sexta-feira, 2 de agosto de 2024

🔵 Pensamento sideral

 O automóvel parou para eu entrar. Como já havia duas pessoas na frente, eu me acomodei no banco traseiro. O carro partiu e começou a ultrapassar todos os outros. Como se houvesse um congestionamento, em zigue-zague fomos avançando. No meu carro, um casal. No banco do passageiro, uma mulher conversava comigo e tentava me acalmar. Mas acalmar do quê?


Acordei e recordei do sonho que ainda me permitia relembrá-lo, antes de dissipar-se. No entanto, o acontecimento onírico estava vivo na memória, portanto não causava mais o receio de esquecê-lo. Mas eu precisava de uma leitura fiel, então, na falta de um profeta bíblico, eu mesmo tive que interpretar o que poderia ser uma mensagem cifrada. E executei esse serviço da maneira mais rasteira e amadora possível.


Todo aquele misticismo dava um certo charme à minha noite agitada. Entretanto, aquele sortilégio me pertencia e eu tinha a obrigação de elucidar aquele enigma conforme as minhas conveniências. Portanto, eu “daria corda” àquelas imagens mentais.


Cansei-me de ficar olhando pro teto do quarto procurando algum significado para o meu presságio. Desprezei pensamentos que envolviam mortes, acidentes e outras desgraças. Como um horóscopo de jornalzinho de bairro, só aceitei os prognósticos que me beneficiassem.


Me esforcei para decodificar os “flashes” que contavam uma história inverossímil. Contudo, aquele aviso era óbvio demais, então, encerrei o meu joguinho de adivinhação e passei a reconstituir aquele filminho mental. 


Durante dias, eu tentei organizar e encontrar algum sentido nos “sinais metafísicos”. Como aprendi a ficar atento a recados heterodoxos, o andamento do concurso não me permitiu chegar a conclusão diferente. Meu fenômeno noturno só poderia prever o futuro. 


Desse modo, tratei de adaptar a mensagem onírica à minha realidade: aquele sonho só podia estar querendo me acalmar da ansiedade do concurso público. E foi isso que me deixou mais tranquilo. E essa é a minha verdade até hoje.

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