quarta-feira, 28 de agosto de 2024

🔵 Nem velozes nem furiosos

 


Aquela abertura de CHIP’s era realmente empolgante. Ao som de uma “big band”, eu observava dois policiais motociclistas cortando uma rodovia. 


Revendo um episódio dessa série, é fácil entender porque a abertura de cada capítulo era imperdível: a musiquinha, a apresentação do elenco: “Com Larry Wilcox, Erik Estrada. Também estrelando Robert Pine”. Bem como o anúncio da dubladora: “Versão brasileira BKS”.


A estética era duvidosa: o elenco setentista espantava quem estivesse à procura de filmes de aventura, já que a trupe parecia a sobra dos atores de ‘Os embalos de sábado à noite’. Como se tratava de um filme policial, numa tradução literal, os bandidos abusavam de gírias de estúdio. Exemplos: foras-da-lei, malfeitores e facínoras chamavam os homens da lei de “tiras”.


O enlatado americano era um seriado clássico que retratava dois policiais rodoviários, sendo que um era mais certinho, e o outro rebelde e mulherengo. Assim, não tinha como não se identificar com algum personagem, mesmo porque as perseguições, embora hoje pareçam inocentes, roubavam a atenção do espectador.


Recentemente, refilmaram. Mas a tentação “lacradora”, a “obrigação” de pagar o pedágio ideológico, bem como a impossibilidade de reproduzir a magia que apenas a combinação da época e a pouca idade é capaz, frustrou as expectativas. Realmente, há hábitos que só fazem algum sentido em outros tempos, portanto, eu digo com absoluta convicção: eu era feliz e sabia muito bem disso.


Já era hora de interromper minha audiência quando eu queria começar a patrulhar as ruas do meu bairro de bicicleta, usando a roupinha do CHIP’s. Meu amigo tinha o kit dos “tiras” americanos, inclusive o capacete, mas não foi contemplado pela natureza da autoridade necessária para manter a lei e a ordem nas ruas da Vila Galvão.


Controlando o ímpeto infantil, desistimos de fundar uma filial da California Highway Patrol e repetir os códigos das viaturas “7 Mary 3” e “7 Mary 4”. Isso nos livrou da esquizofrenia e de um merecido “bullying”.

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