, mesmo de cara limpa, eu seria seu novo dono. 


Chegando no Pacaembu, não nos espantamos com várias figuras no estilo “Hell’s Angels”, mas, logo vimos, estávamos num concerto de rock para um público mais, digamos, maduro. Como nós, havia um público jovem que parecia ter se perdido dos pais ou se enganado de show. Não teve como vivermos uma tarde sem a sensação de pertencer ao fã clube da Sandy & Junior. Mas isso durou pouco, afinal, minhas credenciais eram Guns ‘n Roses, Nirvana etc.


As apresentações de abertura foram a contento, mas a chuva incessante frustrou a “partida da locomotiva”, se é que vocês me entendem — apesar de não me interessar pelo assunto, eu fiz essa observação. Entretanto, como o prato principal era a música do grupo inglês, nem sequer uma tromba d’água interromperia o sonho. Contudo, depois do espetáculo, à noite, parou de chover, e a cidade ficou iluminada. Para muitos, o momento histórico só ficaria completo iluminado por “leds” alucinógenos. E assim foi feito.


Fui assistir aos Rolling Stones com meus amigos, mas minha irmã ficou incumbida de infiltrar uma bolsa com fundo falso. O estratagema escondeu uma inocente câmera fotográfica antiga. Numa época anterior aos celulares com câmera, tínhamos que pôr em prática um esquema de alta espionagem para registrar uma cena do espetáculo. 


Tudo era antigo: a câmera fotográfica com filme de rolo, o trólebus “soviético” que pegamos na Rua Augusta e a banda, que está até hoje em atividade.



“Os sonhos não envelhecem”

(Milton Nascimento/Lô Borges/Márcio Borges)







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