domingo, 11 de agosto de 2024

🔵 Do carburador à injeção eletrônica

 


Talvez eu gostasse mais de carros que quando eu assistia à ‘Feira Livre do Automóvel’, só para acompanhar meu pai que talvez fosse trocar sua Volkswagen Variant por algum daqueles carrinhos. Minha pouquíssima idade poderia sugerir que eu restringisse minha paixão aos carrinhos de ferro e plástico, brinquedos em geral. Mas isso foi substituído pela Ferrari, Mercedes etc. Cansado de ver, na televisão e nas ruas, Brasília, Fusca, Fiat 147, Passat, Kombi etc, comecei a ler revistas ‘4 Rodas’ usadas. Esse era o modo de eu decifrar o Escort e o Kadett. 


Em 1990, aconteceu o ‘Salão do Automóvel’ depois que o presidente, Fernando Collor de Mello, disse que aqui só tinha carroça e abriu o mercado. Resultado: quem só tinha visto “carroças”, teria a oportunidade de ver Ferrari, Mercedes e alguns protótipos. Num típico programa de pai e filho, meu pai, provavelmente a contragosto, encarou um ‘Parque de Exposições do Anhembi’ lotado.


Devido à lotação, o passeio se resumiu ao acumulo de panfletos e revistas que nunca li. Pacientemente, meu pai acompanhava o meu entusiasmo infantil com veículos que eu nunca tinha visto nas ruas e provavelmente jamais guiaria. 


Passados sete anos, tive que me contentar com meu Gol 86. Um carro que já estava rodando quando eu estava vendo Ferrari e Mercedes na exposição do Anhembi. No entanto, meu golzinho bege a álcool enfrentava as ruas precárias, buracos e quebra-molas do Brasil.


Depois de tanto tempo, me convenci de que naquela tarde de 1990 meu pai fez alguns sacrifícios: ele fingiu entusiasmo com lançamentos automobilísticos bestas; contemplou carros que não trafegariam por ruas brasileiras como a Variant, o Fusca e a Pampa conseguiam; e enfrentou intermináveis filas para comer, para ir ao banheiro, ganhar brindes e filas sem saber pra quê. Demorei algumas décadas para calcular a importância disso...


Automóveis que eu jamais dirigiria, não ficaria nem no banco do passageiro nem sequer embarcaria.

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